domingo, 28 de março de 2010

Deus chega primeiro...



         Uma das manifestações mais tradicionais da Quaresma são as procissões em honra dos passos do Senhor. Neste Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa, Jesus nos traça o Seu itinerário pascal: frente ao homem que tem pretensão de ser como Deus, Cristo decide ser como o homem, fazendo-Se obediente até o extremo da morte na Cruz, que se torna o Seu “Sim” definitivo ao Pai e à humanidade.
Para segui-Lo, somos convidados a trazer palmas nas mãos, como os Macabeus que, depois da vitória sobre os invasores, entram triunfantes em Jerusalém (I Mac 13, 49-52); e, semelhantes aos eleitos, que empunharão palmas de vitória diante do Trono e do Cordeiro Imolado, depois de terem lavado suas vestes, tornando-as brancas no Sangue do Cordeiro (AP 7, 9).
Por tudo isso, este domingo é como que uma chave de leitura para se entender o Mistério da Páscoa: Cristo é o protagonista da Sua paixão, não um objeto da maldade humana, ou uma mera vítima das ciladas de Seus inimigos. É Ele mesmo que Se lança para a Cruz, como um homem apaixonado, que se encaminha para o altar nupcial: a maldade dos homens nunca poderá preceder a Misericórdia de Deus.
Já na Última Ceia, o Senhor havia antecipadamente entregue o Seu Corpo e o Seu Sangue pela humanidade inteira. Judas chega com atraso. Aliás, este é o seu verdadeiro drama: Deus sempre chega primeiro. Uma única vez Judas se antecipa: quando, dilacerado pelo remorso, não soube esperar pela tarde do terceiro dia, em que Cristo ressuscitado sopraria sobre os discípulos o Espírito de perdão e misericórdia.
Para nós, é tempo de seguir os passos Daquele que passa à nossa frente.

Fontes:
Folheto “A Missa”, Domingo de Ramos, 28/03/10.

"Jesus celebra a Nova Aliança."

Nesta narrativa da Paixão há uma série de relatos. O primeiro é o da instituição da Eucaristia. A Páscoa que Jesus celebra com Seus Apóstolos está à espera de seu cumprimento escatológico. Nele Jesus está presente, isso nos indica que Sua morte não será o final, mas a passagem para um banquete definitivo do Reino.
O segundo relato é um discurso de despedida. Trata-se das últimas recomendações de alguém que ia morrer. Insiste-se nesse discurso a fidelidade daqueeles que permanecem no mundo e a advertência a eles sobre os perigos iminentes.
O terceiro é o anúncio da negação de Pedro. Diante da luz da glória, da qual nos fala o texto precedente, contrapoem-se a traição e a fragilidade em que Pedro aparece como porta-voz e cabeça dos Doze. A fragilidade será substituída pela força no testemunho evangélico que aparece no livro dos Atos dos Apóstolos.
O quarto relato é a oração no Monte das Oliveiras. Poderíamos sintetizar esse relato como um ensinamento sobre a oração no momento da prova. O aparecimento de um anjo expressa a ajuda divina ao justo, um tema que nos lembra o episódio de Elias no Antigo Testamento.
O quinto relato é a prisão de Jesus, descrita como um ato do poder das trevas presente em Judas e nas autoridades de Israel. Lucas destaca essa presença misteriosa das trevas, mas não menciona a fuga dos discípulos.


Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.
http://www.lexilogos.com/images/jesus_rameaux.jpg

sexta-feira, 26 de março de 2010

"Fraternidade e comunhão, frutos da Páscoa."



