domingo, 14 de junho de 2009

Santa Germana Cousin - A história da "santa sem história" - 15 de Junho


Santa Germana Cousin (para colorir)

Há tão poucos dados sobre a vida de Santa Germana Cousin, que ela foi chamada "a santa sem história". Pois, como vimos, ela passou a ser mais conhecida depois de sua morte do que em vida.

Foi ali mesmo, em Pibrac, que Germana nasceu presumivelmente em 1579. Seu pai, Lourenço Cousin, era, segundo alguns, um homem de posses que chegara a ser duas vezes prefeito do lugar1; segundo outros, um agricultor quase indigente2. Casado com Maria Laroche, mulher piedosa e de saúde frágil, tiveram quase na velhice uma filha doentia, aleijada da mão direita e atacada de escrófula. Órfã muito cedo, Germana foi afastada do convívio familiar, sendo transferida para o estábulo da casa, pelo medo de que sua doença se transmitisse às outras crianças do lar. Logo que ela cresceu um pouco, foi incumbida de cuidar do rebanho pertencente à sua família.

Teria Germana crescido revoltada contra tudo e contra todos, principalmente contra Deus, que a fizera nascer em condições tão humilhantes? Não. Na escola da humilhação e do sofrimento, elevou seu espírito para Deus, aceitando amorosamente o triste quinhão que lhe fora reservado. Triste quinhão aos olhos do mundo, mas, aos olhos d'Aquele que entregou seu Filho Unigênito à morte, e morte de cruz, esse quinhão só é reservado para os eleitos que compreendem o valor incalculável do sofrimento.

François Veuillot, em sua biografia da Santa, refere-se a duas pessoas que a ajudaram muito a compreender sua situação e a servir-se dela para a própria santificação: uma antiga empregada da família, que dedicou à orfãzinha um verdadeiro amor materno, ensinando-lhe os rudimentos de Religião, e o velho pároco de Pibrac, homem virtuoso e com zelo apostólico, que via naquela criança cândida e inocente uma predileta do Céu.

Milagres: sinais da predileção divina

A humilde pastorinha tornou-se, a seu tempo, apóstola. E às outras crianças ensinava o catecismo que aprendera e o que lhe transmitia o Divino Espírito Santo com os seus dons. Embora vivesse apenas de pão e água, achava um meio de repartir seu alimento com outros ainda mais destituídos de bens terrenos.

Os contemporâneos guardaram na memória três milagres que ocorreram com Germana. Um deles foi a repetição de um outro ocorrido séculos antes com uma rainha santa: tendo recolhido na mesa, após a refeição familiar, as migalhas e restos que sobravam, para dar aos pobres, Germana colocou tudo em seu avental, e já saía para socorrer seus protegidos quando foi percebida pela madrasta. Esta, munida de uma vara, correu atrás de Germana, chamando-a em altos brados de ladra e de outros nomes que sua ira e mau gênio lhe sugeriam. Alguns vizinhos acorreram, providencialmente, e foram testemunhas do milagre. A adolescente abriu seu avental e dele caíram flores perfumadas e frescas, como não havia na região.

Devotíssima da Santa Missa, que naquele tempo se celebrava com toda seriedade e devoção, Germana acorria à igreja ao primeiro toque do sino. Mas para isso era preciso muitas vezes deixar seu rebanho. Confiada na Providência Divina, espetava seu bastão de pastora no chão e ordenava às ovelhas que dele não se afastassem enquanto ela estivesse ausente. E nunca sumiu um só animal, apesar de haver muitos lobos numa floresta vizinha.

Para ir à igreja, Germana atravessava um riacho, saltando de pedra em pedra. Durante as chuvas ou o degelo, o riacho crescia muito de volume, tornando-se impossível atravessá-lo a pé. Mas não a Germana. Ela parecia nem perceber a dificuldade. Recolhida como ia, simplesmente nele entrava sem preocupação. E essas águas — como outrora as do Mar Vermelho, à voz de Moisés fugindo do Faraó — separavam-se, deixando-a passar a pé enxuto.

