Meu amado, minha amada:
"Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar. Disse-lhe alguém: 'Tua mãe e teus irmãos estão aí fora, e querem falar-te.' Jesus respondeu-lhe: 'Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?' E, apontando com a mão para os seus discípulos, acrescentou: 'Eis aqui minha mãe e meus irmãos.Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.'" (Mt 12, 46-50)
Pois é, quando Jesus dá esta resposta, Ele não quer menosprezar Nossa Senhora nem Seus primos - a palavra "irmãos", em hebraico, é utilizada também para designar "primos", "parentes". Ele quer nos mostrar que, mais importante do que um título (Nossa Senhora é Mãe de Jesus pois Ele nasceu do ventre dela), a função materna depende do amor, da dedicação, da fidelidade que uma pessoa consagra a outra para que esta se desenvolva, cresça, tenha uma vida repleta de dignidade, confiança em Deus, sabedoria etc. Ser mãe é saber se dedicar ao próximo de todo o coração, esquecendo-se de si mesma, e isto independe da pessoa gerar ou não filhos. Uma vez, uma freira amiga minha me disse que a boa religiosa, em geral, é aquela que tem a vocação à maternidade. Interessante, não? E hoje em dia, quantos pais existem que precisam ser verdadeiras "mães" para seus filhos pequenos, por diversos motivos? São os conhecidos "pães" (pais "mães").
Estava eu pensando sobre o que escrever em comemoração ao Dia das Mães. Afinal de contas, é uma data preciosa, não poderia deixar passar em brancas nuvens, não é? Só que tudo o que eu pensava acabava soando muito "clichê", muito "lugar comum", como mensagens que todo mundo publica na internet ou daquelas que assistimos na televisão todos os anos. Mesmo quando pensava em termos religiosos, tudo me soava muito repetitivo. Até que...
...Lembrei-me de um pequeno detalhe, do qual ninguém se lembra nesta época, ou quase ninguém, e na verdade não é tão pequeno assim: e aquelas mulheres que, a uma certa altura da vida, acabam se tornando mães de suas próprias mães e/ou pais? E aquelas mulheres que, por serem bem mais velhas que os irmãos mais novos, acabam criando os mesmos como se fossem seus filhos, ou seja, as "irmães" (irmãs "mães")? Percebi que, "por acaso", eu me encontro em ambas as situações. Então resolvi partilhar um pouco a respeito com você, que está navegando por aqui. Que, de repente, pode estar vivendo o mesmo que eu.
Graças a Deus, minha mãe é uma pessoa muito ativa, muito mais do que eu até, mas em determinadas situações ela conta com a minha presença, não tanto por uma questão de dependência, mas porque ela quer que eu esteja a par do funcionamento da casa, da vida dela, da vida da família enfim. Mas às vezes acabo dando uma de mãe dela, em determinados momentos, e confesso ser muito estranho quando isso acontece. Por exemplo, muitas vezes ela pede para eu decidir algo importante, e se eu vejo que é ela quem deve decidir a questão, acabo agindo como aquela mãe que precisa transmitir a confiança necessária aos filhos para que eles decidam suas questões por si próprios.
Com relação a ser "irmãe", é muito engraçado. Minha irmã caçula por parte de pai está agora com onze anos. De vez em quando ela vem aqui para casa, geralmente nos fins-de-semana, devido à escola. Procuro passar para ela a educação que recebi da minha família durante a minha infância. Naquela época, anos 70/80, a vida era bem diferente do que é agora. Os valores eram outros. Claro que não posso agir com minha irmã como se estivéssemos naquela época, porém eu sei que posso adaptar os ensinamentos que recebi à linguagem de hoje. É uma questão de "didática". Eu sei que muitas vezes sou rígida, chata, pareço implicante, mas no final das contas ela mesma acaba reconhecendo que, se "pego no pé" dela, é porque eu a amo incondicionalmente e porque quero o melhor para ela. Como geralmente as mães fazem com seus filhos. Não é? Mas também nos divertimos muito! Por exemplo, vamos ao cinema juntas, adoramos ficar horas em livrarias, vamos a exposições, ela ama tudo o que seja relativo à França (estou me formando em Francês) e ela toca piano! Como você pode perceber, também sou super "coruja" em relação a ela. Coisa de "irmãe".
Nesta minha situação, mãe da minha mãe e "irmãe" da minha irmã, eu penso em todas as mulheres do mundo inteiro que passam pelas mesmas experiências que eu, todos os dias, e penso na importância de nos lembrarmos de todas essas mulheres. Muitas são mães de fato, pois além de cuidarem de suas mães, pais ou irmãos, também cuidam de seus próprios filhos. Outras, como eu, não têm filhos. Penso no que Jesus disse, naquela ocasião, "Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe". Concluo que, para ser mãe, de fato ou de direito, o mais importante é entender que Deus está acima de tudo e de todos, que a vontade d'Ele é sábia e que, cumprindo-a, estaremos vivendo de fato a Salvação que Jesus nos concedeu pelo Seu Sangue.
A todas as mães navegantes do Rio de Deus, meu grande beijo e o meu desejo de que sejam sempre muito abençoadas e protegidas por Deus e por Nossa Senhora de Fátima, Rainha de Todos os Santos.
Gisele Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com
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