Então, muitos dos judeus que tinham vindo a casa de Maria, ao verem o que Jesus fez, creram nele. 
Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus convocaram então o Conselho e diziam: «Que havemos nós de fazer, dado que este homem realiza muitos sinais miraculosos? Se o deixarmos assim, todos irão crer nele e virão os romanos e destruirão o nosso Lugar santo e a nossa nação.» 
Mas um deles, Caifás, que era Sumo Sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não entendeis nada, nem vos dais conta de que vos convém que morra um só homem pelo povo, e não pereça a nação inteira.» Ora ele não disse isto por si mesmo; mas, como era Sumo Sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não só pela nação, mas também para congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos. 
Assim, a partir desse dia, resolveram dar-lhe a morte. Por isso, Jesus já não andava em público, mas retirou-se dali para uma região vizinha do deserto, para uma cidade chamada Efraim e lá ficou com os discípulos. 
Estava próxima a Páscoa dos judeus e muita gente do país subiu a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar. Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele virá à Festa?» (João 11, 45-56)

Jesus deu Sua vida para quê? Para reunir todos os filhos dispersos de Deus.  Na Bíblia, o termo "disperso" é sinônimo de divisão, pecado, confronto. Jesus deu Sua vida para mudar os corações dos homens, transformando-os de seres alienados em irmãos, de uma sociedade injusta e dividida em outra fraternal e unificada.
Jesus experimentou em Si o coração humano individual, aquele que é fonte de nossa ternura e alegria. Mas Nele não existia somente um homem - existia o homem total, o que reunia, no fundo de Sua consciência, a de todos os homens.
Experimentemos reunir num só oceano paixões, expectativas, temores, penas e felicidade, do qual cada homem representa uma gota. Foi desse mar que Cristo emergiu, para absorvê-lo até a última gota. Foi esse mar tempestuoso que Ele transfundiu para o Seu coração poderoso, até que tivesse domado suas ondas e marés segundo o ritmo de Sua própria vida. Eis o sentido da vida ardente do Cristo benfeitor e orante. Eis o inacessível segredo de Sua agonia. E eis também a incomparável virtude de Sua morte na cruz.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.

domingo, 21 de março de 2010

Está próxima a Páscoa do Senhor



Estamos chegando ao final da Quaresma e da Campanha da Fraternidade. No próximo domingo, entraremos na grande Semana Santa, em que acompanharemos os passos de Jesus, da paixão até a ressurreição, passando pela morte, e morte de cruz. Para nos ajudar na preparação, a Mãe Igreja apresenta hoje um texto bíblico muito conhecido: o encontro da mulher adúltera com Jesus, modelo de todo encontro que podemos ter com o Salvador.


Ali estavam Jesus – o Santo, o sem pecado –, a pecadora e os pecadores. Na mulher, apenas o medo de ser morta por apedrejamento. Nos outros pecadores, o desejo de acalmar suas consciências, escondendo-as sob as pedras. Em Jesus, todo o amor de Deus que, sondando os corações humanos, enxerga e mostra a verdade. Com uma única frase, Jesus desmascarou todos aqueles que, de algum modo, achavam-se puros, sem mancha alguma, sem pecado, enfim.
E Sua Palavra ultrapassa os limites daquele tempo. Chega a nós hoje e nos interroga se, estando próxima a Páscoa, ainda permanecemos com nosso coração fechado no orgulho e na auto-suficiência.
Como é duro o coração humano! Quando vive em situação de pecado, torna-se cego. Deixa de ver as próprias falhas! Como pode uma mulher cometer adultério sozinha? Não seria o caso de também julgar o homem que estava com ela? Mas o pecado é assim mesmo: resseca o nosso coração e, aí, só mesmo a graça de Deus para nos dar um coração novo.
Infelizmente, as pessoas que levaram a pecadora até Jesus voltaram para suas vidas do mesmo modo como chegaram. Estavam frustradas por não terem conseguido seu intento. Elas não fizeram a Páscoa, pois não se deixaram transformar por Jesus. Somente a mulher, acusada de um pecado que seria punido com a morte, sai redimida. Para Jesus, não importa tanto se chegamos a Ele com este ou aquele pecado. Importa não voltar ao dia-a-dia com a mesma falta no coração, com a vida marcada pelos mesmos erros.
A Páscoa está bem perto de nós! Ela nos ensina a voltar por outro caminho, a seguir numa outra direção.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 21/03/10 – 5º Domingo da Quaresma.

