terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Salvador e as Crianças

Meu amado, minha amada:

Neste domingo da Epifania do Senhor, ou seja, da Sua Manifestação aos povos, quando o Pai do Céu guia os Reis Magos até Belém para que eles possam conhecer Jesus, o Verbo feito carne, o Salvador que veio PARA TODOS. O que isso significa? O Messias, o Rei dos Judeus, é também o Rei de todos nós, que veio para nos salvar INDISTINTAMENTE. Mas como? Também àqueles que não crêem? Àqueles que deliberadamente cometem o mal? Até mesmo aos que nunca ouviram falar d'Ele?

Neste trecho do Evangelho da Epifania, vemos um momento de grande alegria e esperança para todos os seres humanos, porque sim, Jesus veio para salvar TODOS os filhos e filhas de Deus, não importa quem sejam, o que tenham feito, onde estejam, se já ouviram ou não falar d'Ele. A Salvação trazida por Jesus é ilimitada, como o Amor da Santíssima Trindade da qual Jesus é a Segunda Pessoa.

Porém, este trecho também nos dá um sinal: os Reis Magos não podem voltar a Herodes e contar-lhe sobre o Menino, pois os planos do rei são terríveis, e podem pôr em risco o plano da Salvação. Então, os Reis Magos se vão por outro caminho. Mais adiante, veremos que, realmente, Herodes promoveu um macabro infanticídio em sua busca por Jesus, pois ele acreditava que seu trono corria o risco de lhe ser tomado pelo Rei dos Judeus que acabara de nascer.

Atualmente, muitas crianças são assassinadas de várias formas todos os dias, seja fisicamente, seja moral e/ou emocionalmente. É fácil nos condoermos quando ouvimos notícias de crianças assassinadas, como da mesma forma que nos chocamos ao pensar no assassinato das crianças inocentes, cometido por Herodes. Mas... E quando sabemos que mais uma criança foi abortada? E quando ouvimos alguém comentar que seus filhos estão sozinhos em casa, ou ficam perambulando pelas ruas, porque os responsáveis "não têm tempo para eles"? Ou então, quando alguém comenta, orgulhosamente, que os filhos são criados "na base do cinto e do chinelo", porque "criança não sabe de nada"? É, "assassina-se" uma criança de várias m
aneiras.

Eu não tenho filhos, mas tenho uma irmã caçula, que tem onze anos. Ela é como uma filha para mim. Às vezes, quando fica aqui em casa, comigo, eu procuro dar toda atenção a ela. Mas, reconheço, às vezes dou mais importância a tarefas que podem "ficar para depois" do que a ela. Eu reconheci nas palavras da oração abaixo, de uma criança anônima (para nós, mas bem conhecida para Deus), palavras que a minha irmã já me disse algumas vezes... Sinceramente, eu não quero que ela precise repeti-las.

Amedeo Modigliani, "Garçon à la veste bleue" (Menino com veste azul), 1918.


Oração de um filho aos seus pais

Eu gostaria de ser Félix, nosso gatinho,
para ser segurado, como ele, nos seus braços
cada vez que vocês chegam em casa...

Eu às vezes gostaria de ser um aparelho de mp3
para me sentir ouvido por vocês dois,
sem nenhuma distinção,
tendo só minhas palavras aos seus ouvidos,
sussurrando o eco da minha solidão...

Eu adoraria ser um jornal,
para que vocês tivessem tempo, todo os dias,
de me perguntar pelas minhas novidades.

Eu amaria ser uma televisão
para nunca ir dormir, à noite,
sem ter sido, ao menos uma vez,
visto com interesse...

Eu gostaria muito de ser um time de futebol
para você, papai, para te ver gritar de alegria
após cada uma das minhas vitórias e
uma novela para você, mamãe,
para que você pudesse enxergar as minhas emoções...

Pensando bem, eu só gostaria de ser uma coisa:
um presente inestimável para vocês dois.
Não comprem nada para mim no meu aniversário,
deixem-me somente sentir
que EU SOU SEU FILHO.

Oração escrita por uma criança "anônima".


gisele.pimentel@gmail.com

Nenhum comentário: