terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tesouro escondido

No Evangelho de hoje, Jesus nos mostra o contraponto do mandamento do amor a Deus e ao próximo: o egoísmo de quem só pensa em si mesmo, tornando-se indiferente a todo e qualquer sofrimento. Não é que o rico fosse mau, injusto; mas era cego. E o pior cego é aquele que não quer ver. Seu coração estava cheio de si mesmo, preocupado com os banquetes, com as festas e com seu mundo egoísta.
Em nossos dias, a parábola se repete na relação entre os indivíduos, na ostentação de uns que contrasta com a indigência de tantos, tendo como divisão o muro do egoísmo e da indiferença. Nada mais contraditório à narrativa do Juízo Final: “Tive fome e Me deste de comer, tive sede e M deste de beber... Vinde, benditos de Meu Pai” (MT 25, 31-46).
Ao mesmo tempo, não são poucas as iniciativas de pessoas de boa-vontade, que se preocupam com os (mais) pequeninos, realizando obras de misericórdia e, mesmo no silêncio, através de atos discretos, estendendo a mão e fazendo a diferença na vida de tantas pessoas.
São pessoas que, tocadas pela Palavra de Deus, fazem o que está ao seu alcance, dedicando tempo e recurso aos “Lázaros” de hoje. Neste dia da Bíblia, que coincide com a festa de São Jerônimo – este, a pedido do Papa São Damaso, traduziu o Antigo e o Novo Testamento do hebraico, aramaico e grego para o latim (a “vulgata”), a língua falada naquele tempo –, somos chamados a fazer da Palavra de Deus um manual para as nossas vidas e, também, a fazer de Jesus o grande tesouro da nossa existência.
Conta-se que um homem sábio, passando por uma aldeia, sentou-se sob uma árvore para ali passar a noite. De repente, um jovem chega correndo e suplica: “Dá-me a pedra preciosa.” “Que pedra?, pergunta o homem. “Na noite passada, o Senhor me apareceu em sonho e me disse que, após o pôr-do-sol, encontraria um homem de Deus que me daria uma pedra preciosa, que me faria rico e feliz para sempre.” Tomando do alforje, o sábio disse: “Provavelmente é isto que encontrei há alguns dias entre as pedras do bosque. É seu.”
Maravilhado, segurando com firmeza o precioso diamante, o jovem se retira com a pedra que lhe fora dada. Durante toda a noite, revirou-se na cama sem poder dormir e, no dia seguinte, aos primeiros raios da aurora, correu até a árvore, acordando o homem e dizendo: “Por favor, te suplico, me conceda essa riqueza que te permite entregar a um estranho com tanta facilidade algo tão precioso.”
O Reino do Céu é comparável a um homem que encontrou um tesouro... O tesouro verdadeiro. Que neste Dia da Bíblia meditemos sobre este tesouro.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 26/09/2010, 26º DTC.
http://www.private-diamond-club.com/an-en-FROMROUGHDIAMONDTOCUTDIAMOND.php

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Saudável Paternidade

Neste domingo, quando é proclamado todo o Capítulo 15 do Evangelho de São Lucas, no qual lemos as três chamadas Parábolas da Misericórdia, dentre as quais a célebre e comovente parábola do Filho Pródigo, temos uma excelente ocasião para meditarmos sobre a importância do saudável relacionamento entre pais e filhos.
Todos sabemos quanto o relacionamento com o pai terreno pode influenciar, positiva ou negativamente, o próprio relacionamento com o Pai do Céu, e, por isso mesmo, a vida cristã. Durante a preparação para o Grande Jubileu do Ano Santo de 2000, muito se falou sobre este tema no chamado Ano do Pai, em 1999.
Existem casos belíssimos de relacionamentos entre pais e filhos que alicerçam a vida adulta, dando equilíbrio e maturidade aos filhos, transmitindo-lhes segurança para toda a vida. Infelizmente não são raros os casos negativos, que produzem tristezas abissais. São filhos que renegam os pais, que os exploram e os abandonam em sua velhice, retribuindo o bem e os bens que deles receberam unicamente com amargo desprezo. De outro lado, filhos cujo profundo e inconfessado sofrimento é a incompreensão, a falta de estima, de apoio ou de reconhecimento (por parte) dos pais. Nesse universo onde, por vezes, não faltam autoritarismo, incomunicabilidade, quando não realidades ainda piores, quantos sofrimentos na vida de tantas pessoas que necessitam de cura e restauração, que somente Deus pode realizar com Seu perdão e Sua misericórdia, como lemos no Evangelho de hoje!
Nesta semana, o Santo Padre, o Papa Bento XVI, fará uma viagem histórica ao Reino Unido (Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales), durante a qual será beatificado o Cardeal Newman (John Henry Newman: http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Henry_Newman). Um belo testemunho se sobressai na história daquela nação: em 1535, condenado à morte porque não aceitara renegar sua fé, Thomas Morus (http://hagiosdatrindade.blogspot.com/2009/06/santos-sir-tomas-more-leigo-e-joao.html) é levado ao cadafalso num cortejo impactante. No caminho, sua filha lhe suplica que renuncie à fé católica e, assim, o rei Henrique VIII não somente lhe salvaria a vida como lhe restituiria todos os privilégios, patrimônio e o cargo de Primeiro Ministro do Rei. Preferindo Deus ao poder e ao dinheiro, São Thomas Morus, patrono dos políticos, não somente deu à sua filha um testemunho de honra, dignidade e fé, mas também passou à História como “o Homem que não vendeu sua Alma”.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 24º Domingo do Tempo Comum, 12/09/10.