sábado, 20 de março de 2010

A Mulher Adúltera é (também) uma Refém - Padre Laurent le Boulc’h

 “Dirigiu-se Jesus para o monte das Oliveiras.                                                                                            
Ao romper da manhã, voltou ao templo e todo o povo veio a ele. Assentou-se e começou a ensinar.         
Os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher que fora apanhada em adultério. Puseram-na no meio da multidão e disseram a Jesus: ‘Mestre, agora mesmo esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés mandou-nos na lei que apedrejássemos tais mulheres. Que dizes tu a isso?’ Perguntavam-lhe isso, a fim de pô-lo à prova e poderem acusá-lo. Jesus, porém, se inclinou para a frente e escrevia com o dedo na terra.                                             
Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: ‘Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.
Inclinando-se novamente, escrevia na terra. A essas palavras, sentindo-se acusados pela sua própria consciência, eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos, de sorte que Jesus ficou sozinho, com a mulher diante dele.                                                                                                                      
Então ele se ergueu e vendo ali apenas a mulher, perguntou-lhe: ‘Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?’ Respondeu ela: ‘Ninguém, Senhor.’ Disse-lhe então Jesus: ‘Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.’ ” (Jo 8, 1-11)

Uma mulher feita refém
Tudo neste trecho do Evangelho faz da mulher uma refém. Uma mulher refém como tantas outras que há no mundo. Esta mulher é refém do seu desejo e do desejo do homem que a induziu à infidelidade. Ela é refém da lei de Moisés que a condena à morte por apedrejamento. Ela é refém dos escribas e dos fariseus que a usam como um joguete e que a reduzem a uma isca para pegarem Jesus numa armadilha. Quantas são, no mundo inteiro, as mulheres reféns da infidelidade, da dureza da lei ou da astúcia dos homens? Cercada por todos os lados, a mulher refém parece perdida. De pés e mãos atados. O flagrante delito do adultério a deixa completamente sem saída. Não é necessário processo algum.
Ela permanece lá, em silêncio, como se estivesse alheia ao drama que está por vir. A vida não está mais nela. Tudo parece já consumado. “Na lei, Moisés nos ordenou a apedrejar essas mulheres (adúlteras). E Vós, o que dizeis? ” Estranho: há algo do Sermão da Montanha nesta pergunta que os escribas e fariseus fizeram a Jesus. “Foi dito que... E portanto Eu vos digo...”, proclamava então Jesus, fazendo-Se Mestre da Lei, escandalizando os doutores da lei. Curioso também vermos como o Evangelho descreve as posições de Jesus. Ele está abaixado quando ensina, quando escuta a provocação dos escribas e fariseus, quando eles se vão. Mas Se levanta quando lhes fala e quando fala à mulher. É a autoridade da Sua Palavra, que Lhe vem do Alto.
Sua Palavra, de fato, é cortante como uma espada. “Aquele que não tiver pecados, que atire a primeira pedra.” A Palavra de Jesus é certeira. Ela põe o dedo no pecado que enfeia o coração de cada homem, seja um escriba ou um fariseu. Ela traz à tona a cumplicidade universal entre os seres humanos e o mal. Ela lhes diz que condenar os outros é assumir para si o dever de se auto-condenar. Somente o Justo, Aquele que não tem pecados, tem o poder de condenar. Portanto, somente Deus pode fazê-lo.
A mulher é libertada do primeiro grupo que a mantém refém. “eles se foram retirando um por um, até o último, a começar pelos mais idosos”, destaca com humor o Evangelho, deixando subentendido a que ponto o pecado acompanha o homem durante a sua vida. Eis então a mulher, sozinha com Jesus. Pois Jesus permanece. Ele, o único Juiz, porque é o único Inocente. Ele, o Homem que vem de Deus e que é o único capacitado a condenar o homem pecador.
Eis a mulher, transformada em “refém” de Jesus. Mas ser refém de Jesus significa encontrar a liberdade. Jesus começa dirigindo-lhe a palavra: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?” “Ninguém, Senhor.” Aí já vemos que a mulher não está mais reduzida a um objeto de prazer, de legislação ou de crueldade; ela retoma a sua condição de indivíduo. “Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.” A misericórdia liberta a pecadora da sua condenação. A própria lei não a tem mais como refém.
A mulher se viu libertada, por Jesus, do seu confinamento de refém da lei e da astúcia dos homens. Mas ela ainda continua “escravizada” por seu desejo. “Vai e não tornes a pecar”, diz-lhe Jesus. Foi por vontade própria que Jesus a liberta. Mulher, não seja mais refém do seu prazer. Torne-se livre.
Cristo é, assim, um dom extraordinário de liberdade para aqueles que O acolhem. Pelo poder do Seu Santo Espírito, Ele nos liberta da dureza da lei, da crueldade dos homens, da servidão aos nossos desejos mais mesquinhos, pois Ele nos transforma em dons da misericórdia do Pai, da Palavra que não teme nem o mal nem a morte, do Espírito que faz nossos desejos se elevarem.
Quem pode duvidar de que, se Paulo, no tempo em que ainda se chamava Saulo, também estivesse presente nessa cena, ele não teria feito parte do grupo de fariseus mais rígidos, tendo também uma pedra na mão? Saulo também era refém dos rigores da lei, do coração endurecido e do desejo de morte. Mas eis que o seu encontro com Cristo Ressuscitado, na estrada de Damasco, acabou perturbando tudo. Em sua Carta aos Filipenses, que recebemos este domingo na Segunda Leitura, São Paulo nos dá o seu ardente testemunho: Sim, considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por causa dele, tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo e nele ser achado, não com a minha própria justiça, a que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apóia na fé.”
Como a mulher adúltera, Paulo viu-se justificado não pela obediência à lei, mas sim por sua fé na misericórdia infinita do Pai, ofertada gratuitamente no encontro com Jesus Ressuscitado. E eis Paulo, radicalmente transformado por esta Boa Nova, dedicando sua vida a proclamá-La a todos.
”Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, não penseis mais no passado”, proclamava já o profeta Isaías na Primeira Leitura. Não permaneçam prisioneiros dos seus antigos desejos, da lei antiga nem dos seus corações endurecidos. A alguns dias da Páscoa, entrem na libertação do Cristo que abre a todos os homens um novo porvir, na misericórdia do Pai, na conversão do coração e na nossa libertação em relação a todas as nossas violências. Amém.

