segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Bem-Aventurados os Humildes

Quem não guarda no fundo do coração o desejo de chegar ao podium? Quem nunca teve a tentação de chegar em primeiro lugar, de furar uma fila, de dar “carteiradas”, usar influências, de passar à frente, de ter um tratamento diferenciado? Observando as pessoas que se encontravam numa refeição que Lhe fora oferecida por um fariseu, Jesus, profundo conhecedor da natureza humana, nos oferece hoje um grande ensinamento acerca das realidades sobrenaturais a que somos chamados. Em nosso dia a dia, fatos como este se repetem. Um assento no metrô, uma promoção na empresa, uma nomeação ou um cargo público, um convite VIP para um evento, um título honorífico, uma foto no jornal. Estar em evidência, ser reconhecido, ou mesmo ser lembrado, são realidades que fazem parte da vida humana.
No mês passado, todos nós torcíamos por nossos jogadores na Copa do Mundo e ficávamos na expectativa de mais uma vitória. Jesus, no entanto, busca purificar esta sede que o homem tem, canalizando este desejo para aspirações maiores. Tomando o exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus, durante a Jornada Mundial da Juventude de 1997, o Cardeal Lustiger dizia à multidão de jovens reunida na Praça do Trocadero, em Paris: “Vós, jovens, pela própria idade, sois ambiciosos, quereis fazer, construir, transformar o mundo, quereis muitas coisas. Por isso eu vos digo, sede ambiciosos, mas não pouco ambiciosos, tende no coração a suprema ambição, tende em vós a ambição do amor.”
Em todo desejo humano deveríamos ter esta santa ambição. O amor de Deus nos estimula a desenvolver todas as nossas potencialidades, a fazer bem aquilo que fazemos, mas, ao mesmo tempo, a fugir da pior armadilha que é o orgulho que leva ao egoísmo, ao relacionamento interesseiro, à tendência desastrosa de querer levar vantagem em tudo em detrimento do próximo, não se importando em prejudicar, magoar e ser injusto com os irmãos.
Todos nós somos chamados ao banquete do Reino de Deus, onde o Senhor vai fazer-nos sentar à mesa. Passando por entre nós, há de nos servir numa festa que não terá fim. No entanto, este convite começa aqui e agora, na medida em que vencemos a tentação da arrogância, do desprezo, do orgulho egocêntrico. No mês de setembro, dedicado de modo particular à leitura e ao estudo da Palavra de Deus, que nós possamos fazer da Bíblia luz para nossos passos e lâmpada para nosso caminho.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 22º Domingo do Tempo Comum – 29/08/10.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Os Mártires dos Pontões de Rochefort (1794-1795), 18 de Agosto

829 sacerdotes foram deportados nos pontões de Rochefort; destes, 547 morreram entre abril de 1794 e as primeiras semanas de 1795.

A Constituição Civil do Clero
A Assembléia Constituinte votou a Constituição Civil do Clero em 12 de julho de 1790, que transformava os eclesiásticos em funcionários eleitos pela Assembléia dos cidadãos ativos, retirando do Papa o direito de nomear os bispos. A Santa Sé não podia aceitar algo assim.
Os padres constitucionais eram aqueles que se submetiam a esta constituição, e os refratários ou não constitucionais eram os que se recusavam a prestar juramento. As sucessivas assembléias condenavam ao exílio, à reclusão e, posteriormente, à deportação os padres refratários (mas também condenava constitucionais!).
A Igreja sofreria pesadamente com esses acontecimentos: os lugares de culto eram fechados, a prática era proibida, os padres, massacrados.

O Terror em Rochefort
Em 21 de setembro de 1792, a Convenção sucedeu à Assembléia Legislativa, que já havia substituído a Assembléia Constituinte (no processo da Revolução Francesa, quando o povo, apoiado pelos Republicanos e pela burguesia, derrubou a monarquia). A República Francesa foi, então, proclamada no dia seguinte, 22 de setembro de 1792.
A Sociedade Popular e o Comitê de Vigilância, instituições revolucionárias locais recém-criadas e implantadas, fizeram de Rochefort uma cidade ultra-jacobina (de esquerda ultra-radical). Lequinio e Laignelot, os representantes do povo enviados pela Convenção, ficaram encarregados de instaurar em Rochefort o regime do Terror (que perseguia, aprisionava e muitas vezes assassinava seus opositores), decretado em 5 de setembro de 1793. As prisões começaram a ficar lotadas, 52 cabeças rolaram na Praça Colbert onde foi instalada uma guilhotina.

