Pe. Marcus Vinicius Maciel, ss.cc.
O olhar claro, firme e penetrante.
A atenção aos enfermos e aos pobres como marca de toda uma vida no seguimento de Jesus.
Um holandês com a aparência forte de camponês treinado no trabalho, no esforço e no sofrimento.
A presença do Padre Eustáquio permanece viva e atual em tantos quantos o conheceram ou se aproximam de seu testemunho e de sua Obra.
Seu túmulo em Belo Horizonte continua atraindo diariamente grande número de pessoas: pais e mães de família, crianças, adolescentes e jovens estudantes antes de ir às escolas que levam o seu nome, sofredores, doentes, desempregados,gente necessitada, mas cheia de fé, esperança e agradecimento.
“Saúde e Paz a todos. Saude a vossos corpos, mas, antes de tudo Paz a vossas almas.”
Cor. Rademarks, em sua recente história da Congregação, nos apresenta Eustáquio como:
“Um homem religioso tocado no fundo do seu coração pela miséria do povo. Esta gente necessitava algo que lhes ajudasse. Assim foi como Eustáquio van Lieshout fez quanto pode e encontrou o caminho para chegar a muitos e prestar-lhes uma ajuda real.”
Dizia Padre Eustáquio:
“Ganhar almas aliviar dores e sofrimentos é o meu grande ideal”,
Todos os dias, durante todo o dia, encontramos jovens e adultos, crianças e anciãos, ajoelhados diante de seu túmulo sempre coberto de flores frescas.
Os “Eustáquios” e as “Eustáquias” encontramos em muitas famílias, além de cidade, bairros, ruas, comércios, escolas, instituições assistenciais e religiosas que levam o seu nome.
É interessante notar que depois do começo em Água Suja e Poá, sua presença tão marcante não passa de alguns dias no Rio de Janeiro e em Campinas, alguns meses em Patrocínio , dois meses em Ibiá, e em Belo Horizonte não chega a completar uma ano e meio. Tudo isso sem os meios de comunicação de massa que hoje fazem próximas as mais distantes notícias.
Padre Eustáquio van Lieshout, foi um dos três primeiros religiosos da Congregação dos Sagrados Corações que chegaram ao Brasil.
“O ano 1925 será marcado pela entrada de nossa Congregação no imenso território brasileiro. Partiram de Amsterdã a 23 de abril, o Rvmo. Padre Norberto Poelman, provincial da Holanda e seus 3 companheiros os RR.PP. Gil van den Boogaard, Eustáquio van Lieshout e Matias van Roy, chegaram ao Rio de Janeiro a 12 de maio e em 15 de Julho tomaram posse do posto que lhes estava oferecido em Água Suja, na diocese de Uberaba.” (Annales des Sacrés-Coeurs, 1925 pp. 247-248)
Nascido a três de novembro de 1890 em Aarley-Rixtel, na Holanda, faleceu com apenas 53 anos em Belo Horizonte, Brasil no dia 30 de Agosto de 1943.
A partir de 1943, cada 30 de agosto se converte numa verdadeira romaria de milhares de devotos.
O jovem Humberto, seu nome de batismo, conheceu o exemplo de Damião de Molokai e queria ser missionário como ele.
Ingressou no noviciado e em 1915 tornou-se religioso dos Sagrados Corações.
Em 1919, recebeu a ordenação sacerdotal. Em poucos anos lhe foram confiadas diversas responsabilidades: serviço paroquial, entronizações, pregador de retiros e ajudante do mestre de noviços.
Ainda nestes primeiros anos de seu ministério sacerdotal trabalhou com uma vasta colônia de artesãos belgas, refugiados de guerra.
Seu extraordinário coração de Pastor começa a ser conhecido. Sua dedicação, zêlo e entrega sem distinção, foi reconhecida pelos reis belgas com uma condecoração.
Chega o momento de realizar o sonho de seguir ao Senhor sendo missionário como Damião.
Em 1924, é enviado à Espanha com outros sacerdotes da Congregação para aprender a língua e preparar-se para uma nova fundação na América Latina.
Partiram para a América sem uma definição específica.
A revista Annales de Sacré-Coeur de 1925 noticia a partida dos missionários holandeses com seu provincial para o Chile e já no próximo número noticia a citada instalação no Brasil.
O primeiro serviço assumido pela Congregação é o Santuário e Paróquia Nossa Senhora da Abadia em Água Suja, Região do Triângulo Mineiro,Estado de Minas Gerais, hoje Romaria, em pleno sertão mineiro.
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“Lembra-te sempre e antes de tudo: o nascimento, a vida, a morte de Jesus, eis a nossa Regra.” Pe. Coudrin.