O Padre Laurent Le Boulc'h é pároco de Lannion e moderador da paróquia de Pleumeur Bodou, secretário geral do Conselho Presbiterial da Diocese de Saint Brieuc e Tréguier (Côtes d'Armor - France).

Tradução e Adaptação :
Gisèle Pimentel

Fontes :

quarta-feira, 17 de março de 2010

"Libertação: passagem da morte à vida."

"Mas ele lhes disse: ‘Meu Pai continua agindo até agora, e eu ajo também. Por esta razão os judeus, com maior ardor, procuravam tirar-lhe a vida, porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus era seu Pai e se fazia igual a Deus.’                              
Jesus tomou a palavra e disse-lhes: ‘Em verdade, em verdade vos digo: o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz também semelhantemente o Filho. Pois o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que faz; e maiores obras do que esta lhe mostrará, para que fiqueis admirados.
Com efeito, como o Pai ressuscita os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer. Assim também o Pai não julga ninguém, mas entregou todo o julgamento ao Filho. Desse modo, todos honrarão o Filho, bem como honram o Pai. Aquele que não honra o Filho, não honra o Pai, que o enviou.
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo: vem a hora, e já está aí, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão. Pois como o Pai tem a vida em si mesmo, assim também deu ao Filho o ter a vida em si mesmo, e lhe conferiu o poder de julgar, porque é o Filho do Homem.
Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que se acham nos sepulcros sairão deles ao som de sua voz: os que praticaram o bem irão para a ressurreição da vida, e aqueles que praticaram o mal ressuscitarão para serem condenados. De mim mesmo não posso fazer coisa alguma. Julgo como ouço; e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.’ ” (João 5, 17-30)

Tudo em nossa vida é obra de Deus em nós. Agindo Jesus, Deus age n’Ele e com Ele. Também nossa vida é assim: se deixarmos Deus agir, ficaremos admirados das novidades que há em nosso mundo. Ao chamar Deus de Pai, Jesus revela estar unido a Ele, realidade que também é nossa. Em Cristo, estamos unidos ao Pai. Esse mistério, acolhido e vivido, pode transformar o rumo de nossa vida.
Como já se aproximava a hora de Sua Paixão, Jesus ressalta com clareza Sua missão de libertação. E, propositadamente, tira vantagem de Suas discussões com os judeus.
Na cena narrada pelo texto de hoje, Jesus revela que Sua libertação é para uma vida de “ressurreição”. Essa salvação, que se repete na história da humanidade em tudo o que “passa da morte à vida”, atinge seu objetivo na vida sem fim que terão aqueles que ouvem as Palavras de Jesus.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.

terça-feira, 16 de março de 2010

"A libertação é a salvação pessoal."

