Diante de João Batista, apresentam-se várias categorias de pessoas tocadas por suas palavras e sedentas por mudança de vida. Por três vezes seguidas lhe perguntam: "O que devemos fazer?" Em sua resposta, ele, homem profundamente austero consigo mesmo, capaz de grandes renúncias e penitências, não lhes exorta a imitar sua vida eremítica e ascética no deserto; não apresenta nada de exorbitante, nem tarefas impossíveis de serem observadas. Ao contrário, recomenda o respeito ao próximo e a consideração a todos na justiça. Mostra a todos que não é necessário renunciar à realidade quotidiana, já que é exatamente neste campo que cada um pode deixar-se conduzir por Deus.
A uns ele chama à solidariedade com os que nada têm: quem tem duas túnicas, dê uma ao que não tem. Aos cobradores de impostos, colaboracionistas dos romanos e gananciosos, acostumados a exigir propinas e, por isso, odiados pelo povo, pede que sejam honestos e que não se enriqueçam através de taxas exorbitantes, extorquindo a pobre gente. Aos soldados, provavelmente mercenários pagos por Herodes Antipas, já que desde o tempo de César os judeus residentes na Palestina haviam sido exonerados do serviço militar, recomenda o respeito pelos fracos e a absterem-se de toda forma de exploração para com os pobres, não maltratando ninguém e contentando-se com seu salário.
O Batista aponta, assim, o caminho que deve ser preparado para o Senhor que vem: a estrada da justiça, da caridade e do respeito ao próximo. O caminho que nos conduz a Deus passa obrigatoriamente pelo próximo.
Preparando-nos para o Natal do Senhor, não somos chamados a habitar o deserto ou a deixar nossos afazeres, nossa vida, mas a exercer nossos compromissos, a viver nosso dia-a-dia de modo diferente. O Senhor nos encontra em nossa vida normal, não através de gestos espetaculares; o que conta é ser fiel no quotidiano. O sagrado tempo do Advento nos chama a ir ao encontro do Senhor que vem, permanecendo em nosso próprio posto de trabalho, no lugar em que vivemos. A mudança que interessa, que realmente importa, não é a das coisas exteriores, mas a que acontece dentro de nós: a verdadeira conversão de nossas vidas.
Fontes:
Folheto "A Missa", 13/12/09.
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