Os comboios dos padres deportados
Um decreto do Comitê de Saúde Pública (25 de janeiro de 1794) organizou a partida dos padres refratários rumo aos portos do Atlântico, onde deveriam ser agrupados antes da sua deportação. Aqueles que estavam aprisionados em Nantes seriam afogados por Carrier e, finalmente, somente Bordeaux e Rochefort colocariam em prática as ordens do Comitê.
Os comboios dos Deportados atravessaram a França durante todo o inverno até a primavera de 1794, chegando a percorrer, algumas vezes, até 800 km. As condições de viagem (às vezes a pé) eram geralmente muito difíceis em virtude das noites passadas na prisão em sistema de revezamento (enquanto uns dormiam, outros permaneciam acordados), e das brutalidades e insultos sofridos durante as paradas. Os prisioneiros eram, em geral, sistematicamente despojados de tudo o que possuíam.
Quando chegaram a Rochefort, foram encarcerados em diferentes lugares (prisão Saint-Maurice, convento dos Capuchinhos...) ou nos navios (le Borée, le Bonhomme Richard, la Nourrice).
Os Deportados foram finalmente amontoados em dois antigos navios negreiros, o Deux-Associés (Dois-Associados) e o Washington, requisitados após a abolição da escravatura pela Convenção (francesa) de 4 de fevereiro de 1794. Destinados a partir rumo à Guiana ou às costas da África, todavia eles não deixaram o estuário de Charente. Em condições de navegar, eles não eram verdadeiros Pontões (navios retirados do serviço, desfeitos e desmastreados para servirem de lojas ou de prisões), mas acabaram sendo utilizados com este fim.

Os Pontões
O comando dos navios foi assegurado por Laly, no Dois-Associados, e por Gibert, no Washington. Eles, juntamente com suas tripulações, aplicavam aos prisioneiros, de forma rigorosa, os severos comandos recebidos, chegando mesmo a piorá-los: nada de orações, injúrias, ameaças, perseguições físicas, alimentação infecta, nada de conversas. Mas os prisioneiros continuavam secretamente suas atividades religiosas.
As mortes devidas às condições da detenção se aceleravam, o escorbuto, o tifo faziam uma verdadeira devastação. A epidemia era tal que, enfim, os prisioneiros válidos acabaram sendo transferidos para um terceiro navio, l'Indien (O Indiano), enquanto que os mais debilitados foram desembarcados na “Ilha Cidadã” (“Ilha Madame”), onde muitos morreram. O outono de 1794 foi particularmente rude e, em novembro, o vento derrubou as tendas hospitalares instaladas na ilha; então, os sobreviventes foram novamente embarcados nos navios. As condições materiais de detenção melhoraram um pouco enquanto houve neve e gelo. Em dezembro, três embarcações lotadas de padres provenientes de Bordeaux (a Jeanty, a Dunkerque e a Republicana) refugiaram-se no estuário (os ingleses bloqueavam a costa).

O fim do Terror
Quando houve o Golpe de Estado no 9 Termidor do ano II ((27 de julho de 1794), Robespierre, principal instigador do Terror, foi executado, significando para a República um novo começo. Os Purificadores afastaram os elementos mais extremistas da ditadura revolucionária. As instituições do regime precedente (Tribunal Revolucionário, clubes e associações patrióticas) foram praticamente suprimidas. Muitas prisões começaram a ser abertas. Todavia, no fim do ano de 1794, os Pontões continuavam guardando seus prisioneiros. Alguns foram libertados, mas nenhuma medida coletiva foi tomada.
Graças a algumas iniciativas individuais (sobretudo às intervenções junto à Convenção), a transferência para Saintes dos padres deportados de Rochefort aconteceu em fevereiro de 1795. Ali eles puderam novamente celebrar o culto e administrar os Sacramentos nos oratórios privados.
Dos 829 padres deportados para Rochefort, 274 sobreviveram. Os Deportados de Bordeaux, inicialmente transferidos para Brouage, só foram conduzidos para Saintes bem mais tarde. Dos 1.494 padres inicialmente conduzidos a Bordeaux, 250 acabaram morrendo.

