sábado, 30 de janeiro de 2010

"Não é este o filho de José?"

“Ele começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir.’ Todos lhe davam testemunho e se admiravam das palavras de graça, que procediam da sua boca, e diziam: 'Não é este o filho de José?'
Então lhes disse: ‘Sem dúvida me citareis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; todas as maravilhas que fizeste em Cafarnaum, segundo ouvimos dizer, faze-o também aqui na tua pátria. E acrescentou: ‘Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.
Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra; mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã.
A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga. Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo. Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.” (Lc 4, 21-30)
  
Homilia
 “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir” (Lc 4, 21): com que alegria Jesus deve ter pronunciado estas palavras solenes que inauguram Seu ministério, do qual elas são também o programa, antecipando o seu cumprimento.
A serena confiança que emana de Nosso Senhor jorra da consciência de Sua identidade e de Sua missão: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu” (Lc 4, 18a). E neste Espírito, Jesus escuta o Pai murmurar: “Antes mesmo de Te formar no ventre da Virgem Maria, Eu Te conhecia; antes mesmo que Tu nascesses, Eu Te havia consagrado; Eu faço de Ti um profeta para as nações” (cf. 1ª Leitura).
Nosso Senhor sabe que foi enviado pelo Pai para “reunir na unidade os filhos (e filhas) de Deus dispersados” (Jô 11, 52). Ele sabe que para realizar este plano, Ele deverá lutar muito para afastá-los daquele que os mantém aprisionados na cruel escravidão da ignorância e do pecado. Ele está ciente de que, mesmo já tendo vencido o inimigo, no deserto, o combate será duro por causa das nossas cumplicidades com a antiga serpente que nos seduziu com suas propostas enganosas.
Jesus sabe, também, que as pessoas não aceitarão ser curadas de sua cegueira para virem à luz, não aceitarão ser libertadas de suas amarras para atingirem a liberdade; serão numerosos os que taparão os ouvidos ao anúncio da Boa Nova e se recusarão a entrar no ano jubilar de reconciliação, concedido pelo Senhor (Lc 4, 19). É “na Sua própria terra” que Jesus faz esta dolorosa experiência pela primeira vez; o episódio da sinagoga de Nazaré tem destaque na vida pública de Jesus e anuncia que a sombra da rejeição pesará sobre todo o ministério de Nosso Senhor. A oposição, inicialmente intensa e difusa, tornar-se-á progressivamente mais explícita e organizada, para conduzir Jesus finalmente ao drama da Paixão.
O último parágrafo do trecho de hoje soa, aliás, como uma verdadeira antecipação da Páscoa: enfurecidos devido à ação oculta do maligno em seus corações, os Judeus levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo” (Lc 4, 29). “Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali O crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda” (Lc 23, 33). Jesus pressentiu este desfecho dramático de Seu ministério. Ele conhece as Escrituras: Ele sabe que nenhum profeta é bem aceito na sua pátria” (Lc 4, 24b). Mas Ele não fraquejará, pois Ele caminha “cheio da força do Espírito” (Lc 4, 14), ou seja, na força invencível do amor de Deus, Seu Pai, cuja voz ressoa incessantemente em Seus ouvidos: “Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição” (Lc 3, 22): “E eis que hoje Te estabeleço como cidade fortificada, como coluna de ferro e muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e de seus chefes, dos sacerdotes e do povo da terra. 
Far-Te-ão guerra, mas não hão de vencer, porque Eu estou Contigo para Te salvar” (Jr 1, 17-19) (1ª Leitura)
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Todavia, no momento em que iniciará a Sua Paixão, Jesus revelará a Sua angústia através destas palavras perturbadoras: “Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?... Pai, salva-Me desta hora... Mas é exatamente para isso que vim a esta hora. Pai, glorifica o Teu Nome!” (Jo 12, 27-28a).
A glória de Deus que Jesus manifestará no poder do Espírito Santo que repousa sobre Ele não triunfa sobre o mal opondo-se a ele pela força, mas, ao contrário, quando a ele Se submete; quando permite que a violência, desejosa de triunfar sobre a Sua doçura, se canse em vão; e quando triunfa sobre o ódio mortal através do perdão que vivifica: “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem” (Lc 23, 24).
Ao redigir o hino à Caridade, quem São Paulo contemplava com ternura e reconhecimento, com admiração e adoração? Onde estava pousado o seu olhar, senão sobre o rosto do seu Senhor crucificado por amor a ele? Certamente Jesus havia dado provas de que Ele era um “profeta que conhecia todos os mistérios e toda a ciência de Deus” (2ª Leitura); mas é no altar da Cruz, onde o Cordeiro é oferecido em holocausto, que Ele revela a caridade absoluta.
 “Ele me amou e Se entregou por mim (Gal 2, 20): eis aí a chave da leitura que dá sentido ao destino paradoxal deste Rabi a quem chamavam “Filho de José” de Nazaré. É somente o amor que motiva a Sua caminhada perseverante, heróica, enfrentando todas as oposições, desarmando todas as armadilhas, superando todos os obstáculos. Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se”, caminhando resolutamente rumo à Páscoa. “Passando” por entre a nossa morte, Ele “seguiu Seu caminho”, sem repousar antes de nos ter preparado um lugar na morada de Seu Pai e nosso Pai, de Seu Deus e nosso Deus (cf. Jo 20, 17). Ressuscitando Seu Filho, o Pai revelará diante de todos que “o amor jamais passará”. “Céus e terras passarão” (Mc 13, 31), mas a caridade não passará jamais, pois Deus é amor (I Jo 4, 8). Certamente “nosso conhecimento é, atualmente, parcial; vemos somente como que uma imagem obscura num espelho”. Mas, à medida que concordarmos com a ação do Espírito Santo, que o Filho nos enviou da parte do Pai, nós cresceremos no verdadeiro conhecimento de Deus, até o ponto em que “O veremos face a face”, à luz do amor. Então “nos conheceremos verdadeiramente, como Deus nos conheceu”.