“Não temos a fé escrita na fronte, mas devemos torna-la respeitada por nossa conduta, pelas obras que a honram e a conservam e mantém.” Pe. Coudrin.
Aqui nós temos uma bela ocasião para praticar as quatro idades da vida de Nosso Senhor. A educação da juventude é quase inteiramente negligenciada; a vida escondida se impõe forçosamente porque nós estamos a cerca de cem quilômetros da mais próxima estação de trem; a vida pública se traduz em viajar de Capela em Capela, pregando e fazendo o bem sem estardalhaço; as dificuldades sem número, as distâncias enormes, as viagens contínuas a cavalo por caminhos impossíveis, a ignorância extraordinária do povo fazem que não nos esqueçamos facilmente a vida do crucificado de nosso divino Modelo. (Carta do Padre Gil ao superior Geral, 7 de novembro de 1925).
A situação era de uma paróquia abandonada, o povo vivia do incerto “garimpo”: lavação de terra em busca de ouro e pedras preciosas, no Rio Bagagem, daí o nome Água Suja.
A incerteza do trabalho gera condições básicas de vida muito precárias e a convivência também deteriorada.
No entanto, Padre Eustáquio ganhou o coração do povo:
“Pois eu me acho feliz e satisfeito por ver tanta bondade que Deus quis derramar sob as almas do nosso bom povo de Minas. Estou certo, que, por causa de sua simplicidade, este povo agrada a Deus.”
“Os meios que nosso Senhor de modo especial me inspirou são: o ministério sacerdotal, a oração, a pregação, a visita aos doentes e a todos os que sofrem.”
Procurou conhecer as ervas nativas, aplicava e ensinava tratamentos, cuidava da saúde, visitava os enfermos. Procurou ser amigo de cada família. Ajudou a organizar uma escola para crianças e conseguiu a transformação do espírito local. O povo o considerava como santo sacerdote, pai e defensor dos pobres.
Quando foi transferido para Poá, um subúrbio de São Paulo, houve protesto e até revolta.
Água Suja foi sitiada, o carro que o buscava cercado e a casa paroquial vigiada.
Afinal, Pe. Eustáquio deixou a cidade a pé contra a vontade dos paroquianos.
Em Poá, subúrbio operário, segue seu serviço cuidando sempre dos pobres e doentes, com sua tradicional saudação, Saúde e Paz. Foi em Poá na arquidiocese de São Paulo que Padre Eustáquio casualmente tornou-se famoso por suas curas e bênçãos.
Em 1935 foi à Holanda para férias e teve a oportunidade de peregrinar até o Santuário de Nossa Senhora em Lourdes e daí trouxe água benta. Grande devoto de Nossa Senhora, construiu uma pequena gruta e avisou ao povo que poderiam desfrutar da água da gruta que sempre era cuidadosamente misturada com um pouco da água trazida de Lourdes. Terminada aquela de Lourdes passou ele mesmo a abençoar a água segundo o ritual da Igreja. Tal foi o afluxo de romeiros em busca da água benta pelo “Vigário de Poá” que a saúde pública, a vida cotidiana da cidade e da pastoral paroquial ficaram ameaçadas. As autoridades municipais, os superiores da Congregação e os Bispos, trataram de conter a situação.
Padre Eustáquio devia retirar-se por um tempo até ser esquecido pela multidão.
Começa uma vida errante. Vai de uma comunidade a outra. Mas, em toda parte acontece o mesmo: é descoberto pelo povo e multidões vão atrás dele. Sofreu muito com tudo isso, mas foi obediente.
Derix, um autor holandês escreveu:
“Quando o povo começou a procurar ao Padre Eustáquio, começou também sua via sacra. Um caminho de cruz que continuaria até sua morte prematura. Um caminho de total submissão, de abandono completo, de oração e trabalho”.
Com o consentimento do Cardeal Leme, chega ao convento dos padres na sede da Congregação no Rio de Janeiro, onde ocorrem os mesmos tumultos de Poá. O Vigário Geral é obrigado a comunicar-lhe que deve deixar a cidade. Seus superiores religiosos decidem por um oportuno esconderijo temporário. Sua vida de andarilho, fugindo da fama, por ordem de seus superiores, vai levá-lo a um “retiro” em uma fazenda em Rio Claro, no interior de São Paulo e aí teve até o nome mudado para “Padre José”.