A segunda deportação
Contudo, em outubro de 1795 a Convenção ordenou, após esta breve pausa, a reclusão ou a deportação dos padres refratários para a Guiana. Ainda uma vez, essas partidas não aconteceram, e um decreto de 4 de dezembro de 1796 ordenou enfim a libertação dos padres detidos.
No 18 Frutidor do ano V (4 de setembro de 1797), um Golpe de Estado dos republicanos do Diretório (sistema de governo que havia substituído a Convenção desde o fim de 1795) contra os moderados e os monarquistas, que haviam se tornado maioria nas eleições, fez ressurgir a “linha dura” à frente da República. O poder executivo foi reforçado, em detrimento do legislativo. Os adversários políticos foram aprisionados ou  deportados.
As medidas anteriores de detenção foram anuladas e os decretos de proibição contra os padres foram renovados. Estes foram novamente aprisionados em Rochefort e alguns, efetivamente, enviados à Guiana, onde a mortalidade é assustadora. Mas o Diretório se vê obrigado a suspender essas partidas, pois alguns navios foram capturados pelos ingleses e os padres acabaram amontoados nas cidadelas de St-Martin-de-Ré e do Château d'Oléron até o ano de 1802.
  
A libertação
O Golpe de Estado do 18 Brumário do ano VIII (9 de novembro de 1799) dava o poder ao General Bonaparte. O Consulado, novo sistema de governo que substituía o Diretório, dotava a França com uma nova Constituição (a do ano VIII), sendo três Cônsules nomeados, dos quais Bonaparte seria o primeiro Cônsul.
As perseguições dos padres tiveram fim quando a Santa Sé concluiu um Concordato com a França, ratificado em 5 de abril de 1802. Este acordo, assinado pelo Papa Pio VII e pelo 1º Cônsul Napoleão Bonaparte, reorganizava o catolicismo naquele país.
Esta hecatombe permaneceu, todavia, muito tempo ignorada, e foi mesmo voluntariamente escondida por medo de não revelar as querelas da Revolução Francesa. O caso levou à beatificação solene e coletiva, em outubro de 1995, pela qual a Igreja reconheceu em sessenta e quatro das vítimas dos Pontões – o Beato Jean-Baptiste Souzy e seus companheiros – autênticas testemunhas da fé, conduzidos à morte por causa do ódio contra a fé, aceitando conscientemente a sorte que lhes havia sido destinada.

Lista dos sessenta e quatro padres e religiosos beatificados
·   1. Jean-Baptiste Etienne Souzy, padre da diocese de La Rochelle. Deportado no Dois-Associados; morto em 27 de agosto de 1794.
·   2. Antoine Bannassat, pároco de Saint-Fiel (Creuse). Deportado no Dois-Associados; morto em 18 de agosto de 1794.
·   3. Jean-Baptiste de Bruxelles, cônego de Saint-Léonard (Haute-Vienne). Deportado no Dois-Associados; morto em 18 de julho de 1794.
·   4. Florent Dumontet de Cardaillac, capelão da condessa de Provence. Deportado no Dois-Associados; morto em 5 de setembro de 1794.
·   5. Jean-Baptiste Duverneuil (padre Léonard), carmelita da Casa de Angoulême. Deportado no Dois-Associados; morto em 1º de julho de 1794.
·   6. Pierre Gabilhaud, pároco de Saint-Christophe (Creuse). Deportado no Dois-Associados; morto em 13 de agosto de 1794.
·   7. Louis-Wulphy Huppy, padre da diocese de Limoges. Deportado no Dois-Associados; morto em 29 de agosto de 1794.
·   8. Pierre Jarrige de La Morelie de Puyredon, cônego de Saint-Yrieix (Haute-Vienne). Deportado no Dois-Associados; morto em 12 de agosto de 1794.
·   9. Barthélemy Jarrige de LaMorelie de Biars, beneditino da abadia de Lezat (Ariège). Deportado no Dois-Associados; morto em 13 de julho de 1794.
·   10. Jean-François Jarrige de la Morelie du Breuil, cônego de Saint-Yrieix (Haute-Vienne). Deportado no Dois-Associados; morto em 31 de julho de 1794.
·   11. Joseph Juge de Saint-Martin, sulpiciano, diretor do seminário. Deportado no Dois-Associados; morto em 7 de julho de 1794.
·   12. Marcel-Gaucher Labiche de Reignefort, missionário em Limoges. Deportado no Dois-Associados; morto em 26 de julho de 1794.
·   13. Pierre-Yrieix Labrouhe de Laborderie, cônego de Saint-Yrieix (Haute-Vienne). Deportado no Dois-Associados; morto em 1º de julho de 1794.
·   14. Claude-Barnabé Laurent de Mascloux, cônego de Dorat (Haute-Vienne). Deportado no Dois-Associados; morto em 7 de setembro de 1794.
·   15. Jacques Lombardie, pároco de Saint-Hilaire-de-Foissac (Corrèze). Deportado no Dois-Associados; morto em 22 de julho de 1794.
·   16. Joseph Marchandon, pároco de Marsac (Creuse). Deportado no Dois-Associados; morto em 22 de setembro de 1794.
·   17. François d'Oudinot de LaBoissière, cônego da diocese de Limoges. Deportado no Dois-Associados; morto em 7 de setembro de 1794.
·   18. Raymond Petiniaud de Jourgnac, vigário geral do Bispo de Limoges. Deportado no Dois-Associados; morto em 26 de junho de 1794.
·   19. Jacques Retouret, carmelita da Casa de Limoges. Deportado no Dois-Associados; morto em 26 de agosto de 1794.
·   20. Paul-Jean Charles (irmão Paul), monge cisterciense da abadia de Sept-Fons (Allier). Deportado no Dois-Associados; morto em 25 de agosto de 1794.
·   21. Augustin-Joseph Desgardin (irmão Élie), monge cisterciense da abadia de Sept-Fons (Allier). Deportado no Dois-Associados; morto em 6 de julho de 1794.
·   22. Pierre-Sulpice-Christophe Favergne (irmão Roger), irmão das Escolas Cristãs em Moulins. Deportado no Dois-Associados; morto em 12 de setembro de 1794.
·   23. Joseph Imbert, jesuíta. Deportado no Dois-Associados; morto em 9 de junho de 1794.
·   24. Claude-Joseph Jouffret de Bonnefont, sulpicieno, Superior do Seminário Menor de Autun. Deportado no Dois-Associados; morto em 10 de agosto de 1794.
·   25. Claude Laplace, padre em Moulins. Deportado no Dois-Associados; morto em 14 de setembro de 1794.
·   26. Noël-Hilaire Le Conte, cônego da catedral de Bourges. Deportado no Dois-Associados; morto em 17 de agosto de 1794.
·   27. Pierre-Joseph Le Groing de La Romagère, cônego na catedral de Bourges. Deportado no Dois-Associados; morto em 26 de julho de 1794.
·   28. Jean-Baptiste-Xavier Loir, capuchinho no Petit-Forez, em Lyon. Deportado no Dois-Associados; morto em 19 de maio de 1794.
·   29. Jean Mopinot (irmão Léon), irmão das Escolas Cristãs de Moulins. Deportado no Dois-Associados; morto em 21 de maio de 1794.
·   30. Philippe Papon, pároco de Contigny (Allier). Deportado no Dois-Associados; morto em 17 de junho de 1794.
·   31. Nicolas Sauvouret, cordelier à Moulins. Deportado no Dois-Associados; morto le 16 julho 1794.