 “Senhor, nós Te esperávamos sob a imponente glória de um Deus majestoso que manifesta todo o Seu poder; e Tu Te revelas na fragilidade de uma Criança e na impotência de um Crucificado. Dai-nos humildade suficiente para Te reconhecermos nas faces paradoxais do Amor, e a coragem de nos matricularmos na Tua escola. Que a Tua Cruz gloriosa seja nosso cajado para o caminho cujo trajeto o Apóstolo Paulo nos indica: ‘A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’ ” (I Cor 13, 4-7) (2ª Leitura).

Padre Joseph-Marie, Famille de Saint Joseph, França

Fontes:
http://www.bibliacatolica.com.br
http://www.douranet.com.br/biblia/
http://www.homelies.fr/homelie,,2679.html

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Missa de Cura e Libertação??? - Pe. José Ionilton Lisboa de Oliveira, SDV *

Adital - Esta pergunta tem me levado a refletir muito nos últimos tempos. Por isto resolvi colocar por escrito o que penso sobre o tema, a fim de provocar uma conversa e ajudar no encaminhamento de tomada de posição da Igreja no Brasil.
Tenho afirmado a quem me fala destas "missas de cura e de libertação" que elas não existem, pois na verdade toda missa, toda Eucaristia é curadora, é libertadora, afinal de contas Jesus, o Libertador, está presente, vivo, ressuscitado em todas as celebrações da Eucaristia, onde quer que ela seja celebrada, debaixo de uma árvore, numa simples capela em uma favela ou na Catedral de São Pedro em Roma. Nem tampouco Jesus se faz mais presente e cura, liberta, de modo especial quando o presidente da celebração é este ou aquele padre. Todos os padres são iguais no "produzir" sacramentalmente o Cristo presente na Eucaristia. Aprendi da Igreja, quando estudei Teologia, que não existe diferença entre uma Eucaristia e outra. Será que a doutrina da Igreja sobre a Eucaristia mudou e eu não me atualizei? Creio que não mudou!  Sendo assim, afirmo com muita convicção que padres que celebram e promovem as "missas de cura e libertação", não estão, infelizmente, agindo biblicamente, teologicamente, eclesialmente e liturgicamente corretos.
Os textos bíblicos que falam da instituição da Eucaristia não falam de que uma Eucaristia seria de cura e libertação e outra não. Simplesmente Jesus disse: "Tomem e comam, isto é o meu corpo. Bebam dele todos, pois isto é o meu sangue" (Mt 26, 26-28). Jesus não fez distinção de quem estaria presidindo a celebração da Eucaristia e Jesus não falou de que a Eucaristia iria ser celebrada em algum lugar especial para curar as pessoas. Jesus apenas disse: "Façam isto em memória de mim" (Lc 22, 19). Então, por que alguns padres e bispos inventaram a "missa de cura e libertação"?
Isto na verdade não existe, podemos afirmar que se trata de uma forma de exploração da fé do povo, especialmente dos que sofrem. Faz-me lembrar o episódio do Templo de Jerusalém: Jesus fazendo um chicote e expulsando os vendilhões (cf. Jo 2,14-17). Jesus disse: "Tirem isto daqui!" (v. 16). Podemos imaginar Jesus dizendo a quem anda usando a Eucaristia para promover as "missas de cura e libertação": "Parem de enganar o povo!" E tome chicote!
O Concílio Vaticano II assim nos fala sobre a Eucaristia: "O nosso Salvador instituiu na última ceia, na noite em que foi entregue, o sacrifício eucarístico do seu corpo e do seu sangue para perpetuar no decorrer dos séculos, até ele voltar, o sacrifício da cruz, e para confiar assim à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição: sacramento de piedade, sinal de unidade, vínculo de caridade, banquete pascal em que se recebe Cristo, a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da glória futura" (Sacrosanctum Concilium, 47). O Concílio fala de que a Eucaristia perpetua o sacrifício da cruz, portanto, da doação da vida de Jesus por nós. E não fala de celebração onde curas irão ocorrer. O Concílio fala, também, da Eucaristia como sinal de unidade, o que entra em contradição com o que vem se propagando de que Jesus vem curar e libertar em algumas missas e em outras não, rompendo assim com a unidade e universalidade da presença de Cristo na Igreja, onde quer que ela esteja. Estas "missas de cura e libertação" criam divisão entre nós: uns padres são privilegiados por Cristo, com curas nas missas e outros padres são menosprezados, já que em suas missas Cristo não cura. Eu fico com a doutrina do Concílio Vaticano II e não com a invencionice de alguns irmãos presbíteros.
O Direito Canônico quando legisla sobre a Eucaristia não fala de "missa de cura e libertação" e nem de diferença entre um lugar e outro e nem fala da existência de graduação entre os presbíteros que presidem a Eucaristia, onde Jesus estaria curando em algumas celebrações da Eucaristia e em outras não (cf. Cânones 897 a 958). Assim está escrito no Cânon 899: "A celebração eucarística é a ação do próprio Cristo e da Igreja, na qual, pelo ministério do sacerdote, o Cristo Senhor, presente sob as espécies de pão e vinho, se oferece a Deus Pai e se dá como alimento espiritual aos fiéis unidos à sua oblação". Quero ressaltar a afirmativa "ação do próprio Cristo". Seja onde for e seja quem for o presidente, a celebração da Eucaristia é "ação do próprio Cristo". Se é assim, porque uma missa será de "cura e libertação" e outra não? Haverá dois Cristos? Um que cura e outro não? Outra afirmativa do Cânon 899 é que o Cristo "se oferece a Deus Pai e se dá como alimento espiritual aos fiéis". O Cânon não fala de que quem freqüenta uma "missa de cura e libertação" receberá uma graça especial de Cristo. O Cânon fala de "alimento espiritual aos fiéis". "Alimento" e não cura. "Aos fiéis" e não para alguns fiéis privilegiados que freqüentam uma "missa de cura e libertação". "Aos fiéis", significa dizer todos os fiéis. Lembro-me aqui das palavras de Pedro: "Estou compreendendo que Deus não faz diferença entre as pessoas" (At 10, 34). Se Deus não faz, somos nós a Igreja, ou melhor, alguns padres que vão fazer? Falar de que Jesus cura em uma determinada missa e em outra não, não é fazer diferença entre as pessoas? Eu prefiro ficar com Pedro: "Estou compreendendo que Deus não faz diferença entre as pessoas".