Foi neste retiro que experimentou a convicção de:
“Ter sido escolhido por Deus para cumprir uma missão especial que se resumia no seguinte: erguer uma barreira contra a heresia espírita, bem como trazer de volta à Igreja por suas benção e pastoreio, tanta gente transviada da verdadeira fé., e para isso tinha a convicção de que Deus lhe concedera dons especiais e certos carismas’. (Processo de beatificação, Belo Horizonte, 1962 , art. 52, p. 34).
Entristecido com o isolamento pastoral chega a pedir ser enviado a Argentina, Chile ou Portugal, onde poderia começar novamente como desconhecido. Antes que tal proposta se realizasse acabou sendo descoberto em seu esconderijo.
D. Francisco Barreto, bispo de Campinas, seu confessor, assumiu a responsabilidade de levá-lo consigo a Campinas, e os jornais noticiam que entre os dias 16 e 18 de Junho de 1941 acorreram a ele pessoas de toda a cidade:
“Não havia distinção: ricos e pobres mereciam o mesmo carinho”.
(Jornal Correio Popular, Campinas, 1941)
Deixando o retiro em Rio Claro vai para a cidade de Patrocínio em Minas Gerais, na comunidade do Colégio Dom Lustosa e capelão da Igreja Santa Luzia.
Em seguida, durante dois meses vai atuar como vigário na vizinha cidade de Ibiá.
Em abril de 1942, a Congregação assume a Paróquia de Cristo Rei, pobre e afastada, na periferia de Belo Horizonte. Padre Eustáquio é aceito por D. Cabral como o novo pároco.
Padre Hermegildo Verhoeven será seu auxiliar.É impressionante o testemunho de Padre Hermenegildo que até seus últimos dias e enfermidade não apenas manifestava um grande carinho e respeito pelo confrade Eustáquio, mas uma verdadeira devoção e confiança em sua intercessão.
Pregando retiros em escolas e associações de classe, os primeiros momentos do Pe. Eustáquio em Belo Horizonte serão de certa tranqüilidade popular. Mas, logo, começa a procura das pessoas e com a ajuda dos outros padres chegará a uma tal organização que o pároco atendia diariamente a um número fixo de peregrinos. Uma tentativa de combinar o trabalho pastoral paroquial e atenção aos que vinham de longe.
Aos poucos vai organizando a nova paróquia e visita com regularidade as famílias e os enfermos. Começou a construção da nova Matriz dos Sagrados Corações, que acabou conhecida até hoje como Igreja “do” Padre Eustáquio. Para os mais pobres, os sofredores e enfermos dedicava o melhor de seus serviços. Organizou com as “Damas da Caridade” a atenção aos pobres. Fundou a “União Operária”. Atendia a todo o povo, desdobrando-se em tantas atividades apostólicas quantas sentia necessárias. Dizia que
“ Não podia dormir tranqüilo pensando nas crianças abandonadas de sua paróquia”.
Convidado por diversos sacerdotes além de atender a sua paróquia, por ordem dos superiores atendeu muitas outras da arquidiocese, além de registros de visitas às cidades de Nova Lima, Itaúna, Pará de Minas, Juiz de Fora, Pedro Leopoldo, Santa Bárbara e Montes Claros.
Pouco mais de um ano após sua chegada a Belo Horizonte foi picado por um inseto, contraindo tifo enxantemático. Os primeiros sintomas apareceram apenas oito dias antes de sua morte.
Sofreu terrivelmente com dores e sangrias.Naquela época,sem anestesia nem penicilina.
“Durante três dias o Padre Eustáquio sofreu com asfixiantes soluços; sua língua era azul escuro, parecendo carne crua. Eu ajudava o médico na aplicação das sangrias, que eram feitas com lâminas Gilette. Seu dorso era cortado, para extração do sangue preto e coagulado. Sofria ele horrivelmente. Apertava e esmagava minha mão por causa da intensa dor que sofria. Nunca, porém, se queixou. Padre Eustáquio me edificou seriamente nestes transes.” (Padre Humberto,ss.cc.)
Na véspera de sua morte renovou os votos como religioso dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria em cujo serviço prometera viver e morrer.
A presença do amigo, companheiro da primeira hora e atual superiror do Brasil, Padre Gil era muito reclamada pelo enfermo. Na manhã do dia 30 de maio ao receber a visita esperada, Padre Eustáquio, pronunciou suas ultimas palavras: “Padre Gil! Deo Gratias!”
A notícia de sua morte espalhou-se rapidamente. O velório interminável atravessou toda a noite. Um cronista da época relata que o Cemitério Municipal parecia dia de finados.
Em Janeiro de 1949 seu corpo é exumado e trasladado para sepultura definitiva na sua Igreja dos Sagrados Corações. Mesmo assim, o túmulo no Cemitério Municipal é um dos mais visitados até hoje.
