O Senhor nos chama

 A liturgia deste domingo é marcada pela vocação, o chamado de Deus ao Homem para uma missão, e sua resposta a Deus. Em primeiro lugar, podemos perceber que, quando Deus quer enviar alguém, não o faz de acordo com suas virtudes, mas com a disponibilidade de cada um. Nos três relatos que ouvimos, o Homem chamado reconhece seu próprio pecado, sua miséria, sua insuficiência diante da missão. Assim acontece com Pedro, que diz: “Afastai-vos de mim, Senhor, porque sou um pecador.” e Paulo, que no passado havia sido um grande perseguidor dos cristãos, se reconhece a si mesmo como uma espécie de aborto, e Isaías, diante da visão de Deus, exclama apavorado: “Ai de mim, estou perdido, porque sou homem de lábios impuros!”

Contrariando toda realidade humana, Deus mostra que o centro da vocação não está no Homem que é chamado, mas Naquele que chama. A Pedro, que havia trabalhado a noite inteira sem nada pescar, Jesus ordena: “Lançai as redes, ide para águas mais profundas.” E o pescador, conhecedor dos mistérios dos mares, ao obedecer ao Carpinteiro, surpreende-se com suas redes repletas de peixes. Paulo, por sua vez, inimigo feroz dos cristãos, tem a experiência de um encontro surpreendente que não constava em sua agenda: no caminho de Damasco, Deus muda não apenas a sua rota, mas o sentido de sua existência.

Hoje, também nós somos chamados. O Senhor espera que nós, cada um em seu estado de vida, possamos ser anunciadores de uma Palavra que transforma, restaura, renova e dá sentido à nossa vida. Como a Isaías, diante de nossa grande cidade, o Senhor nos pergunta: “Quem enviarei ?”

Que nós possamos dar a mesma resposta deste grande profeta: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me.”

Foto: "Profeta Isaías", obra de Aleijadinho, Congonhas.

Fontes:

Folheto “A Missa”, 07/02/10, 5º Domingo do Tempo Comum.

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