domingo, 29 de novembro de 2009

1º Domingo do Advento 2009 - Tempo de Desejo

Iniciamos hoje um novo Ano Litúrgico com o Advento, que já foi cognominado "Quaresma do Natal", mas que é tempo de alegre expectativa, esperança, serenidade, reflexão, oração e purificação, preparando-nos para Aquele que vem. No Evangelho deste domingo, Jesus nos fala primeiramente do fim do mundo. Já o Antigo Testamento - na chamada "literatura apocalíptica", como em algumas passagens do Livro de Daniel -, mencionava a crise do final dos tempos. A linguagem do Evangelho, que à primeira vista nos assusta, põe em evidência acontecimentos da História que nos dão ocasião de ler, nos sinais dos tempos, um perene convite à conversão e a colocarmos nossa confiança em Deus.

A este relato, Jesus insere um elemento totalmente novo: o mundo novo que está para nascer será, antes de tudo, Ele mesmo: "Então se verá o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória." Diante disto, há duas maneiras de reagir ao seu anúncio: primeiro, com temor, para aquele que vive na iniqüidade, praticando a injustiça e longe de Deus; segundo, vivendo a alegre expectativa de quem, já neste mundo, vive na presença d'Aquele que vem. Ao longo da História, muitos são os que alardearam o fim do mundo para esta ou aquela data. Quem de nós nunca ouviu falar de profecias, tão em voga, muitas vezes utilizadas pela mídia para vender revistas, livros, divulgar filmes, ou de certas denominações religiosas, desejosas de atrair fiéis desavisados, aterrorizando-os pelo medo?

Cristãos que somos, poderíamos desejar algo melhor do que Jesus como conclusão e cumprimento de nossa vida e do próprio universo? Como poderíamos deixar-nos escravizar pelo medo, se Ele mesmo promete vir ao nosso encontro? Jesus nos confia o segredo de vencer o medo: vigiar e orar. Nessas horas, Jesus toma-nos pela mão. Face a face com Jesus, Ele nos dirá, como outrora aos amedrontados discípulos: "Coragem, não temais, sou Eu!"

Por isso mesmo, o Advento é o tempo litúrgico que infunde em nós o ansioso desejo. Desejamos a chegada do amigo: "Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz" (Antoine de Saint-Éxupéry, O Pequeno Príncipe). O trabalhador espera ardentemente o décimo terceiro salário. As crianças desejam o presente que virá no Natal. Quantos não aguardam ansiosamente pessoas amadas que se encontram nessas datas! E mesmo aqueles que, nestes dias, sentem tão forte a ausência dos entes queridos, experimentam, sem o perceber, na saudade, o profundo desejo do reencontro um dia no Céu, fruto da esperança cristã da vida eterna. Ao mesmo tempo, não somos somente nós que vivemos, no Advento, a dimensão do desejo. De certo modo, toda a nossa vida é tempo de paciência, da espera e do desejo de Deus que, dando-nos a vida, espera que nos desacomodemos, que caminhemos e que nos decidamos por Ele.


Fontes:

Folheto "A Missa", 29/11/09.

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