"Depois disso, houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.
Há em Jerusalém, junto à porta das Ovelhas, um tanque, chamado em hebraico Betesda, que tem cinco pórticos. Nestes pórticos jazia um grande número de enfermos, de cegos, de coxos e de paralíticos, que esperavam o movimento da água. [Pois de tempos em tempos um anjo do Senhor descia ao tanque e a água se punha em movimento. E o primeiro que entrasse no tanque, depois da agitação da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse.]
Por esse motivo, os judeus perseguiam Jesus, porque fazia esses milagres no dia de sábado. Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Vendo-o deitado e sabendo que já havia muito tempo que estava enfermo, perguntou-lhe Jesus: 'Queres ficar curado?' O enfermo respondeu-lhe: 'Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; enquanto vou, já outro desceu antes de mim.' Ordenou-lhe Jesus: 'Levanta-te, toma o teu leito e anda.' No mesmo instante, aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e foi andando. Ora, aquele dia era sábado.
E os judeus diziam ao homem curado: E sábado, não te é permitido carregar o teu leito. Respondeu-lhes ele: 'Aquele que me curou disse: Toma o teu leito e anda.' Perguntaram-lhe eles: 'Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?' O que havia sido curado, porém, não sabia quem era, porque Jesus se havia retirado da multidão que estava naquele lugar.
Mais tarde, Jesus o achou no templo e lhe disse: 'Eis que ficaste são; já não peques, para não te acontecer coisa pior.' Aquele homem foi então contar aos judeus que fora Jesus quem o havia curado." (João 5, 1-16)

Um dos aspectos dessa cura é que Jesus é quem toma a iniciativa diante da passividade do enfermo. Em todos os milagres de cura, o necessitado vai até Jesus, por si ou por meio de outros, para pedir a Sua ajuda. Aqui é Jesus quem vai até o enfermo.

Essa libertação, embora seja importante em si mesma, é somente parte de uma salvação maior. Por quê? Mais tarde Jesus encontra esse homem no templo e o chama para uma conversão dos pecados a fim de que a libertação possa ser completa e autêntica.
O doente ficou curado e libertado por Jesus. A severa interpretação de costumes e leis nos faz perder a oportunidade de ficarmos livres dos males que nos afetam. A atitude de Jesus manifesta Sua constante iniciativa de salvar o que estava perdido. Expulsar de nós todo o nosso egoísmo. Para Deus sempre há libertação.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.
http://www.cursillos.ca/images/Jesus-guerit-paralytique.jpg
http://eucharistiemisericor.free.fr/images/220208_paralytique1.jpg

domingo, 14 de março de 2010

E mais uma vez, a liturgia estacional...

