domingo, 17 de agosto de 2008

17 de agosto 2008 - Solenidade da Assunção da Virgem Maria



Neste dia em que comemoramos a Assunção de Maria aos Céus, trago para você um texto do Padre Marcel Domergue, jesuíta francês, a respeito do significado deste dogma. Muitas pessoas se dizem contrárias à religião católica exatamente por causa dos dogmas, porque acham muito difícil de acreditar no que eles representam. Mas nem se dão ao trabalho de tentar entender o que vem a ser o dogma. E nós? Será que nós sabemos o que significa esta palavra de origem grega? Para entendermos a real importância do dogma da Assunção de Maria, precisamos entender o que é um dogma de fé.

Os dogmas são as verdades da nossa fé, ou seja, tudo aquilo em que nós, católicos, acreditamos e professamos como verdade revelada por Deus.

Na base de tudo está a nossa crença em que Cristo fundou a sua Igreja sobre Pedro e seus sucessores, e a ela confiou a missão de transmitir fielmente seus ensinamentos, prometendo-lhe sua assistência infalível (por meio do Espírito Santo) até o fim dos tempos (Mt 16,17-19; 28,19-20). Por isso dizemos no Credo: “Creio na santa Igreja Católica”. Isso é um dogma, ou seja, uma verdade de fé que não pode ser questionada. Quem não aceita a autoridade divina da Igreja, não pode considerar-se autenticamente católico.

Agora sim, podemos seguir adiante na meditação desta realidade maravilhosa da vida de Maria Santíssima.

Onde está Cristo, lá também está Maria

O dogma da Assunção não tem qualquer raiz escritural comprovada. Ele é fruto de uma dedução: se Jesus vive na glória do Pai, Maria, cuja carne é a mesma de Jesus, também deve estar lá. Onde está o Cristo, lá também deve estar a sua Mãe. Lógico, não se trata de uma localização geográfica: a "glória", morada de Deus, está muito além do universo, preenchendo-o "como o relâmpago que sai do Oriente e ilumina até o Ocidente" (Mateus 24, 27).

Outra coisa: "assunção" não significa que Maria foi levada viva aos Céus como Elias numa carruagem de fogo; isto significa que ela foi totalmente assumida por Deus, em corpo e espírito. É por isso que hoje nós lemos o trecho de I Coríntios 15, 20-27, texto que não trata de um "elogio à morte", mas sim da ressurreição. Poderia o itinerário de Maria não ser conforme o de Jesus, que precisou passar pela morte? Na Idade Média, para não pronunciar a palavra "morte", dizia-se "o sono" do adormecimento (dormição) de Maria. Pudor discutível!

Em todo caso, essa assunção de Maria feita por Deus encerra e recapitula tudo o que ela viveu. A Assunção não é um tipo de crença suplementar, um detalhe que vem se juntar a outros. Através deste "dogma", nós podemos encontrar tudo o que concerne a Maria e também à nossa própria jornada.

Maria é, com efeito, a figura exemplar do itinerário de todo homem e da humanidade como um todo. Não somos o Corpo do Cristo, uma só carne com Ele, inseparáveis nos momentos ruins e nos bons? Não somos, como Maria, esta morada de Deus que prefigura a Arca da Aliança (Josué 3, 7-10)? Para permanecer no percurso de Maria, as palavras ditas na Anunciação, "cheia de graça, o Senhor é contigo", falam já da comunhão total com Deus que significa a Assunção. Pode-se reler todas as histórias da infância de Jesus tendo a Assunção como "intérprete". Aliás, ao longo da vida, em tudo é o final que nos ajuda a compreender o começo.

Em Maria está a nossa humanidade, a Humanidade inteira, que atinge o objetivo para o qual ela foi criada. O fim almejado que engloba todos os gestos e todos os passos do percurso. Se nós lemos hoje o Magnificat, é porque este cântico do começo (Anunciação), situado antes mesmo do nascimento do Cristo, adquire todo o seu sentido no final (Assunção).

Padre Marcel Domergue, jesuíta, redator do site francês Croire aujourd'hui (Crer hoje).




Tradução:

Gisele Pimentel

gisele.pimentel@gmail.com


Fontes:

www.comunidadebeatitudes.com/atualiza/internas/margaridadogmas.htm

www.croire.com/article/index.jsp?docId=538270&rubId=232

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