Um estilo de vida simples para propagar a Páscoa no mundo
O anúncio da Páscoa propaga-se no mundo com um estilo de vida "ázimo", isto é, simples, humilde e fecundo de obras boas, afirmou Sua Santidade na homilia pronunciada durante a celebração da Santa Missa na manhã do dia de Páscoa, 12 de Abril, na Praça de São Pedro.
Amados irmãos e irmãs!
"Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado" (1 Cor 5, 7): ressoa hoje esta exclamação de São Paulo que ouvimos na segunda leitura, tirada da primeira Carta aos Coríntios. É um texto que remonta apenas a uns vinte anos depois da morte e ressurreição de Jesus e no entanto como é típico de certas expressões paulinas já encerra, numa síntese admirável, a plena consciência da novidade cristã. Aqui, o símbolo central da história da salvação o cordeiro pascal é identificado em Jesus, chamado precisamente "o nosso cordeiro pascal". A Páscoa hebraica, memorial da libertação da escravidão do Egipto, previa anualmente o rito da imolação do cordeiro, um cordeiro por família, segundo a prescrição de Moisés. Na sua paixão e morte, Jesus revela-Se como o Cordeiro de Deus "imolado" na cruz para tirar os pecados do mundo. Foi morto precisamente na hora em que era costume imolar os cordeiros no Templo de Jerusalém. O sentido deste seu sacrifício tinha-o antecipado Ele mesmo durante a Última Ceia, substituindo-Se sob os sinais do pão e do vinho aos alimentos rituais da refeição na Páscoa hebraica. Podemos assim afirmar com verdade que Jesus levou a cumprimento a tradição da antiga Páscoa e transformou-a na sua Páscoa.
A partir deste novo significado da festa pascal, compreende-se também a interpretação dos "ázimos" dada por São Paulo. O Apóstolo refere-se a um antigo costume hebraico, segundo o qual, por ocasião da Páscoa, era preciso eliminar de casa todo e qualquer resto de pão fermentado. Por um lado, isto constituía uma recordação do que tinha acontecido aos seus antepassados no momento da fuga do Egipto: saindo à pressa do país, tinham levado consigo apenas fogaças não fermentadas. Mas, por outro, "os ázimos" eram símbolo de purificação: eliminar o que era velho para dar espaço ao novo. Agora, explica São Paulo, também esta antiga tradição adquire um sentido novo, precisamente a partir do novo "êxodo" que é a passagem de Jesus da morte à vida eterna. E dado que Cristo, como verdadeiro Cordeiro, Se sacrificou a Si mesmo por nós, também nós, seus discípulos graças a Ele e por meio d'Ele podemos e devemos ser "nova massa", "pães ázimos", livres de qualquer resíduo do velho fermento do pecado: nada de malícia ou perversidade no nosso coração.
"Celebremos, pois, a festa (...) com os pães ázimos da pureza e da verdade": esta exortação de São Paulo, que conclui a breve leitura que há pouco foi proclamada, ressoa ainda mais forte no contexto do Ano Paulino. Amados irmãos e irmãs, acolhamos o convite do Apóstolo; abramos o espírito a Cristo morto e ressuscitado para que nos renove, para que elimine do nosso coração o veneno do pecado e da morte e nele infunda a seiva vital do Espírito Santo: a vida divina e eterna. Na Sequência Pascal, como que respondendo às palavras do Apóstolo, cantámos: "Scimus Christum surrexisse a mortuis vere sabemos que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos". Sim! Isto é precisamente o núcleo fundamental da nossa profissão de fé; é o grito de vitória que hoje nos une a todos. E se Jesus ressuscitou e, por conseguinte, está vivo, quem poderá separar-nos d'Ele? Quem poderá privar-nos do seu amor, que venceu o ódio e derrotou a morte?