Hoje somos chamados – nós que já peregrinamos do deserto à Montanha da Transfiguração, e dela ao nosso dia-a-dia, meditando os sinais dos tempos – a mergulhar no interior da consciência humana, perscrutando o próprio coração.
Nas figuras tão caras do Pai Misericordioso e do Filho Pródigo, uma das páginas mais veneráveis do Evangelho, um convite à conversão que fora sinalizado anteriormente na Segunda Leitura, pelo Apóstolo São Paulo: “Deixai-vos reconciliar com Deus.”
Já se disse que a Confissão é um sacramento em crise. O homem de hoje, em sua auto-suficiência, julga não precisar do perdão de Deus. Nosso orgulho nos faz perguntar: para que abrir nosso coração a um ser humano como nós, confidenciando nossas mazelas, pecados e vícios? Há quem diga que se confessa diretamente a Deus e que está tudo bem, quando, na realidade, foi o próprio Cristo que, na tarde da Ressurreição, entregou aos Apóstolos o ministério do perdão e da Reconciliação. Na realidade, temos medo de ouvir de nossos próprios lábios nossas faltas, que não só queremos esquecer e nos envergonham, mas nos incomodam e clamam à mudarmos de vida, convidando-nos à conversão. É mais fácil, para o nosso tempo, um analgésico que faça passar a dor, do que combater e debelar a causa da mesma. É mais fácil abafar a consciência do que purificá-la.
Acostumamo-nos aos pecados e erros, e já nem sentimos falta da graça de gozar da condição de filhos e filhas legítimos na Casa Paterna.
E eis que a liturgia nos coloca diante dos olhos o Filho Pródigo. Este jovem que, ao mesmo tempo, nos incomoda e abrasa o coração em plena Quaresma...
Daqui a pouco será a Páscoa. Páscoa quer dizer passagem – mais uma vez esta liturgia estacional! Que o Pai Misericordioso nos encoraje a realizar o grande êxodo do homem velho ao homem novo: Pai, pequei contra o Céu e contra Ti. Perdoa minhas ofensas porque já não quero mais pecar.

Fontes:
Folheto “A Missa”, 14/03/10 – 4º Domingo da Quaresma.

domingo, 7 de março de 2010

8 de Março, Dia Internacional da Mulher

História do 8 de março
No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Objetivo da Data 
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Conquistas das Mulheres Brasileiras 
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo.

Marcos das Conquistas das Mulheres na História 
·   1788 - o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.
·   1840 - Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.
·   1859 - surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.
·   1862 - durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia.
·   1865 - na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.
·   1866 - No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas.
·   1869 - é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres.
·   1870 - Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.
·   1874 - criada no Japão a primeira escola normal para moças.
·   1878 - criada na Rússia uma Universidade Feminina.
·   1901 - o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

Fontes:
http://www.suapesquisa.com/dia_internacional_da_mulher.htm
http://photos.plantes-et-jardins.com/270x270/rosier-pierreronsard-meilland2.jpg
http://a7.idata.over-blog.com/1/62/96/74/JUIN/ROSIER-ROUGE1.jpg

Os sinais dos tempos



Tradicionalmente, a Quaresma é um tempo estacional. Eram um costume da Antiga Roma as procissões diárias, que se reuniam (e saíam), cada dia, de uma igreja em direção à outra. Tais procissões, chamadas estacionais, simbolizava a marcha do Povo de Deus rumo à Terra Prometida e, ao mesmo tempo, nossa condição de peregrinos do Absoluto, caminhantes neste mundo rumo ao Céu.
Assim, nos dois primeiros domingos (desta Quaresma), fomos levados do deserto à montanha e, hoje, no quotidiano da vida humana, temos diante dos olhos Jesus que, aproveitando os acontecimentos de Sua época, nos ensina pelas entrelinhas dos fatos a interpretar os sinais dos tempos.
Em nossos dias, a questão ambiental deixou de ser um assunto exclusivo de grupos ecológicos ou da esfera científica para se tornar uma realidade alarmante para todos. Cientistas do mundo inteiro já colocaram às claras a realidade preocupante do aquecimento global. Longe de ceder a uma atitude fatalista, somos chamados a interpretar esta realidade à luz da fé, constatando até onde o egoísmo humano pode levar a humanidade. Quando o Homem absolutiza o lucro a qualquer preço, tornando-se mesquinho e buscando unicamente os próprios interesses, esquecendo o bem comum, a solidariedade e a partilha, acaba sempre amargando as conseqüências dos próprios atos que, infelizmente, prejudicam a maioria inocente.
Na realidade, a grande maioria dos males que afligem a humanidade sempre tem sua causa no coração humano qe, como diz a Escritura, é duro como o ferro e só se dobra com o fogo.
Este fogo é o amor de Deus, que se manifesta a Moisés na imagem da sarça ardente, e que nos foi derramado pelo Espírito Santo que habita em nós desde o dia do nosso Batismo. Que o sagrado Tempo Quaresmal nos seja propício para realizarmos uma profunda marcha de conversão, a partir do nosso coração.