Uma noite do ano de 1601, três viajantes contaram ter visto uma luz no céu, e um branco cortejo de Anjos que desciam até uma casa de Pibrac, e depois subiam transportando a alma de uma jovem igualmente vestida de luz e coroada de flores.

Chegando ao povoado, constataram que havia morrido durante o sono, na casa dos Cousin, a jovem Germana. Seu corpo foi sepultado na igreja, e sua memória caiu no olvido dos anos até a nova intervenção da Providência Divina, em 1644, como vimos.

Emocionante pós-história de Santa Germana

O vigário de Pibrac, para evitar a veneração pública de uma pessoa ainda não canonizada, colocou na sacristia a urna contendo os restos mortais de Germana. Dezesseis anos mais tarde o Vigário Geral da Arquidiocese de Toulouse, Padre Jean Dufour, fazendo a visita pastoral em nome do arcebispo, viu aquela urna funerária na sacristia e estranhou. Contaram-lhe então sua história, e quis ele ver o corpo, tendo constatado estar inteiramente incorrupto, como por ocasião de sua descoberta. O vigário mostrou-lhe um registro onde estavam relatadas inúmeras curas miraculosas atribuídas a Germana. Esse foi o início do processo diocesano que levaria, quase 200 anos depois, à beatificação e canonização da humilde pastora.

Mas antes seria ela objeto de uma profanação e de um novo milagre retumbante, por ocasião do Terror, em 1793, durante a sinistra Revolução Francesa. Três revolucionários de Toulouse, querendo acabar com aquela "superstição", acompanhados de três pessoas locais, violaram a urna, dela retiraram o corpo ainda incorrupto de Germana — tão endurecidos estavam, que nem à vista desse milagre se comoveram — e o enterraram na própria sacristia, coberto com uma camada de cal viva.

Os três revolucionários de Toulouse foram atacados por humilhantes e dolorosas deformações. Dois deles arrependeram-se e pediram o auxílio da Santa, tendo sido curados. O terceiro levou a moléstia até o fim de sua vida. Não sabemos o que aconteceu com seus três acompanhantes de Pibrac.

Dois anos depois, em 1795, foi possível desenterrar novamente o corpo. Se bem que a carne tivesse sido devorada pela cal, esta respeitou milagrosamente toda a ossatura, que normalmente deveria ter igualmente desaparecido.

Depois da canonização de Germana, em 1854, o povo de Toulouse quis perpetuar sua memória num monumento de 17 metros de altura, no qual, no alto de uma pirâmide, aparecia Germana em oração, tendo um cordeiro a seus pés.

Isso não durou muito. Em 1881, a nova municipalidade de Toulouse, dominada pela Maçonaria, fez demolir o monumento, relegando a imagem da santa ao subsolo de um museu. Houve reação popular. Finalmente a imagem rejeitada foi solenemente instalada no altar de uma igreja construída em honra da Santa, num bairro popular de Toulouse.

Uma basílica também foi erigida em Pibrac, ao lado da velha igrejinha na qual recebera as águas regeneradoras do Batismo aquela que foi, e ainda é, a mais ilustre filha da cidade.

Notas:

1.Cfr. François Veuillot, Sainte Germaine Cousin _ Fille de Ferme, P. Lethielleux, Paris, 1941, p. 10.

2.Cfr. Les Petits Boullandistes, Vies des Saints, d'aprés le Père Giry, Bloud et Barral, Paris, 1882, tomo VII, p. 43.

Outras Obras consultadas:

C. Saint Germaine Cousin, Mulcahy, Transcribed by Elizabeth T. Knuth, The Catholic Encyclopedia, Volume VI, Copyright © 1909 by Robert Appleton Company, Online Edition Copyright © 1999 by Kevin Knight.

Germaine Cousin, Site de Catholic Community Forum, Online Edition.

Sainte Germaine Cousin, Site da Prefeitura de Pibrac, na Internet.


Fontes:

http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=252&mes=junho2002&pag=2

http://www.wf-f.org/WFFResource/GermaineCousin2.jpg

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