·   32. Jean-Baptiste Vernoy de Montjournal, cônego em Moulins. Deportado no Dois-Associados; morto em 1º de junho de 1794.
·   33. Louis-Armand-Joseph Adam, cordelier em Rouen. Deportado no Dois-Associados; morto em 13 de julho de 1794.
·   34. Charles-Antoine-Nicolas Ancel, eudista em Lisieux. Deportado no Dois-Associados; morto em 29 de julho de 1794.
·   35. Claude Beguignot, Cartuxo em Saint-Pierre-de-Quevilly, perto de Rouen. Deportado no Dois-Associados; morto em 16 de julho de 1794.
·   36. Jean Bourdon (irmão Protais), capuchinho em Sotteville, perto de Rouen. Deportado no Dois-Associados; morto em 23 de agosto de 1794.
·   37. Louis-François Lebrun, monge beneditino da congregação de Saint-Maur. Deportado no Dois-Associados; morto em 20 de agosto de 1794.
·   38. Michel-Bernard Marchand, padre da diocese de Rouen. Deportado no Dois-Associados; morto em 15 de julho de 1794.
·   39. Pierre-Michel Noël, padre da diocese de Rouen. Deportado no Dois-Associados; morto em 5 de agosto de 1794.
·   40. Gervais-Protais Brunel, monge cisterciense de Mortoagne (Orne). Deportado no Dois-Associados; morto em 20 de agosto de 1794.
·   41. François François (irmão Sébastien), capuchinho. Deportado no Dois-Associados; morto em 10 de agosto de 1794.
·   42. Jacques Gagnot (irmão Hubert de Saint-Claude), carmelita da Casa de Nancy. Deportado no Dois-Associados; morto em 10 de setembro de 1794.
·   43. Jean-Baptiste Guillaume (irmão Uldaric), irmão das Escolas Cristãs de Nancy. Deportado no Dois-Associados; morto em 27 de agosto de 1794.
·   44. Jean-Georges Rehm (padre Thomas), dominicano no convento de Schlestadt (Alsace). Deportado no Dois-Associados; morto em 11 de agosto de 1794.
·   45. Claude Richard, beneditino em Moyen-Moutier (Vosges). Deportado no Dois-Associados; morto em 9 de agosto de 1794.
·   46. Jean Hunot, cônego de Brienon-l'Archevêque (Yonne). Deportado no Washington ; morto em 7 de outubro de 1794.
   ·   47. Sébastien-Loup Hunot, cônego de Brienon-l'Archevêque (Yonne). Deportado no Washington; morto em 17 de novembro de 1794.
·   48. François Hunot, cônego de Brienon-l'Archevêque (Yonne). Deportado no Washington; morto em 6 de outubro de 1794.
·   49. Georges-Edme René, cônego em Vézelay. Deportado no Washington; morto em 2 de outubro de 1794.
·   50. Lazare Tiersot, cartuxo em Beaune (Côte-d'Or). Deportado no Washington; morto em 10 de agosto de 1794.
·   51. Scipion-Jérôme Brigeat Lambert, decano do capítulo de Avranches (Manche). Deportado no Washington; morto em 4 de setembro de 1794.
·   52. Jean-Nicolas Cordier, jesuíta. Deportado no Washington; morto em 30 de setembro de 1794.
·   53. Charles-Arnould Hanus, pároco e decano do capítulo de Ligny (Meuse). Deportado no Washington; morto em 28 de agosto de 1794.
·   54. Nicolas Tabouillot, pároco de Méligny-le-Grand (Meuse). Deportado no Washington; morto em 23 de fevereiro de 1795.
·   55. Antoine, dito Constant, Auriel, vigário em Calviat et Sainte Mondane (Lot). Deportado no Dois-Associados; morto em 16 de junho de 1794.
·   56. Élie Leymarie de Laroche, prior de Coutras (Gironde). Deportado no Dois-Associados; morto em 22 de agosto de 1794.
·   57. François Mayaudon, cônego em Saint-Brieuc, depois em Soissons. Deportado no Dois-Associados; morto em 11 de setembro de 1794.
·   58. Claude Dumonet, professor do Colégio de Mâcon (Saône-et-Loire). Deportado no Washington; morto em 13 de setembro de 1794.
·   59. Jean-Baptiste Laborie du Vivier, cônego da catedral de Mâcon (Saône-et-Loire). Deportado no Dois-Associados; morto em 27 de setembro de 1794.
·   60. Gabriel Pergaud, religioso da abadia de Beaulieu (Côtes-d'Armor). Deportado no Dois-Associados; morto em 21 de julho de 1794.
·   61. Michel-Louis Brulard, carmelita da Casa de Charenton. Deportado no Dois-Associados; morto em 25 de julho de 1794.
·   62. Charles-René Collas du Bignon, sulpiciano, superior do Seminário Menor de Bourges. Deportado no Dois-Associados; morto em 3  de junho de 1794.
·   63. Jacques-Morelle Dupas, vigário em Ruffec (Charente). Deportado no Dois-Associados; morto em 21 de junho de 1794.
·   64. Jean-Baptiste Ménestrel, cônego em Remiremont (Vosges). Deportado no Washington; morto em 16 de agosto de 1794.

Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel

Fontes :
http://www.evangelhoquotidiano.org/main.php?language=FR&module=saintfeast&localdate=20100818&id=13941&fd=0

Os dois caminhos

Bisbilhotice e indiscrição não são coisas de hoje... No tempo de Jesus também havia curiosos em saber, em primeira mão, o dia e a hora do juízo final; os interessados sobre o número dos que se salvam, como no Evangelho de hoje, e até os desejosos em ocupar os primeiros lugares. Jesus, que não se deixa cair na malha dos fofoqueiros de plantão, sempre afoitos em dar uma olhadela no livro de registros do céu, rechaça a curiosidade barata e aproveita a ocasião para um ensinamento sobre como podemos obter a salvação. Para isso, usa a imagem da porta estreita e da porta larga...
Já a Didaché, considerado o primeiro Catecismo da Igreja, usado pouco mais de uma década depois da Ascensão do Senhor, fala dos dois caminhos. O da vida (na graça), caracterizado pelo amor a Deus e ao próximo, pelo perdão, sinceridade e pureza de coração. E o caminho da morte, marcado pelo pecado, injustiça, orgulho, egoísmo e todo tipo de mal.
Acontece que, quando se fala sobre os dois caminhos, sempre se corre o perigo de achar que tudo vai maravilhosamente bem na porta larga, que parece cheia de prazeres. Ledo engano! Pouco a pouco, o que se mascarava de jardim de delícias desemboca numa estrada vazia, estreita. Uma rua sem saída, como na vida de certos dependentes de drogas, ou compulsivos por álcool e/ou sexo (ou por comida, trabalho, compras, jogos, computador etc.): necessita-se de uma dose e um estímulo sempre maior para produzir um prazer cada vez menos intenso. Ao contrário, o caminho dos justos, que parece estreito no início, torna-se espaçoso, desembocando na esperança, alegria e paz de coração.
Ademais, o cristão não procura viver na graça por medo. Viver neste mundo longe da graça já é, desde então, um castigo.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 21º Domingo do Tempo Comum – 22/08/10.

sábado, 21 de agosto de 2010

Jesus e uma samaritana no Centro do Rio


       Ontem, eu e minha mãe precisamos ir ao Centro da Cidade resolver alguns problemas com uma famosa empresa de telefonia que insiste em nos cumprimentar, mas à qual boa parte de nós quer é dar um sonoro “ciao”. Coisas da vida. Depois fomos “bater pernas” ali na Regente Feijó, Buenos Aires, Largo de São Francisco, Ouvidor, Sete de Setembro e adjacências. Gostamos muito, muito mesmo daquela parte do Rio em que cada milímetro nos conta um pouco da nossa própria história, coisas que a maioria de nós nem imagina que possa ter acontecido um dia nem que possa continuar influenciando tanto no nosso quotidiano, neste exato momento.
Nessas idas e vindas, paramos em duas lojas de artigos religiosos – no Centro da Cidade há várias. O que eu acho mais interessante nessas lojas são as capelas. Sim, há lojas com capelas! Sempre que eu entro nessas lojas, eu procuro ir direto para as capelas, fico por lá um tempo e, quando saio, consigo olhar os artigos expostos sem aquela tentação forte de querer levar a loja inteira para casa. Mas claro, isso é só um detalhe. O principal é que eu posso ter encontros maravilhosamente inusitados com Cristo, no meio do dia, nos fundos de uma loja, numa capela geralmente bem pequena, num clima de absoluta intimidade.
Ontem isso aconteceu por duas vezes. Normalmente, quando isso acontece, eu rezo, eu me sinto em paz, eu descanso, eu me sinto renovada. Mas ontem foi diferente. Eu me senti mesmo como aquela samaritana a quem Jesus pediu água tanto tempo atrás, num dia de sol forte, provavelmente. Ele estava com sede de água, claro, afinal era um ser humano, mas também estava com sede do amor e da ajuda que aquela mulher poderia Lhe dar, não só a Ele, mas à obra que Ele veio fazer. Ele estava com sede da presença dela no Reino que Ele veio inaugurar.
Eu senti que Cristo tinha essa sede ontem quando me atraiu duas vezes à Sua presença, num espaço de menos de 20 minutos. Ele queria me falar muitas coisas, queria que eu estivesse mais em Sua presença, queria me instruir. Queria me dar daquela Água que sacia para sempre. E queria me mostrar que até hoje Ele busca, à beira de poços, samaritanas que O ajudem a acabar com a sede de amor e de vida no mundo.

Gisèle Pimentel