Curar é ação divina. Deus cura sempre. Cura ordinariamente pelo uso da medicina e cura extraordinariamente, no que chamamos de milagre. O milagre vem da fé da pessoa e do poder e do querer de Deus, assim nos ensina Jesus: "Vocês acreditam que eu possa fazer isso? Eles responderam: ‘Sim, Senhor’. Então Jesus tocou os olhos deles, dizendo: ‘Que aconteça conforme vocês acreditaram’ E os olhos deles se abriram" (Mt 9, 28-29). Outro texto: "Jesus ficou admirado e disse aos que o seguiam: ‘Eu garanto a vocês: nunca encontrei uma fé igual a essa em ninguém de Israel!’. (...) Então Jesus disse ao oficial: ‘Vá, e seja feito conforme você acreditou’" (Mt 8, 10.13). Poderíamos citar tantas outras passagens dos evangelhos, mas estas duas citações bastam para confirmar que o milagre depende tão somente da fé da pessoa que pede a graça especial e de Deus que aceita realizar o que a pessoa crente pede, independente do lugar e de ter ou não algum intermediário. Creio que seja uma ofensa a Deus, é usar o nome d’Ele em vão (cf. Ex 20, 7), determinar que um milagre somente acontece se a pessoa for participar de uma "missa de cura e libertação", celebrada em um determinado lugar e por um determinado presbítero.
Chego mesmo a pensar que este tipo de celebração é uma forma de mentir e enganar o povo, transferindo para o nível do milagre, aquilo que deveria ser conquista da cidadania, tornando-se uma fuga do compromisso social da fé. Jesus nos ensina: "Vocês é que têm de lhes dar de comer" (Mc 6, 37). Não devemos transferir para Deus o que podemos e devemos fazer. Tiago nos alerta: "Religião pura e sem mancha diante de Deus, nosso Pai, é esta: socorrer os órfãos e as viúvas em aflição, e manter-se livre da corrupção do mundo" (1, 27). Religião verdadeira é aquela que serve e liberta aos pobres e não aquela que explora e engana aos pobres; religião verdadeira é aquela que se mantém "livre da corrupção do mundo" e não aquela que usa das mesmas artimanhas do mundo para garantir a conquista de mais um fiel para a Igreja. Faz-me lembrar o ensinamento da CNBB nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2008-2010 no nº 178: "O compromisso social tem sua raiz na própria fé; deve ser manifestado por toda a comunidade cristã, e não apenas por algum grupo ou pastoral social; uma comunidade insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer as injustiças celebra indignamente a liturgia". Existe algum compromisso social de luta para vencer as injustiças nas celebrações das "missas de cura e libertação"? Se sim, qual, como e onde? Se não, celebra-se "indignamente a liturgia". Palavras da CNBB!
Nas "Orientações pastorais sobre a Renovação Carismática Católica" é dito que se devia evitar "alimentar um clima de exaltação da emoção e do sentimento, que enfatiza apenas a dimensão subjetiva da experiência de fé" (Documentos da CNBB 53, nº 49). E diz também: "A fé não pode ser reduzida a uma busca de satisfação de exigências íntimas e de resposta às necessidades imediatas" (nº 47). Mais uma recomendação: "Ao implorar a cura, nos encontros da RCC ou em outras celebrações, não se adote qualquer atitude que possa resvalar para um espírito milagreiro e mágico, estranho à prática da Igreja Católica" (nº 59). Nas chamadas "missas de cura e libertação" estão acontecendo tudo isto: exaltação da emoção e do sentimento, ênfase na dimensão subjetiva da fé, satisfação de exigências íntimas, respostas às necessidades imediatas, espírito milagreiro e mágico. Tudo que a CNBB recomendou evitar, está acontecendo nas "missas de cura e libertação". E aí? Ninguém vai tomar nenhuma providência? A CNBB vai ficar desmoralizada, vai perder sua força como orientadora da ação evangelizadora na Igreja do Brasil? Cada movimento, cada pastoral, cada presbítero, cada bispo, cada consagrado, cada leigo vai fazer o que quer e como quer? Vamos sepultar de vez as diretrizes e orientações da CNBB?
Recentemente uma Religiosa me dizia que o pároco da cidade onde ela mora, apoiado pelo bispo, resolveu celebrar esta "missa de cura e libertação". Questionado por ela, justificou tal tipo de celebração dizendo que por meio das "missas de cura e libertação" as pessoas, em busca de milagres, viriam à Igreja e poderiam assim ouvir a Palavra de Deus e serem catequizadas. Eu disse à Irmã: será? E repito: será que quem vai a estas "missas de cura e libertação", ouve mesmo aquilo que a Igreja tem a dizer, ou vão apenas porque esperam receber um milagre?
Finalizo perguntando: onde é que estes meus irmãos na fé e no ministério ordenado se fundamentam para celebrar e apoiar estas "missas de cura e libertação" em suas paróquias e dioceses?
Espero receber comentários e colaborações para melhorar o nosso artigo.
ioniltonsdv@bol.com.br