Em 1956 é iniciada a causa de beatificação do Servo de Deus.
Homem do povo
Homem que amou intensamente,
Homem que teve dó do povo
Homem de coração simples
Em cujo coração fizeste maravilhas
Tudo por ti senhor! Tua pessoa ilumina! Tua pessoa arrasta!
Olha para nós Senhor!
Dá-nos coragem de apóstolo do amor
Dá-nos o zelo de um José Maria Coudrin
o amor de um Damião,
o entusiasmo de Mateo,
a simplicidade de um Eustáquio.
E continuaremos tua obra Senhor:
No anúncio, na restauração, na adoração, no silêncio, na espiação, no sofrimento, na entrega, na imolação, no Amor.”
(D. Luiz Macilia Vilela ss.cc)
03/11/1890 Nascimento e Batismo em Aarle Rixtel, Holanda, com o nome Humbertus van Lieshout.
Textos do Padre Eustáquio
Textos sobre o Padre Eustáquio
Ressonâncias Bíblicas
DATAS DA VIDA DE PADRE EUSTÁQUIO
03/11/1890 Nascimento e Batismo em Aarle Rixtel, Holanda, com o nome Humbertus van Lieshout.
27 /01/1915 Profissão Religiosa na Congregação dos Sagrados Corações
10 /08/1919 Ordenação Sacerdotal
Março/1920 Pastoral com os refugiados da Valônia Belga
12 /05/1925 Chegada ao Brasil como Missionário
15/07/1925 Chegada da Congregação ao povoado de Água Suja (Padres Gil, Matias e Eustáquio)
1926 Reitor do Santuário Nossa Senhora da Abadia
15/02/1935 Pároco em Poá – São Paulo
15/07/1935 Vigário de Água Suja, atual Romaria MG
13/10/1941 Chegada em Patrocínio
12/02/1942 Vigário em Ibiá
07/04/1942 Pároco em Belo Horizonte
13/05/1943 Lançamento da Pedra Fundamental da Nova Matriz, dedicada aos Sagrados Corações,
30/08/1943 Morte Padre Eustáquio
31/01/1949 Exumação e Traslado para a sepultura na Igreja dos Sagrados Corações
05/02/1956 Iniciada a Causa de Beatificação.
Textos do Padre Eustáquio
“Deus vos abençoe. Quando Deus nos chama indicará também o caminho. O nosso desejo há de ser o desejo de Jesus. Nossa Senhora, o próprio Jesus viveu no meio do mundo para nos mostrar que a santificação não depende do lugar, mas bem da pessoa. Jesus, eu vos amo. Jesus eu vos sigo. Jesus, eu vos ouço. Sempre. Sempre.” (Padre Eustáquio)
“Grita-se “Deus”, escreve-se “Deus” e não há nada de Deus no coração, senão peste e veneno, que sob a falsa máscara da fé e da religião querem esparramar sobre a multidão, cuja fé embora fraca mas não é totalmente apagada.
E sob esse fingimento de santidade invadem muitas almas, muitos corações e muitos lares. E o mau espírito uma vez haver tomado posse desses corações, vê-se logo o estrago e o veneno que por aí se esparramou..
Vê como as guerras rebentam em toda parte, como se aumenta cada vez mais o ódio entre os pobres, vai indo crescendo com a falsidade nos corações, vai se diminuindo de olhos vistos a fé nas almas e são gigantescas as proporções que tomam os estragos espirituais em toda classe do povo. E aproveitando-se das misérias humanas lançam-se sobre as criaturas doentes que no desespero de suas moléstias e na falsa esperança de um pequeno alívio entregam-se de corpo de alma. (Padre Eustáquio no retiro em Rio Claro reproduzindo a voz de Deus em sua alma, 1941).
“Ó Jesus, pelo sangue que derramastes e pelas lágrimas de Vossa Mãe Santíssima, daí vista aos cegos, andar aos paralíticos, saúde aos enfermos, paz a todos os que sofrem e padecem.”
Ó meu Jesus eu vos amo. Eu vos amo com a vossa cruz. Com o vosso sofrimento. Com o vosso Amor imenso.
