O Pentecostes é uma das maiores festas cristãs, um dos mais importantes momentos do ano litúrgico. Pentecostes é uma palavra que vem do grego antigo πεντηκοστή [pentèkostè] : quinquagésimo(a) (dia após a Páscoa, neste caso); em grego moderno, pronuncia-se [pénticosti]. Esta festa cristão tem origens judaicas, que o Cristo vem cumprir totalmente.
Originalmente, o Pentecostes é uma festa judaica, como a Páscoa. Uma festa agrícola transformada em festa religiosa. Ela se chama shavou’ot ou festa das semanas, pois acontece 7 semanas após a Páscoa. É chamada também de Festa das Primícias, sendo a Páscoa a Festa das Sementes.
Num segundo tempo, o Pentecostes tomará um sentido religioso. Ele lembrará o acontecimento histórico do momento
O Livro dos Atos dos Apóstolos (2, 1-13) nos transmite o acontecimento que se deu no Cenáculo em Jerusalém, numa data entre os anos 30 e 33 da nossa era, no dia da festa judaica do Pentecostes, 50 dias após a ressurreição do Cristo.
"Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." (At 2, 1-4)
Assim, o Pentecostes cristão é a festa do dom do Espírito Santo.
A história dos Atos dos Apóstolos faz referência a "um grande ruído" vindo do céu, de um "vento impetuoso" e de "línguas de fogo" que pousam sobre cada um dos Apóstolos. O ruído, o vento e o fogo simbolizam a presença de Deus; eles são uma manifestação do poder divino. É a renovação da teofania (manifestação divina) ocorrida no Monte Sinai, comemorada no Pentecostes judaico.
Se o fogo simboliza a presença divina, as línguas de fogo que se dividem sobre as cabeças dos Apóstolos significam a descida do Espírito de Deus sobre eles. Estas chamas simbolizam o dom, feito a cada um deles, para torná-los aptos a proclamar com língua "de fogo" o Evangelho a toda a humanidade.
Enfim, a história menciona o dom que os Apóstolos e os discípulos receberam de orar em línguas, permitindo-lhes anunciar a Boa Nova do Evangelho a todas as pessoas de todas as nações. Pode-se ver aí uma resposta ao episódia da Torre de Babel. De fato, à época da construção dessa Torre, os homens estavam divididos na sua ganância de serem maiores que Deus.
No Pentecostes, os povos divididos encontram-se unidos quando o Espírito Santo se manifesta. A humanidade é chamada a viver esta unidade, não sem Deus, mas n'Ele.
Continuidade e novidade
Resumindo, se o Pentecostes judaico celebra as origens do povo hebreu como povo escolhido na Aliança feita no Monte Sinai, o Pentecostes que os cristãos festejam celebra o nascimento da Igreja, o novo povo de Deus, em proporções universais, que tomou forma quando Jesus ressuscitou. "Exaltado pela direita de Deus, havendo recebido do Pai o Espírito Santo prometido, derramou-o como vós vedes e ouvis" (At 2, 33) sobre o grupo dos Seus Apóstolos e discípulos, que n'Ele creram e receberam a missão de serem Suas testemunhas no mundo inteiro.
Assim, há uma continuidade na novidade: reunir o povo de Deus. Esta noção recente torna-se ainda mais ampla com a vinda do Espírito prometido por Jesus. Pentecostes é um novo acontecimento fundador de uma nova Aliança e de um povo idem.
Gisele Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com
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