Fontes:
http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=41478
http://rouen.catholique.fr/IMG/jpg/Fra_Angelico_L_Institution_de_l_Eucharistie._2._jpeg.jpg

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

São Tomás de Aquino - Parte I

                 Resumo da Vida de São Tomás de Aquino,
    o "Doutor Angélico" - Festa: 28 de Janeiro

Sua infância
Tomás de Aquino (Tommaso d'Aquino) nasceu em 1224 ou 1225, no castelo de Rocca-Secca, próximo à cidadezinha de Aquino, no reino de Nápoles. A título de curiosidade, lembramos que 1225 é o ano da morte de São Francisco de Assis e da coroação de São Luís IX como rei da França. 
Tomás de Aquino nasce numa família nobre, relativamente modesta, que não mede esforços para tentar aumentar seu poder e sua influência no mundo laico assim como no mundo eclesiástico.Seu biógrafo tardio, Guillaume de Tocco, conta uma curiosidade da infância de Tomás de Aquino, onde podemos verificar um sinal do que ele se tornaria no futuro. Tomás ainda estava em seu berço quando, um dia, sua babá quis pegar um papelzinho que ele tinha nas mãos. Porém o garoto começou a protestar, gritando. Sua mãe aparece, tirando-lhe com força o papel das mãos do filho, apesar de seus gritos e lágrimas. Ela fica admirada quando vê que o papelzinho contém apenas duas palavras: Ave Maria.

