Esta semana celebramos dois santos muito queridos, mãe e filho. Como eu sempre gosto de dizer, santos são nossos irmãos mais velhos que nos precederam no Céu. Estão lá intercendendo a Deus por nós. São exemplos de vida, de fé, coragem e de amor a Deus.
27 de agosto
Mãe de Santo Agostinho
Numa época em que os deveres da jovem, da esposa e da mãe cristãs andam tão esquecidos, vale a pena evocarmos as virtudes desta admirável mulher. O que sabemos dela provém da melhor de todas as fontes, seu filho, Santo Agostinho.
Mônica nasceu em Tagaste (atual Argélia), na África, no ano de 332. Graças aos cuidados de seus pais cristãos, ela tornou-se uma criança pura e piedosa, sob a severa vigilância de uma antiga e devotada preceptora.
Ainda pequena, ela amava ir à igreja para orar, procurando a solidão e o recolhimento; às vezes ela chegava mesmo a se levantar durante a noite para recitar orações. Seu coração se abria ao amor pelos pobres e doentes, a quem ela visitava e cuidava, levando para eles o que sobrava das refeições familiares. Ela lavava os pés dos pobres e dos viajantes. Toda a sua pessoa refletia a modéstia, a doçura e a paz. Por todas estas graças e virtudes, poder-se-ia prever que Deus destinava Mônica a grandes feitos.
Deus, cujos caminhos são misteriosos, permitiu todavia que ela fosse dada em casamento, aos vinte e dois anos, a um homem de família nobre, porém pagão, violento, brutal e libertino, com quase o dobro da idade de Mônica, que a fez sofrer muito, assim como o fez sua sogra. Seu marido se aborrecia com suas orações. Muitas mulheres de Tagaste tinham problemas em casa e Mônica, com sua doçura e paciência, era um exemplo para elas. O casal teve três filhos: Agostinho, Navigius e Perpétua. Nenhum deles foi batizado enquanto pequeno. Agostinho lhe dava muitos problemas e foi mandado para Madaura para estudar.
Nesta difícil situação, Mônica foi um modelo de paciência e de doçura; sem jamais se queixar, ela derramava secretamente as lágrimas amargas onde sua virtude se derramava. Foi por estes belos exemplos que ela conquistou o coração de Patrício, seu marido, que se converteu e teve uma morte cristã.
Mônica, após ficar viúva, alçou novo vôo na direção de Deus. Durante mais de vinte anos ela combateu os excessos cometidos por Agostinho através da oração, sem jamais perder a coragem e a esperança. Agostinho foi seguir seus estudos em Cartago, onde aderiu à seita dos maniqueus.
Santa Mônica fica como esquecida durante anos até que, no século XIII, seu culto começa a se espalhar e, no calendário da Igreja, foi marcado o dia 4 de maio, véspera da conversão de seu filho, para se realizarem festas em sua homenagem. Em 1430, o Papa Martinho V ordenou que suas relíquias fossem transportadas para a igreja de Santo Agostinho, em Roma e muitos milagres aconteceram no caminho, consolidando o culto da santa. O arcebispo de Rouen, Cardeal d'Estouteville, construiu uma igreja em Roma em honra a Santo Agostinho e depositou as relíquias de Santa Mônica numa capela à esquerda do altar principal. O Ofício de Santa Mônica só entrou no Breviário Romano no século XVI.
28 de agosto
Santo Agostinho (354-430)
Bispo de Hipona, Pai e Doutor da Igreja
Santo Agostinho é um dos maiores gênios que já surgiram sobre a terra e um dos maiores santos com os quais Deus ornou a Sua Igreja. Monge, pontífice, orador, escritor, filósofo, teólogo, intérprete das Sagradas Escrituras, homem de oração e de zêlo, ele é uma das figuras mais completas que se possa imaginar. O que é mais admirável é que Deus tirou este homem extraordinário da mais profunda lama do vício para elevá-lo quase tão alto quanto um ser humano possa chegar; pode-se dizer a seu respeito: "Deus é admirável nos Seus Santos!"
Agostinho nasceu em Tagaste, na África, no ano 354 e, se ele recebeu da parte de sua mãe, Mônica, as lições e os exemplos da virtude, ele recebeu, por outro lado, os mais deploráveis exemplos da parte de um pai infeliz, que se converteu somente no momento da morte. À história do coração desregrado do jovem e brilhante estudante junta-se a história dos estranhos desvios de seu espírito; mas enfim, graças a trinta anos de lágrimas derramadas por sua mãe, Deus fez explodir invencivelmente aos olhos de Agostinho os explendores da verdade e as belezas únicas e verdadeiras da virtude. Agostinho, então, se ofereceu todo a Deus: "O filhos de tantas lágrimas não pode morrer!", havia dito um venerável padre à mãe desolada. Palavra profética, que guarda grandes ensinamentos para os ínúmeros Agostinhos e Mônicas modernos.
Foi em Milão, sob a influência de Ambrósio, que Agostinho caiu em si. A voz do Céu falou-lhe novamente na África onde, num retiro laborioso e calmo, com alguns amigos convertidos a Deus juntamente com ele, Agostinho se preparou para tudo o que Deus havia lhe reservado.
Agostinho aceitou em meio a lágrimas a Diocese de Hipona, pois seu pecado estava sempre ante seus olhos, e a humildade era a grande virtude da sua vida nova. Ele foi o martelo de todas as heresias de seu tempo; suas inúmeras obras são um dos mais explêndidos monumentos da inteligência humana esclarecida pela fé, e elas permanecem como a fonte obrigatória de todos os estudos teológicos e filosóficos.
Tradução:
Gisele Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com
Fontes:
Abade L. Jaud, "Vida dos Santos para todos os dias do ano", Tours, Mame, 1950
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