O anúncio da Páscoa propaga-se pelo mundo com o cântico jubiloso do Aleluia. Cantemo-lo com os lábios; cantemo-lo sobretudo com o coração e com a vida: com um estilo "ázimo" de vida, isto é, simples, humilde e fecundo de obras boas. "Surrexit Christus spes mea: / precedet suos in Galileam ressuscitou Cristo, minha esperança / precede-vos na Galileia". O Ressuscitado precede-nos e acompanha-nos pelas estradas do mundo. É Ele a nossa esperança, é Ele a verdadeira paz do mundo. Amém.
L'osservatore Romano, 18/04/2009.
Páscoa, Tempo de Aprender a Semear
"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto" (Jo 12, 24). Querido irmão, aproximando-se os dias de sua paixão, o Senhor Jesus comparou sua cruz e seu sacrifício com o grão de trigo que germina na terra. Que mistério maravilhoso! Ali onde os homens eram capazes de ver apenas fracasso e derrota, Nosso Senhor viu uma semente de vida. Ele nos ensina, assim, a olhar para a cruz com esperança. Como você tem olhado para a sua cruz de cada dia? Em alguns momentos ela pode ter lhe inspirado medo ou revolta, quem sabe? Mas, nessa Páscoa, Jesus deseja ensiná-lo a olhar para a cruz e ver o que Ele mesmo vê. Sua cruz (aquele momento em que seu coração é dilacerado como o grão de trigo que se rompe para germinar) é, certamente, o início de novas bênçãos. Não há nada de precioso que Deus faça em nossa vida que não seja marcado pelo sinal da cruz, que não passe pela prova da paciência e da perseverança. Quantos sonhos carregamos em nosso coração... Quanta coisa boa desejamos ver acontecer em nossa família, em nossa vida, ao nosso redor... Contudo, realizam seus sonhos somente aqueles que não desanimam diante da cruz de cada dia mas, ao contrário, vêem nela o caminho que os conduzirá até a vitória de Deus. Não foi assim com o nosso Senhor e Mestre? Jamais esqueça dessa verdade: todos são capazes de sonhar, crentes ou incrédulos. Contudo, os realizadores de sonhos são aqueles que sabem que todo sonho passa pela cruz. Desejaríamos talvez que o Senhor retirasse de nosso caminho todo obstáculo ou prova que nos separa da realização de nossos propósitos. Contudo, é só atravessando obstáculos e provas, sustentados pela mão de Deus (pois nessas horas nossas próprias forças se esgotam), que pesamos o real valor de nossos objetivos. Nossa própria salvação foi conquistada pelo amor de Jesus transformado em sangue derramado. Como devemos, portanto, guarda-la como um bem preciosíssimo. A diferença entre um sonho apenas sonhado e um sonho realizado é que o último foi moldado e purificado pela prova da cruz. Quando estiver carregando a cruz de cada dia, ou quando for pregado na cruz da injustiça e da ingratidão, lembre que os sonhos que Deus guardou em seu coração são muito preciosos e valem a pena. Que, nessa Páscoa, o seu coração se encha de esperança novamente. Ali onde tudo é tão difícil e pensamos em desistir, Deus semeou grandes vitórias do seu infinito amor. Que Jesus, nosso amado Senhor Crucificado e Ressuscitado, nos ensine a passar pela cruz como quem sabe que ela não é o fim mas, ao contrário, o início de um novo tempo do poder de Deus em nossa vida. Vamos orar:
Senhor Jesus, eu te agradeço porque sei que conheces o peso da minha cruz. Conto contigo para suportá-la com confiança e amor até o fim. Obrigado porque a cruz não é capaz de matar os sonhos de Deus para mim mas, ao contrário, faz-me ver que eles valem a pena e que não posso desistir deles. Ajuda-me, Senhor, com o teu Espírito Santo. Que Ele seja o meu reservatório infinito de forças e coragem, para que eu seja fiel a ti em meio às provas do dia-a-dia. Eu te louvo, Senhor, porque olhando para a minha cruz desse dia vejo uma pequena semente de novas graças que estão por vir. Por tudo, Jesus, muito obrigado.
Pe. Antonio José
antoniojose@riodedeus.com
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