Os estudos

Tomás é educado como oblato no mosteiro do Monte Cassino, não muito longe do castelo de sua família, na célebre Escola dos Beneditinos. Sua família desejava, sem dúvida, vê-lo um dia como prior ou abade naquele monastério, a fim de estabelecer definitivamente sua influência na região. Forçado a deixar o mosteiro do Monte Cassino após a expulsão dos monges em 1239, Tomás continuou seus estudos na Universidade de Nápoles, onde entra em contato, pela primeira vez, com os novos textos e métodos que começam a ser introduzidos no meio acadêmico. Em 1244, aos dezoito ou dezenove anos, apesar da desaprovação de seus pais, Tomás entra para a Ordem dos Irmãos Pregadores de Nápoles, fundada em 1216 por São Domingos de Guzmão, visando lutar contra a heresia dos Albigenses através da vida de pobreza e da pregação.

Enquanto os Dominicanos procuram enviar Tomás a Paris, sem dúvida para pô-lo a salvo das intervenções intempestivas de sua família, esta o capturou quando ele estava na estrada. Tomás ficou seqüestrado, preso numa torre do castelo familiar. Guillaume de Tocco nos conta de forma inspirada certas peripécias de Tomás de Aquino para resistir à pressão de sua família. Todos os meios empreendidos para tentar “dobrá-lo” eram muito bons, mas, imperturbável, Tomás consagrava seus lazeres forçados à leitura das Sagradas Escrituras. O “convencimento forçado” fracassou, então decidiram recorrer às seduções de uma cortesã. Mas Tomás atira uma brasa na lareira, fazendo a moça fugir. Em seguida, ele se ajoelha e, depois, adormece. Durante seu sono, ele vê anjos descendo do Céu para felicitá-lo e cingir-lhe os rins, dizendo-lhe: “Receba da parte de Deus o dom da castidade perpétua.” Após a morte de Tomás, seu confessor declarou que ele havia morrido tão puro quanto uma criança de cinco anos.
Graças à sua tenacidade e à cumplicidade dos irmãos dominicanos, Tomás pôde, enfim, seguir sua vocação. Enviado a Paris em 1245, ele encontra naquela cidade Alberto o Grande (1193-1280), que de encarrega dele e o leva consigo à cidade de Colônia, em 1248, onde Tomás continuará seus estudos até 1252. Guillaume de Tocco chama a atenção para um episódio que ele considera importante, ocorrido nessa época. Taciturno em meio aos estudantes mais agitados, “conversando apenas com Deus”, Tomás era chamado, com uma ponta de escárnio, de “boi mudo”. Mas seu mestre teria dito em público o seguinte a respeito dele: “Vocês estão vendo este boi que vocês chamam de mudo. Pois bem! Logo ele fará soar todo o universo dos seus mugidos.” O futuro viria a confirmar esta previsão.

Tradução e Adaptação:

Litanie Marie Sorel


Fonte:

http://docteurangelique.free.fr/

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

“O programa de Jesus” (Ev. Lc 4, 14-21)


Jesus desenrola o rolo na Sinagoga

James Tissot, c. 1894 



Esse relato é o programa daquilo que vai ser o ministério (vida pública) de Jesus, onde se prefigura tudo o que vai ocorrer: anuncia-se a salvação para todo o ser humano, insiste-se (no fato de) que o ministério de Jesus será direcionado preferencialmente aos pobres e oprimidos.
Por intermédio dessa leitura que faz do profeta Isaías, Jesus apresenta o Seu plano de ação. Ele revela os preferidos de Seu Pai: os pobres, os oprimidos, os cegos, os aprisionados.
O problema de muitos cristãos dos nossos dias está no fato de aceitarem a religião, sem assumirem o compromisso da revelação evangélica. O Deus da revelação é um Deus vivo, um Deus que fala e Se comunica. Quando Deus falava, anunciando Sua Palavra no Antigo Testamento, o povo de Israel se comovia e se arrependia, chorando seus pecados.
Cristo, no Evangelho, não só profere as Palavras da Escritura, como Ele mesmo é a própria Palavra de Deus. Isso nos faz entender que o mistério de Cristo é maior do que a Palavra de Deus, (é maior) do que nós, do que a Igreja, do que qualquer pregação. Ao ler as Escrituras na sinagoga, Jesus Se faz testemunha da fé viva. Ele anunciava com poder, (pois) o Espírito estava Nele.
A proposta de Jesus suscita diversas reações e manifesta o definitivo desígnio de Deus. O compromisso de Cristo é o nosso compromisso. O cristão, como Jesus, deve atualizar a vida, a Palavra e a obra Dele, ajustando-as ao seu tempo. É no momento presente que Deus age e manifesta Seu amor que liberta.



Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria - 24/01/10, 3º Domingo do Tempo Comum
http://freechristimages.org/images_Christ_life/Jesus_Rejected_in_Synagogue_Tissot_1894.jpg

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Palavra que renova



     A liturgia deste Terceiro Domingo do Tempo Comum coloca diante dos nossos olhos um dos momentos mais sublimes da História do Povo Eleito. Durante cinco décadas, desterrado de sua pátria, longe de suas raízes, os hebreus sentavam-se junto aos rios da Babilônia, chorando com saudades da terra de seus pais.
     Finalmente, após a experiência traumática do Exílio (586-538 A.C.), esse povo, que fora banido, exilado e humilhado, regressa à sua pátria, encontrando-a destruída: não há mais muralhas, e o Templo, que era o orgulho do povo hebreu, havia sido saqueado e reduzido a ruínas. Uma coisa, porém, permanecera viva: a Palavra de Deus. Durante todo esse tempo, fora ela o sustentáculo na terra estrangeira, dando forças para perseverar na fé e manter a coesão de todo o povo. Será em torno dela que se reconstruirá uma nação, ganhando nova forma, restaurando a própria identidade.
      Nesta grande assembléia, convocada por Neemias e Esdras, o povo escutará a Palavra de Deus lida na língua hebraica, que eles já não mais entendem. Ela é traduzida para a nova língua que surge após o exílio: o aramaico, pois é necessário que o povo compreenda a riqueza daquela Palavra que o manteve unido.
     A leitura da Palavra de Deus, espada de dois gumes, provoca lágrimas naqueles que reconhecem seus erros e pecados, mas também faz suscitar em seus corações a alegria de um Deus que não nos abandona, nem mesmo quando d'Ele nos afastamos.
    Também hoje, nos reunimos ao redor da Palavra. Certamente ela nos faz reconhecer que somos pecadores mas, ao mesmo tempo, nos alenta, nos encoraja e nos convida à conversão e à vida nova: por mais dificuldades e desafios que possamos enfrentar, somos chamados a não desanimar, e a encontrar na Palavra a força que nos sustenta. Que não haja lugar para a tristeza, pois a alegria do Senhor é a nossa força.
        Fontes:
           Folheto "A Missa", 3º Domingo do Tempo Comum, 24/01/10.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

"Fazei o que Ele vos disser."


O acontecimento principal das bodas de Cana foi a manifestação do poder de Jesus. Ao lado disso, surge também o importante tema do diálogo de Jesus com Sua mãe.

O casamento de Caná manifesta a imagem do casamento de Deus com a humanidade, realizado com a vinda do Filho de Deus ao mundo. O vinho representa a graça gratuita e libertadora de Deus, que é muito superior às águas de um velho mundo.
Caná lembra ainda que a presença de Deus em nosso meio renova o sentido de existir e viver. O Evangelho leva-nos, assim, a refletir que ninguém pode bastar a si mesmo. Precisamos da ação e das palavras dos outros para viver.
A vida contém um grande mistério: é a presença da pessoa e da obra de Jesus. O milagre de Caná não foi feito para que todos bebessem mais vinho, mas para que acreditassem em Deus, pois crer é participar, é identificar-se. A intervenção confiante de Maria é a porta pela qual os discípulos chegam a crer.
Maria é apresentada como um modelo de fé e representa a comunidade que suplica. Maria ensina que o amor e a fé levam a agir, a tomar providências concretas. Caná nos comunica, finalmente, que a humanidade não está abandonada à própria sorte. Deus é Pai e cuida de nós. É preciso deixar-se transformar. É preciso crer.


Fontes:
Diário Bíblico 2010 - Ed. Ave-Maria

domingo, 17 de janeiro de 2010

NO BATISMO DE JESUS, O NOSSO BATISMO

Após as solenidades natalinas que se concluíram com a Epifania, a festa dos Reis Magos, celebramos hoje o Batismo do Senhor. Neste tempo marcado pelas férias escolares em que muitas pessoas aproveitam para descansar de seus afazeres anuais, reunimo-nos em comunidade para tomar consciência da necessidade do testemunho de nossa fé cristã, da qual nunca nos é lícito tirar férias.

A cada dia, o cristão é chamado a dar as razões de sua fé e a demonstrar, através dos atos, a fé que professa no coração. É interessante notar que no relato da Paixão do Senhor, por exemplo, antes de ter negado Jesus por três vezes, Pedro foi reconhecido como discípulo do Nazareno: "É claro que tu também és um deles, pois o teu modo de falar te denuncia" (Mt 26, 73), dizia a serva do sumo sacerdote. E mesmo negando, se comove até as lágrimas, quando, ao ser levado para a Cruz, o Senhor o olha nos olhos. A vida toda, Pedro vai testemunhar, com os atos, a fé que um dia ousara negar.

A liturgia de hoje quer nos recordar que a prova de que somos batizados jamais poderia se limitar a uma certidão, amarelada pelo tempo, guardada no fundo de uma gaveta, ou dentro de uma pasta de documentos.

