"Da Galiléia foi   Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por   ele." 
    Mt 3,   13 
     Domingo cedinho,   Dona Graça chegou à casa da filha, Marisa, para ajudar com os últimos   preparativos para o almoço festivo que aconteceria daí a poucas horas. Todos   estavam apressados, Marisa terminava de fazer sua chapinha, Otávio, o marido,   tentava desesperadamente acertar o nó da gravata - ele é professor de Educação   Física, imagina, preso dentro de um terno e "enforcado" por uma gravata!   Nandinha, a filha mais velha, corria pela casa toda, afinal, sabe como é,   criança aos 4 anos não anda, corre. 
   A vovó Graça   chegou e viu esse cenário. Parou, respirou fundo e pensou: "Meu Deus, tanta   agitação por causa de um batizado!" Ela é paroquiana da igrejinha do bairro,   trabalha justo na Pastoral do Batismo e sabe, melhor do que ninguém, que a   data é especial. E justamente por isso não consegue entender tanta   confusão. 
   Chegaram   finalmente à igreja. "Tá vendo, Otávio? Você, arrumando o som da festa, acabou   me atrasando toda! Chegamos atrasados no batizado! Que vergonha!", disse   Marisa já sobressaltada, correndo igreja adentro. E Otávio resmungando, e   Nandinha correndo, e a confusão continuava. E cadê os   padrinhos?  
   Pois é. Luiz e   Carmem só chegaram quase na hora de levarem a Clarissa para o altar, para ser   batizada. Dona Graça estava a ponto de ter um ataque, pois ela nunca imaginou   que na sua própria família algo semelhante pudesse acontecer. Ninguém prestou   atenção ao que o padre falou, ninguém entendeu nada, todo mundo olhava para   aquela família, com o ar incomodado. 
   Finalmente o   batizado terminou. Os pais reclamavam, os padrinhos só falavam do quanto a   cerimônia foi maçante... Chegaram à festa. O almoço estava ótimo, uma   tremenda feijoada com tudo a que tinha direito. Tudo mesmo. De repente, vovó   Graça pergunta para Nandinha: "Filhinha, você está gostando da festa?" Ao que   a menina respondeu: "Mais ou menos, vó." "Mas por que, meu amor? Está   cansada?" "Não, é que eu queria ter ficado mais lá naquele lugar bonito onde a   gente foi de manhã. Eu gostei de ver aquele moço de branco jogando água na   cabeça da Clarissa, queria que ele jogasse na minha também." Dona Graça   respondeu: "Mas ele já fez isso com você, um dia, só que você era do tamanho   da sua irmã, então você não se lembra." "É mesmo, vó? Tem foto?" "Tem, você   quer ver?" "Quero!!!" 
   Dona Graça foi   buscar o álbum do batizado da Nandinha. A garota ficou deslumbrada ao   descobrir que o "moço de branco" também havia jogado "aquela água" na cabeça   dela, um dia. "Vó, você me leva lá naquele lugar bonito de novo? Eu gostei de   lá, achei legal aquele tapete vermelho..." A avó riu e prometeu à menina que a   levaria à igreja um outro dia, sim. Nandinha perguntou se poderia levar   Clarissa, porque agora que ela também tinha recebido a "água na cabeça", ela   também deveria saber como aquele lugar era legal. Dona Graça riu de novo e   respondeu que sim, levaria a Clarissinha.  E ficou muito feliz em ver que   alguém havia entendido o que se passara ali, naquela cerimônia.
    Gisele   Pimentel
gisele.pimentel@gmail.com
 
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