sexta-feira, 10 de abril de 2009

Dois irmãos e uma Mãe















Meu amado, minha amada:

No dia 13 de maio de 2000, o saudoso Papa João Paulo II esteve em Fátima e, do «Altar do Mundo» (o Santuário de Fátima), beatificou Francisco e Jacinta Marto, os mais jovens cristãos não-mártires da Igreja.

Dois irmãozinhos portugueses, que viveram no início do Século XX, numa pequena aldeia chamada Aljustrel, naquela mesma cidade. Eram filhos de um casal de agricultores muito simples, Manuel Pedro Marto e de Olímpia de Jesus Marto, que faziam de tudo para dar aos nove filhos uma boa educação e o aquilo que eles podiam oferecer-lhes de melhor: a consciência de como é fundamental confiar em Deus.

Os irmãos viviam pastoreando seu rebanhozinho, brincando, rezando, como qualquer criança daquela região, naquela época. Nada de extraordinário havia neles. Até que, um dia...

A treze de maio na cova da Iria

No céu aparece a Virgem Maria

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

A três pastorinhos cercada de luz

Visita Maria, a Mãe de Jesus

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

A Mãe vem pedir constante oração

Pois só de Jesus nos vem a salvação

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

Da agreste azinheira a Virgem falou

E aos três a Senhora tranqüilos deixou

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

Então da Senhora o nome indagaram

Do Céu a Mãe terna bem claro escutaram

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

Se o mundo quiserdes da guerra livrar

Fazei penitência de tanto pecar

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

A Virgem lhes manda o Terço rezar

A fim de alcançarem da guerra o findar

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

Com estes cuidados a Mãe amorosa

Do Céu vem os filhos salvar carinhosa

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria

Ave, ave, ave Maria!

Francisco Marto

Francisco nasceu no dia 11 de Junho de 1908 e, no dia 20 do mesmo mês, recebeu o batismo, tornando-se oficialmente membro da Família de Deus.


De caráter dócil e condescendente, fez frutificar a boa educação que os pais lhe deram. Em casa, começou a conhecer e a amar Deus, a rezar, a participar nas sagradas funções paroquiais, a ajudar o próximo necessitado, a ser sincero, justo, obediente e diligente. Viveu em paz com todos, fossem adultos ou crianças. Não se irritava quando o contrariavam e, nos jogos, não encontrava dificuldades em se adequar à vontade dos outros. Era sensível à beleza da natureza, que contemplava com admiração; deleitava-se com a solidão dos montes e ficava extasiado perante o nascer e pôr do sol. Chamava o sol de
«candeia de Nosso Senhor», e enchia-se de alegria ao aparecerem as estrelas, que apelidou de «candeias dos Anjos». Era de tal inocência que dizia que, ao chegar ao Céu, havia de colocar azeite na lamparina da Virgem Maria.


Logo que pôde, quando chegou aos seis anos, foi-lhe confiada a guarda do rebanho, que diariamente pastoreava. Segundo o costume, saía de manhã cedo com a sacola levando o alimento e a flauta, com a qual se divertia, e voltava para casa ao pôr do sol. Muitas vezes era acompanhado pela irmãzinha, Jacinta, e ambos se reuniam à prima
*Lúcia de Jesus dos Santos, que também guardava as suas ovelhas.

Estas crianças declararam ter visto três vezes um anjo no ano de 1916. Este acontecimento inesperado, imprevisto, constitui para Francisco o início de uma experiência espiritual cada dia mais generosa, eficaz e intensa. De repente começou a tornar-se mais piedoso e taciturno; recitava freqüentemente a oração ensinada pelo anjo: “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão por aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.”

Francisco estava realmente disposto a oferecer sacrifícios pela salvação dos que não acreditam, não esperam e não amam.

Do dia 13 de Maio até ao dia 13 de Outubro de 1917, algumas vezes, juntamente com Jacinta e Lúcia, foi-lhe concedido o privilégio de ver a Virgem Maria na Cova da Iria. A partir daí, inflamado cada vez mais no amor por Deus e pelas almas, tinha uma só aspiração: rezar e sofrer de acordo com o pedido da Virgem Maria. Se extraordinária foi a medida da benignidade divina para com ele, extraordinária foi também a maneira como ele quis corresponder à graça divina na alegria, no fervor, e na constância. Não se limitou apenas a ser como que um mensageiro que transmitia as palavras da Virgem, que eram o pedido de penitência e de oração que vinha do próprio Deus. Mais do que isso, com todas as suas forças, Francisco viveu sua vida conforme a mensagem que ele anunciou mais através da bondade de seus atos do que com palavras.


Costumava dizer:
«Que belo é Deus, que belo! Mas está triste por causa dos pecados dos homens. Eu quero consolá-Lo, quero sofrer por Seu amor.»