Ao celebrarmos o Batismo do Senhor, poderemos reconhecer que, em nossas vidas, não faltam momentos em que até negamos a fé batismal. Quantas vezes somos chamados a olhar nos olhos do Senhor e a chorar nossas faltas, que contradizem o Batismo que recebemos. Nessas horas, devemos fazer das lágrimas que o pecado sempre nos traz, uma renovação das águas batismais e recomeçar como Pedro, respondendo "sim" não apenas com palavras, mas com a vida, àquela pergunta que, um dia, nossos pais responderam em nosso nome: "Quereis ser batizados?"

Que o bom Deus nos ajude a fazer de cada dia uma celebração batismal.


Fonte:

Folheto “A Missa” – 10 de janeiro de 2010 – Ano C – 1º Domingo do Tempo Comum.

sábado, 9 de janeiro de 2010

“Quando todo o povo ia sendo batizado, também Jesus o foi.”

João Batista batiza Jesus. Não era necessário, mas Jesus se submete ao ritual para identificar-Se com o povo. Pelo Batismo, Jesus compartilha de nossa condição humana. Porém, Ele sempre permanece plenamente o Filho de Deus, capaz de realizar um Batismo maior (Batismo do Espírito Santo) do que o de João, e pregar a Boa Nova do Reino, que vai além de qualquer mensagem religiosa anunciada antes d’Ele, inclusive de João.

Alguns elementos sobressaem na narrativa do Evangelho de hoje: a água, o Espírito de Deus e a voz que diz: “Filho muito amado”.

A voz que desce do Céu proclamando Jesus como Filho muito amado mostra a experiência e Jesus teve, a de ser abraçado pelo amor do Pai, e neste abraço o Pai derrama sobre o Filho o Seu Espírito, Espírito de Deus.

O Batismo é um símbolo da identidade de Jesus através de Sua missão, assim como nosso próprio Batismo é, também, o símbolo de nossa identidade cristã.

A Liturgia de hoje deve nos recordar o nosso Batismo, o dia em que fomos batizados. E esse sacramento nos coloca diante da grandeza da nossa vocação cristã, introduzindo-nos no mistério da Santíssima Trindade: o Deus Pai, o Deus Filho e Deus Espírito Santo.

O Batismo nos mergulha no coração do mundo e nos faz irmãos de cada ser humano, à semelhança de Deus. O Espírito que em nós foi derramado no dia do nosso Batizado nos arde e nos aquece, nos torna capazes de assumir todas as esperanças humanas.


Fontes:

Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria

http://www.ddec59c.org/parole%20de%20vie/parole_clip_image002_0014.gif

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

"A fé que liberta do medo"

Imediatamente ele obrigou os seus discípulos a subirem para a barca, para que chegassem antes dele à outra margem, em frente de Betsaida, enquanto ele mesmo despedia o povo. E despedido que foi o povo, retirou-se ao monte para orar.

À noite, achava-se a barca no meio do lago e ele, a sós, em terra. Vendo-os se fatigarem em remar, sendo-lhes o vento contrário, foi ter com eles pela quarta vigília da noite, andando por cima do mar, e fez como se fosse passar ao lado deles. À vista de Jesus, caminhando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram; pois todos o viram e se assustaram. Mas ele logo lhes falou: ‘Tranqüilizai-vos, sou eu; não vos assusteis!’

E subiu para a barca, junto deles, e o vento cessou. Todos se achavam tomados de um extremo pavor, pois ainda não tinham compreendido o caso dos pães; os seus corações estavam insensíveis.” ( Mc 6, 45-52)

***

Pela segunda vez, Jesus Se retira para o monte a fim de orar (Mc 3, 13). A barca e o cansaço por causa do vento contrário simbolizam a comunidade de discípulos que crê e ama Jesus, mas que não consegue entender Sua mensagem. Por isso, não reconhecem Jesus quando Se aproxima, pois só vêem Jesus homem e não Jesus Deus. Na tradição judaica, só Deus tinha o poder de dominar o mar (Sl 71, 8). As palavras de Jesus: "Sou Eu" identificam-No com o Deus libertador do Êxodo (Ex 3, 14).

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À medida que a humanidade se afasta de Deus, crescem o medo, a angústia e a solidão. Perde-se o sentido da vida. Apesar do milagre da multiplicação dos pães e de outras manifestações de Jesus, a fé dos discípulos no Mestre ainda é fraca. Essa é a razão pela qual, quando Jesus caminha pelo lago, eles têm medo e, ao invés de reconhecê-Lo, vêem-No como um fantasma.

Uma fé fraca leva-nos à mesma atitude. Temos medo da vida, com seus inúmeros dramas, porque não sabemos como descobrir Jesus, que está presente em todos os acontecimentos humanos.

