segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Os dois caminhos

Bisbilhotice e indiscrição não são coisas de hoje... No tempo de Jesus também havia curiosos em saber, em primeira mão, o dia e a hora do juízo final; os interessados sobre o número dos que se salvam, como no Evangelho de hoje, e até os desejosos em ocupar os primeiros lugares. Jesus, que não se deixa cair na malha dos fofoqueiros de plantão, sempre afoitos em dar uma olhadela no livro de registros do céu, rechaça a curiosidade barata e aproveita a ocasião para um ensinamento sobre como podemos obter a salvação. Para isso, usa a imagem da porta estreita e da porta larga...
Já a Didaché, considerado o primeiro Catecismo da Igreja, usado pouco mais de uma década depois da Ascensão do Senhor, fala dos dois caminhos. O da vida (na graça), caracterizado pelo amor a Deus e ao próximo, pelo perdão, sinceridade e pureza de coração. E o caminho da morte, marcado pelo pecado, injustiça, orgulho, egoísmo e todo tipo de mal.
Acontece que, quando se fala sobre os dois caminhos, sempre se corre o perigo de achar que tudo vai maravilhosamente bem na porta larga, que parece cheia de prazeres. Ledo engano! Pouco a pouco, o que se mascarava de jardim de delícias desemboca numa estrada vazia, estreita. Uma rua sem saída, como na vida de certos dependentes de drogas, ou compulsivos por álcool e/ou sexo (ou por comida, trabalho, compras, jogos, computador etc.): necessita-se de uma dose e um estímulo sempre maior para produzir um prazer cada vez menos intenso. Ao contrário, o caminho dos justos, que parece estreito no início, torna-se espaçoso, desembocando na esperança, alegria e paz de coração.
Ademais, o cristão não procura viver na graça por medo. Viver neste mundo longe da graça já é, desde então, um castigo.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 21º Domingo do Tempo Comum – 22/08/10.

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