domingo, 24 de janeiro de 2010

A Palavra que renova



     A liturgia deste Terceiro Domingo do Tempo Comum coloca diante dos nossos olhos um dos momentos mais sublimes da História do Povo Eleito. Durante cinco décadas, desterrado de sua pátria, longe de suas raízes, os hebreus sentavam-se junto aos rios da Babilônia, chorando com saudades da terra de seus pais.
     Finalmente, após a experiência traumática do Exílio (586-538 A.C.), esse povo, que fora banido, exilado e humilhado, regressa à sua pátria, encontrando-a destruída: não há mais muralhas, e o Templo, que era o orgulho do povo hebreu, havia sido saqueado e reduzido a ruínas. Uma coisa, porém, permanecera viva: a Palavra de Deus. Durante todo esse tempo, fora ela o sustentáculo na terra estrangeira, dando forças para perseverar na fé e manter a coesão de todo o povo. Será em torno dela que se reconstruirá uma nação, ganhando nova forma, restaurando a própria identidade.
      Nesta grande assembléia, convocada por Neemias e Esdras, o povo escutará a Palavra de Deus lida na língua hebraica, que eles já não mais entendem. Ela é traduzida para a nova língua que surge após o exílio: o aramaico, pois é necessário que o povo compreenda a riqueza daquela Palavra que o manteve unido.
     A leitura da Palavra de Deus, espada de dois gumes, provoca lágrimas naqueles que reconhecem seus erros e pecados, mas também faz suscitar em seus corações a alegria de um Deus que não nos abandona, nem mesmo quando d'Ele nos afastamos.
    Também hoje, nos reunimos ao redor da Palavra. Certamente ela nos faz reconhecer que somos pecadores mas, ao mesmo tempo, nos alenta, nos encoraja e nos convida à conversão e à vida nova: por mais dificuldades e desafios que possamos enfrentar, somos chamados a não desanimar, e a encontrar na Palavra a força que nos sustenta. Que não haja lugar para a tristeza, pois a alegria do Senhor é a nossa força.
        Fontes:
           Folheto "A Missa", 3º Domingo do Tempo Comum, 24/01/10.

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