Johannes Scheffler (1624 - 9 julho de 1677), mais conhecido pelo nome de Angelus Silesius, com o qual ele publicou suas obras, é um poeta religioso alemão de influência mística.
Biografia
Johannes Scheffler nasceu em Breslau, na Silésia, em 1624. Inicialmente luterano, ele se converteu ao catolicismo em 1652.
Sua obra principal e mais polêmica é a Convicção moral motivada ou demonstração segundo a qual poderia-se e deveria-se levar os hereges à verdadeira fé (publicada em 1673). Muito influenciado pelos místicos alemães e holandeses da Idade Média, notadamente por Maître Eckhart, Henri Suso, Jean Tauler, et Ruysbroeck, ele escreveu inúmeros poemas que foram compilados em duas obras, ambas lançadas em 1657:
- O peregrino querubínico (Cherubinischer Wandersmann), editada pela segunda vez em 1675, constituída de 1676 dísticos e 10 sonetos;
- Santas delícias da alma ou Éclogas espirituais de Psyché enamorada de seu Jesus (coletânea de Lieder).
Muito lido pelos poetas e filósofos de cultura alemã desde o Século XIX, sua influência póstuma se estende sobre a poesia de Rilke, sobre a filosofia de Schopenhauer et Heidegger. Os dois versos abaixo estão no centro do pensamento heideggeriano:
"A rosa não tem porquê, ela floresce porque floresce.
Não cuida de si mesma, - nem pergunta: eu sou notada?"
— C.W., I, 289
(a.fo.ris.mo) sm.
1. Breve sentença que contém uma regra, uma mensagem, um princípio de grande alcance ou um conceito moral; máxima: "Tudo parece mais verdadeiro quando escrito sob forma de aforismo." (Wolfgang Goethe, Máximas e reflexões)
2. Dito sentencioso; APOTEGMA
[F.: Do lat. aphorismus; der. gr. aphorismos. Cf.: aforisma.]
Livro I Aqui deve ser o começo. Se quiseres estar eternamente com o cordeiro de Deus Deves desde aqui seguir as Suas pegadas. (Af. 155) Deus tem sede. Dá-Lhe de beber! Deus Se queixa de sede e tu sempre O fazes sofrer, Se não O sacias como aquela mulher samaritana! (Af. 160) Deves ter a relação filial. Se quiseres chamar o Deus Altíssimo de Pai, Deves primeiro reconhecer que és Seu filho. (Af. 162) Deve-se amar a humanidade. É justo e bom que não ames os homens: É a humanidade no homem que devemos amar. (Af. 163) Cristo é tudo! Maravilha! Cristo é verdade e Palavra, luz e vida, Alimento e bebida, caminho e peregrino, porta e lugar. (Af. 168) O homem não vive só de pão. O pão não te alimenta: o que no pão sacia É a eterna Palavra de Deus, é vida e espírito. (Af. 173) Um cristão é Igreja e tudo o mais. Mas o que sou, afinal? Devo ser a igreja e a pedra, Ser o sacerdote de Deus e também a vítima. (Af. 180) O mercenário não é filho. Se serves a Deus por bens, santidade e recompensa, Ainda não O serves por amor, como filho. (Af. 182) O que és diante de Deus? Homem, não te creias importante para Deus por tuas obras! Para Deus a ação de todos os santos não passa de brinquedo. (Af. 194) A luz é feita de fogo. A luz dá força a tudo: o próprio Deus nela vive! Se Deus não fosse fogo, a luz logo morreria. (Af. 195) Arca espiritual e vaso do maná. Se o teu coração é de ouro e a alma pura, Podes também ser arca e vaso do maná. (Af. 196) O Verbo é como o fogo. O fogo move todas as coisas mas não é movido: Assim o Verbo eterno, que a tudo inicia e move. (Af. 198) Por que Deus nasce? Mistério insondável! Deus perdeu a si mesmo: Por isso quer ser re-nascido em mim. (Af. 201) A alta dignidade. Oh, alta dignidade! Deus desce de Seu trono E me põe em Seu lugar como Seu amado Filho. (Af. 202) O homem é a coisa mais elevada. Nada me parece elevado: a suprema coisa sou eu, Pois até Deus, sem mim, é pouca coisa para Si. (Af. 204) Como se chama o homem novo? Se queres conhecer o homem novo e seu nome, Pergunta antes a Deus como Ele costuma Se chamar. (Af. 206) O mais belo festim. Oh, suave banquete! O próprio Deus será o vinho, Mesa, música e alimento, que Ele próprio servirá. (Af. 207) A feliz intemperança. Demasiado nunca é bom. Detesto o excesso! Mas de Deus quero estar pleno, como Jesus. (Af. 208) Mais nos abandonamos, mais somos como Deus. Os santos tanto mais se embriagam pela divindade de Deus Quanto mais n'Ele se perdem e se afundam. (Af. 210) Também eu à direita de Deus. Porque meu Salvador assumiu a natureza humana Também eu cheguei, por Ele, à direita de Deus. (Af. 220) A fé. Como grão de mostarda, a fé transporta o monte para o mar; Pensai o que ela faria se fosse uma abóbora! (Af. 221) A confiança. Ter confiança é bom, e bela é a fé; Se não és justo, porém, terás apenas aflição. (Af. 223) |
|
Bibliografia
(Caligrafias de Vincent Geneslay.) Fonte: O peregrino querubínico,trad. Ivo Storniolo, Paulus,São Paulo, 1996 (ISBN 85-349-0553-3) Traduzido por Gisele Pimentel | |
Nenhum comentário:
Postar um comentário