Manteve este propósito até ao fim. Durante as aparições, suportou com espírito inalterável e com admirável fortaleza as más interpretações, as injúrias, as perseguições e mesmo alguns dias de prisão. Resistiu respeitosa e fortemente à autoridade local, que tentou fazer de tudo para descobrir o segredo revelado pela Virgem Santíssima às três crianças, infundindo coragem simultaneamente à irmã e à prima. Todas as vezes que o ameaçavam com a morte, Francisco respondia: «Se nos matarem não importa: vamos para o Céu.»


O pastorzinho já rezava habitualmente antes das aparições, mas depois, movido por um espírito avivado e amadurecido de fé em Deus, ele tomou consciência do chamado que lhe foi feito. Entregou-se zelosa e constantemente à oração segundo as intenções da Virgem Maria. Procurava o silêncio e a solidão para mergulhar totalmente na contemplação e no diálogo com Deus.


Francisco era assíduo às Santas Missas. Nutria uma especial devoção à Sagrada Eucaristia e passava muito tempo na igreja, adorando o Sacramento do altar, a que chamava
«Jesus escondido». Recitava diariamente os quinze mistérios do Rosário e muitas vezes mais, a fim de satisfazer o desejo da Virgem; para isso gostava de juntar orações e jaculatórias que tinha aprendido no catecismo e que o Anjo, a Virgem Santíssima e piedosos sacerdotes lhe tinham ensinado. Rezava para consolar Deus, para honrar a Mãe do Senhor, a quem muito amava, para ser útil às almas do purgatório, para auxiliar o Sumo Pontífice no seu importante serviço de Pastor Universal; rezava pelas necessidades do mundo transtornado pelo pecado; rezava pela Igreja e pela salvação eterna das almas. Rezava sozinho, com os familiares, com os peregrinos, manifestando um profundo recolhimento interior e uma confiança segura na bondade divina.


Como tivesse sabido da Virgem Maria que a sua vida seria breve, passava os dias na ardente expectativa de entrar no Céu. E, de fato, tal expectativa não foi longa. Com efeito, apesar de ser robusto e de gozar de boa saúde, em Outubro do ano de 1918 foi atingido pela grave epidemia bronco-pulmonar chamada «gripe espanhola». Do leito em que caiu não chegou a levantar-se; pelo contrário, no ano de 1919, o seu estado de saúde agravou-se. Sofreu, com íntima alegria, a sua enfermidade e as suas enormes dores, em oblação a Deus. À prima Lúcia, que lhe perguntava se sofria, respondeu: «Bastante, mas não me importa. Sofro para consolar Nosso Senhor e, em breve, irei para o Céu.» No dia 2 de Abril, recebeu santamente o Sacramento da Penitência e, no dia seguinte, foi finalmente alimentado com o Corpo de Cristo, como Santo Viático. Ao despedir-se dos presentes, prometeu rezar por eles no Céu.


Entrou piedosamente na Vida Eterna, que veementemente desejara, no dia 4 de Abril de 1919. Foi sepultado no cemitério de Fátima, mas depois as suas relíquias foram transladadas para o Santuário, que fôra construído onde a Virgem aparecera.


*Mais tarde, Lúcia se tornaria Irmã Lúcia do Coração Imaculado, na Ordem das Carmelitas Descalças. Ela foi a única dos três pequenos videntes que falava com a Virgem Maria, pois sua prima Jacinta podia ouvi-la, mas não podia falar com a Virgem. Francisco nem sequer ouvia as palavras de Nossa Senhora. Assim sendo, Lúcia era a portadora do Segredo de Fátima. Ela morreu em 13 de Fevereiro de 2005, aos 98 anos de idade, no Convento Carmelita de Santa Teresa, em Coimbra. O seu corpo foi transladado de Coimbra para o santuário de Fátima em 19 de Fevereiro de 2006.

Jacinta Marto

Jacinta, irmã de Francisco Marto, era a sétima filha da família Marto. Nasceu no dia 11 de Março de 1910. No dia 19 do mesmo mês recebeu a graça do Batismo.

Assim como seu irmão, recebeu dos pais uma excelente educação moral e religiosa. Desde tenra idade mostrou o gosto pela oração, a preocupação pelas verdades da fé, prudência na escolha das amizades e um sereno espírito de obediência. De índole vivaz, expansiva e alegre, gostava de brincar e dançar; cativava a simpatia dos outros, se bem que tivesse certa inclinação a dominar e não gostava muito de ser contrariada. Era, por assim dizer, bastante «zeloza» com seus pertences. Mas depois mudou completamente, tornando-se um modelo esplêndido de humildade, de mortificação e de generosidade.

