sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

MADRE MARIA DE JESUS DELUIL-MARTINY

Caríssimo Amigo da abadia de São José,

"Para o homem do terceiro milênio, um 'Salvador' ainda tem algum valor, ainda faz algum sentido? Um Salvador ainda é necessário para o homem que alcançou a Lua e Marte?... Apesar das inúmeras formas de progresso, o ser humano continua a ser o que sempre foi: uma liberdade vacilante entre o bem e o mal, entre a vida e a morte. É aí precisamente, no mais íntimo dele mesmo, naquilo que a Bíblia chama de 'coração', que o homem precisa ser 'salvo'... Quem pode defendê-lo, senão Aquele que o ama a ponto de sacrificar Seu Filho único sobre a Cruz como Salvador do mundo?... Não tenham medo, abram seus corações a Ele acolham-No, para que Seu Reinado de amor e paz se torne a herança comum a todos" (Papa Bento XVI, Mensagem de Natal, 2006).

Os Santos, iluminados pelo Espírito Santo, percebem claramente a que ponto o mundo precisa de um Salvador; o Reinado de Jesus nos corações constitui sua maior preocupação. Tal foi o caso de Madre Maria de Jesus Deluil-Martiny, que escreveu:

"É preciso que Ele reine!... Pois a Ele pertence o império pelos séculos dos séculos; e todas as nações Lhe foram dadas em herança. É preciso que Ele reine!... Nosso Jesus, nosso Irmão, nosso Salvador, nosso Amigo, nosso Esposo! É preciso que Ele reine plenamente em nós, sem a menor sombra de reserva ou divisão; é preciso que Ele reine no mundo e nos corações; e para isto, vamos orar, vamos nos ofertar, nos sacrificar, vamos morrer todos os dias!..."

Quem era a mulher que abraçava tamanho fogo do Amor divino?

Maria Deluil-Martiny nasceu em Marselha em 28 de maio de 1841 e foi batizada no mesmo dia de seu nascimento. Filha mais velha dentre cinco irmãos, ela herdou de seu pai, advogado profundamente cristão, a coragem que lhe permitiria vencer os obstáculos da vida; de sua mãe, ela recebeu a fé ardente e uma grande delicadeza de coração. Todavia, ela demonstrava um temperamento orgulhoso e arrogante Quando veio a época de fazer a Primeira Comunhão, seus pais, para assegurar-lhe uma preparação consistente, colocaram-na no internato da Visitação, em Marselha. Um dia, durante o recreio, repentinamente Marie interrompeu sua brincadeira e falou em particular com uma amiga: "Angélica, o Sangue de Jesus corre, neste momento, do Altar para o mundo!" Ela fez sua Primeira Comunhão em 22 de dezembro de 1853, e recebeu o Crisma (conforme o costume da época), em 29 de janeiro de 1854, das mãos de Santo Eugênio de Mazenod, bispo de Marselha. Aos 15 anos, ainda no internato, Maria reuniu um grupo de alunas, chamadas "Oblatas de Maria", que ela considerava como uma pequena ordem religiosa, com regras, noviciado e profissão. O grupo foi descoberto e desfeito pelas Superioras.

Quando terminou seus estudos, Maria fez um retiro espiritual decisivo para a sua vocação: "Jesus Cristo é o único amável, ela escreveu em seu diário; quando morrer, quero só tê-Lo amado... Para viver bem no mundo, eu devo detescltar o pecado, fugir das ocasiões de pecar, devo detestar o mundo e tudo o que é do mundo... 'Venha e siga-Me', disse Jesus; ó Deus, como é linda esta palavra! Ele é meu se eu quiser!" Nessa época ela tem a graça de encontrar o Cura d'Ars, São João Maria Vianney, e de lhe falar de sua vocação. Ela sente claramente que Jesus a chama a se entregar totalmente a Ele; assim, ela recusa inúmeras propostas de casamento.


Provações interiores

Esta alma dileta necessita ser purificada. Nosso Senhor, por Sua vez, permite que ela passe por inúmeras provações interiores, particularmente por uma grave crise de escrúpulos. Vendo pecado em todos os cantos, ela teme ser separada d'Aquele que ela ama sobre todas as coisas: "Viver pensando ter agido mal Convosco, ó Jesus, escreve, é como morrer mil vezes; é tão difícil, meu doce Mestre, nunca sentir-Vos plenamente e esperar pelo Céu para poder desfrutar de Vós!" Graças ao apoio recebido de um sábio confessor, Maria consegue sair desta situação angustiante. Em 1859, Clemência, a mais jovem de suas irmãs, morre devido a uma grave doença, após ter comungado pela primeira vez; suas duas outras irmãs e seu irmão morrem nos anos seguintes. Maria fica só na casa paterna, junto aos seus pais doentes, atingidos pelo revés da fortuna.

Em 1864, Maria conhece uma nova associação chamada "Grande Honra do Sagrado Coração de Jesus", fundada por uma Irmã Visitadina de Bourg-en-Bresse; seu objetivo é de glorificar, amar e consolar o Sagrado Coração, oferecendo-se com Ele numa vida de oração, penitência e caridade, em reparação aos pecados do mundo. Maria logo recebe o título de "Primeira Zeladora" da obra que ela se dedica a divulgar junto a inúmeras almas através do mundo, inclusive a bispos, por meio de folhetos, imagens e medalhas.

Na época da beatificação da vidente de Paray-le-Monial, Irmã Margarida Maria Alacoque, em junho de 1865, Maria é convidada a fazer um retiro espiritual na Visitação de Bourg, durante o qual ela recebe preciosas iluminações. Em fins de 1866, ela assiste a uma pregação de um padre jesuíta, Padre João Calage, que fala sobre o Sangue e a Água que jorraram do Coração de Jesus. Inspirada a entrar em contato com este sacerdote, ela lhe manifesta sua vontade de abraçar a vida religiosa: "Você é vocacionada, diz o santo religioso, certamente, mas a hora ainda não chegou; sua entrada na vida religiosa, neste momento, atrapalharia os planos de Deus. Ele tem desígnios particulares para a sua alma... Você deve se preparar para o despojamento de si mesma." Ele a encoraja, então, a entregar-se totalmente a Nosso Senhor, o que ela faz na primeira sexta-feira de maio de 1867.

Tradução e Adaptação:

Gisèle Pimentel

gisele.pimentel@gmail.com

Fonte:

http://www.riodedeus.com/aforcadafe.html

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