As tempestades que assolam a nossa vida, que atingem nosso coração, são conseqüências da falta do sentido da vida; numa dimensão religiosa, diríamos: falta de Deus. Crer num Deus que nos salva por amor possibilita ir além das dificuldades e enxergar nelas toda uma graça que se nos apresenta para nosso crescimento e nossa liberdade.

Fontes:
Novo Testamento, Edição de Estudos - Ed. Ave-Maria, pg. 120
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria

sábado, 2 de janeiro de 2010

"Epifania: Deus Se manifesta."

A Igreja celebra hoje a "Epifania do Senhor"; com isso, revive o mistério da primeira manifestação de Jesus a todos os povos, representados pelos reis magos. Epifania significa "manifestação", "revelação" o querer salvar a todos. Deus convoca todos os povos a tornar o mundo mais humano e fraterno. Enquanto Jerusalém (por meio de Herodes) não se dá conta do aparecimento de Deus, os de longe vão adorá-Lo com fé (...).

O Menino Jesus nasce. Os magos, guiados por uma estrela, prestam-Lhe homenagem e presenteiam-No com ouro, incenso e mirra.

Esta narrativa de Mateus torna-se um paradigma, repetido no transcorrer da narrativa dos Evangelhos, às duas atitudes ou posturas adotadas diante do Jesus que prega o Reino: Jesus é desprezado pelo Seu povo, pelas autoridades religiosas judaicas, principalmente no grupo dos fariseus e escribas e, por outro lado (aqui no nosso texto, representado pelos reis magos do Oriente) é aceito, homenageado. Os reis, guiados pela estrela, encontram a Criança com Maria, prestam-Lhe homenagem e Lhe dão presentes.

São pagãos que O adoram. Enquanto Herodes e Jerusalém se perturbam diante da notícia do nascimento da Criança (Jesus) e planejam a Sua morte, os pagãos experimentam grande alegria, e O reconhecem como o Rei dos judeus.

Neste dia de hoje, devemos render graças a Deus Pai pela manifestação de Seu Filho, Jesus, que trouxe a salvação para todos os povos. O que os magos adoraram lá, em Belém, não era uma simples manifestação de Deus, como se fosse uma continuação das manifestações de Deus no Antigo Testamento. Essa manifestação de hoje é o próprio Deus encarnado Se mostrando, Se revelando "ao vivo". A narrativa nos convida a crer em Jesus e a adorá-Lo, pois desta atitude brota o verdadeiro povo de Deus. Na unidade da fé, todos se sentirão filhos de Deus, igualmente redimidos e irmãos. Então, uma multidão de raças, povos e línguas saudará Deus, o Rei de todas as nações.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nova Oportunidade

Tudo o que é novo causa certa esperança e alegria. Muito mais quando trocamos o calendário e comemoramos o início de um novo ano civil. Eis que chegamos a 2010! Depois de tanta ansiedade pela chegada do ano 2000, ele já vai ficando para trás, e para muitas crianças de hoje, cidadãos do Século XXI, nós somos do século passado.


O tempo passa: tanto o kairós como o cronológico. Necessitamos de um olhar para o futuro que a cada dia se nos apresenta. O passado já ficou como história, e será contado de acordo com o ponto de vista que as pessoas irão colocar ou para comprovar as teses concebidas conforme suas ideologias.


Passamos a construir o futuro através do presente, através do hoje. Aliás, isso ocorre a cada segundo, minuto, mês, mas de maneira especial ao iniciar um novo ano.


A troca de um dígito no ano ou dos nossos calendários não significa, porém, que o mundo será melhor apenas porque desejamos a todos um "Feliz Ano Novo". O que faz a diferença é colocarmos em prática a Palavra de Deus, o seguimento de Jesus Cristo no tempo que o Senhor nos dá para viver.


Iniciamos o novo ano com a Solenidade de Maria, a Santa Mãe de Deus, e com o Dia Mundial da Paz. Gostaria que cada membro da nossa Arquidiocese se sentisse abraçado pelo seu Arcebispo neste início de ano civil. Peço também a todos para que, unidos, possamos construir dias melhores a cada dia deste novo ano.


As esperanças se renovam, as alegrias comovem os corações, a abertura para o bem ocorre neste tempo. Prolonguemos essa disposição e façamos, como cristãos, a diferença de construir, juntos, a paz - "não se pode amar com armas ofensivas em punho" (Papa Paulo VI - 1965).


A você e a todos os seus, desejo que "o Senhor abençoe e guarde, faça brilhar sobre você a Sua face e lhe dê a paz". Desta maneira poderemos, comprometidos, desejar-nos um "Feliz Ano Novo".


Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro


Fontes:

Folheto "A Missa", Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria, 1º/01/2010.

http://www.sbait.org.br/img/mapa_brasil.jpg