Logo que pôde, começou a trabalhar, acompanhando seu irmão, Francisco, um pouco mais velho do que ela, no pastoreio do rebanho. Ambos gostavam de se juntar à prima, Lúcia, que era também pastora de ovelhas. Deste modo, as três crianças, unidas por uma grande amizade, passavam o dia inteiro nesta atividade que, apesar de trabalhosa, era por eles executada diligentemente e com prazer, porque lhes deixava tempo para brincar e para rezar, permitindo-lhes usufruir das belezas naturais.

O fato que, inesperadamente, mudou a vida dos três, aconteceu no ano de 1916: eles disseram ter visto, por três vezes, um anjo que os exortava a rezar e a fazer penitência pela remissão dos pecados e para obter a conversão dos pecadores. A partir deste momento, a pequena Jacinta aproveitava todas as ocasiões para fazer o que o anjo lhe pedira.

Desde o dia 13 de Maio até ao dia 13 de Outubro de 1917, juntamente com Francisco e Lúcia, teve o privilégio de ver várias vezes a Virgem Maria no lugar chamado Cova da Iria, perto de Fátima. Cheia de alegria e gratidão pelo dom recebido, quis imediatamente responder, com todas as forças, à exortação da Virgem Maria, que lhes pedia orações e sacrifícios em reparação dos pecados que ofendem Deus e o Imaculado Coração de Maria, e pela conversão dos pecadores.

Dócil à ação da graça divina, Jacinta separou-se das coisas terrenas, a fim de se voltar para as coisas celestes e, voluntariamente, consagrou a sua vida para entrar, um dia, no Paraíso. Estava constantemente mergulhada na contemplação a Deus, em diálogos íntimos com Ele. Procurava o silêncio e a solidão e, de noite, levantava-se da cama para rezar e livremente expressar o seu amor ao Senhor. Em pouco tempo, a sua vida interior se notabilizou por uma grande fé e por uma enorme caridade.

A propósito disto dizia: «Gosto tanto de Nosso Senhor! Por vezes julgo ter um fogo no peito, mas que não me queima.» Gostava muito de contemplar Cristo Crucificado e comovia-se até às lágrimas ao ouvir a narração da Paixão. Então, afirmava já não querer cometer pecados para não fazer Jesus sofrer. Alimentou uma ardente devoção à Eucaristia, que visitava freqüentemente, horas a fio, na igreja paroquial, escondendo-se no púlpito, onde ninguém a pudesse ver nem causar-lhe distrações.


Desejava alimentar-se do Corpo de Cristo, mas isso não lhe foi permitido por causa da idade. Encontrava, contudo, consolação na comunhão espiritual. De igual modo honrou a Virgem Maria com um amor terno, filial e alegre e, constantemente, correspondeu às suas palavras e desejos; muitas vezes, honrava-a com a recitação do Rosário e com piedosas jaculatórias.

O seu desejo de sofrer tornou-se mais notório durante a longa e grave doença que a atingiu a partir de Outubro do ano de 1918. Contaminada, assim como seu irmão, Francisco, pela epidemia bronco-pulmonar, a que chamavam «gripe espanhola», o seu estado de saúde agravou-se pouco a pouco, de tal forma que teve de suportar a idéia de ter de ser operada. Sabendo que lhe restava pouco tempo de vida, multiplicou os sacrifícios, as penitências e as privações, de forma a cooperar ao máximo das suas possibilidades na obra da Redenção. Porém, o que lhe custou mais foi o ter de deixar a sua família, a fim de ser tratada num hospital. Prevendo morrer sozinha, isto é, longe dos seus queridos familiares, disse:
«Ó meu Jesus, agora podes converter muitos pecadores, porque este sacrifício é muito grande!»

No dia 20 de Fevereiro de 1920 Jacinta pediu os Sacramentos. Recebeu apenas o Sacramento da Penitência: consciente de estar próxima da morte, pediu o Sagrado Viático, mas o sacerdote, não obstante a sua insistência, adiou-o para o dia seguinte.


Naquela mesma noite, longe dos pais e dos conhecidos, Jacinta morreu no hospital de Lisboa, onde havia algum tempo encontrava-se internada. Alcançara finalmente a meta dos seus desejos: a Vida Eterna.

Beatos Francisco e Jacinta, roguem a Deus por nós!

Adaptação:

Gisele Pimentel

gisele.pimentel@gmail.com

Fontes:

http://vagalume.uol.com.br/arautos-do-evagelio/a-treze-de-maio.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lúcia_de_Jesus_dos_Santos

http://www.cancaonova.com/portal/canais/liturgia/santo/index.php?&dia=20&mes=2&ano=2009

http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20090220&id=11330&fd=0

http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=48401&language=PT&img=&sz=full

http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=PT&module=saintfeast&localdate=20090220&id=11331&fd=0

http://www.evangelhoquotidiano.org/zoom_img.php?frame=51475&language=PT&img=&sz=full

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