“Para facilitar a audiência que V. Exª Me concedeu esta noite quero formular em poucas palavras o grande ideal que estimula a minha vida sacerdotal e religiosa de hoje. Embora que nunca dei descanso ao meu corpo quando se tratava de aliviar os sofrimentos do próximo e de tirar do mundo enquanto possível o mal que põe obstáculos, a felicidade da vida e da eternidade; hoje porém me vejo constrangido de todo lado de acudir a humanidade e bem na qualidade de sacerdote que por suas bênçãos se vê o instrumento da Divina Providência de aliviar as dores do próximo. Mas como em tudo a matéria é apenas o caminho para o que é espiritual, as curas corpóreas que constatamos são apenas meios para obter uma segunda cura, mais e muito mais importante: a cura da alma e não somente da alma daqueles que obtiveram a cura, mas de centenas e centenas que ficaram testemunhas daquilo e cuja alma ou estava numa indiferença espiritual por completo ou numa tibieza profunda nas coisas de Deus e da alma. Eis aí a santa vocação que em mim eu sinto: aliviar as dores corpóreas para poder avivar a fé abalada de nossos tempos. Para essa grande obra me vi especialmente chamado. Nunca tive consciência como hoje de quanto pela graça de Deus posso alcançar para aqueles que sofrem.... O bom Deus me mostrou visivelmente o caminho para tomar. Sim, hoje me vejo constrangido se minha palavra convier, de acudir a todos que sofrem e padecem. Até o dom de curar alguma doença ao acaso, que a ciência humana já teve por incurável, Deus me deu. Mas nisso não me glorio...” (1942).
Textos sobre o Padre Eustáquio
“Padre Eustáquio é considerado como um santo não por causa de curas que tivesse realizado, ou por eventuais milagres, mas por causa de suas virtudes fundamentadas na fé. Era um homem de bem, um homem de Deus. Levou as últimas conseqüências a sua convicção cristã.”(Revista Reino, ano 12, agosto 1968, pg. 26, Belo Horizonte)
O traço mais saliente de Padre Eustáquio desde o inicio de sua vida sacerdotal, provavelmente desde a infância, - sugere-o o ideal que tinha de ser um outro Padre Damião – e a caridade bondosa, zelosa, cheia de compaixão para com todos, mas principalmente com os pobres e os doentes. (Thomaz Keller, o.s.b., 1944)
O lema saúde e paz caracterizou a missão do servo de Deus. A presença como instrumento de paz, a dedicação aos necessitados e o serviço sem medida, torna a imagem do servo de Deus apreciada e símbolo da presença de Deus. Em situações conflitivas, difíceis, não deixa de anunciar a paz, a misericórdia de Deus que pode transformar a vida. Tinha uma preocupação especial com a saúde de todos. Sempre disposto a visitar os doentes, dar-lhes conforto, coragem e sentido em seu sofrimento. (Sergio Stein, ss.cc.)
Conheci o Padre Eustáquio como vigário em Água Suja. Que exemplos de virtudes. Sempre humilde, pronto, submisso, obediente. Dele se pode dizer: passou por lá a fazer o bem. Padre Eustáquio foi tudo para aquele povo bom e simples: conselheiro, guia, médico, pai e vigário. Suas bênçãos traziam como virtudes do céu, e além do conforto espiritual, davam ainda alívio nas doenças. Por todas as cidades por onde passou, pela diocese de Uberaba deixou sinais de um bom exemplo de uma vida santa e de um sacerdote modelar. De Ibiá foi para Belo Horizonte, onde continuou a trabalhar, a fazer o bem, a abençoar, a edificar os templos de Deus, dentro do espírito de amor a Igreja e à hierarquia. (D. Almir Marques).
Ressonâncias Bíblicas
“Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. Eu sou o bom Pastor, conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também e ouvirão a minha voz. E haverá um só rebanho e um só Pastor.” (Jo 10, 11.14-16)
“Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente a mesa e perguntou-lhes: “Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais mestre e Senhor, e dizeis bem porque eu sou. Logo, se eu vosso senhor e Mestre, vos laveis os pés, também vos deveis lavardes os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que como eu vos fiz, assim façais também vós.” (Jo 13, 12-16)
“Tenho para mim que os sofrimentos da presente vida não tem proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada, por isso a criação aguarda anciosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois sabemos que toda criação geme e sofre como em dores de parto até o presente dia.” (Rm 8, 18-19.22)
“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo, a espada? Mas em todas essas coisas somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou, pois estou convencido de que nem a morte nem a vida nos poderá separar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus Nosso Senhor.” ( cf. Rm 8, 35-39)
“Eu me tornei tudo para o povo e nada acho pesado demais para fazer para ele.” (Padre Eustáquio)
“Eis o motivo porque te sucitei, para mostrar em ti o meu poder e para que se anuncie o meu nome por toda a terra.” (ex 9-16)
“Em todas as circunstâncias apresentai a Deus vossas preocupações mediante a oração, as súplicas e a ação de graças e o Deus da paz estará convosco.” (cf. Fil 4, 4.9)
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