Fontes :
Folheto « A Missa », 07 de março de 2010 – 3º Domingo da Quaresma.
http://www.certiferme.com/imgs/contenu/jardin_photo/blog-572-figuiers-figues-141109233543-267759402.JPG

sábado, 6 de março de 2010

“Jesus, pedindo e compreendendo.”


Aqui vemos nossa tendência, de caráter pagão, de relacionar a desgraça e a infelicidade com o castigo. Deus não castiga os maus e recompensa os bons, como se todo desgraçado fosse culpado e todo homem de sorte fosse um protegido de Deus, recompensado pelos seus méritos.
Se assim agisse, Jesus seria um deus pagão e cairia em contradição com o que afirmara: devemos ser como o Pai do Céu, que faz chover tanto na horta do bom como na do mau, que ama e perdoa os pecadores, que não retribui conforme seus méritos, mas conforme seu próprio coração paternal.
Deus não quer que façamos como os pagãos, que só fazem o bem como retribuição a outro bem recebido. Quando praticamos o mal, não é Deus quem nos castiga; o mal que praticamos traz consigo a própria punição, pois os Mandamentos são as normas de nossa felicidade. Se nosso coração estiver repleto de ódio, inveja, maus desejos, isso necessariamente se exteriorizará e as conseqüências virão em seguida.
Portanto, fica claro que o Evangelho de hoje “pinta” um retrato de Jesus paciente e impaciente ao mesmo tempo.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.
http://bonsamaritain.ca/files/IMG_0940%283%29.JPG

terça-feira, 2 de março de 2010

"Nossa Senhora das Três Mãos"


12 jan 2010 – Repórter: Taty Codu
 "Estava eu caminhando por uma rua contígua às antigas muralhas medievais de Tallinn, norte da Estônia, quando me chamou a atenção uma tabuleta ali afixada. Continha ela uma cruz, uma pequena abertura para o correio e uma inscrição em quatro línguas, que dizia: 'Igreja da Bem-aventurada Virgem das Três Mãos. Ela é a protetora do inocente que foi condenado injustamente, e contra o qual um pecado foi cometido. Você pode relatar seu problema e colocar a carta nesta abertura. Um sacerdote vai rezar para que seu problema seja solucionado.' Minha surpresa foi dupla: Em primeiro lugar, mencionava uma igreja que eu nem conseguia ver; a outra, uma devoção surpreendente, desconhecida por mim.
Quanto à igreja, fiquei sabendo depois que o local onde se encontrava a tabuleta era a parede lateral duma igreja católica dos ucranianos de rito bizantino. Essa igreja foi supressa por Stalin, e os fiéis perseguidos injustamente, com milhares de martírios. Os que não morreram aprenderam a sobreviver nas catacumbas, e só puderam sair à luz do dia após a derrubada da União Soviética. Possuíam lá aquela igreja, que externamente ninguém percebia. O templo religioso é decorado com numerosas pinturas, uma das quais dedicada justamente à Virgem das Três Mãos, padroeira dos acusados e condenados injustamente. E por que era Ela a padroeira dos injustiçados?
A recuperação da mão decepada
Para entender a história, é necessário ir bem longe dessa igrejinha da capital da Estônia. Ela começa em Damasco, capital da Síria, no século VIII. Lá vivia São João Damasceno (o nome lhe foi atribuído exatamente por ser de Damasco). Nesse tempo, todo o leste da Europa e o Oriente Médio estavam sob a influência do Império Bizantino, ainda católico. O imperador Leão III professava idéias erradas sobre o culto das imagens — nisso ele se assemelhava a certos protestantes modernos — e insistia em destruir todas elas. Imaginava obedecer assim o mandato bíblico de não fazer imagens.
Mas o que a Bíblia proíbe é fazer imagens para as adorar. O próprio Deus ordena em várias partes da Sagrada Escritura, pelo contrário, que se façam imagens. Normalmente, nessas regiões elas não eram estátuas, mas ícones, ou seja, pinturas. E o imperador editou um decreto ordenando a destruição de todos os ícones.
Ora, São João Damasceno, que era conselheiro católico do califa muçulmano de Damasco, escreveu uma série de três tratados apologéticos contra os adversários das sagradas imagens. Neles reduzia a pó os falsos argumentos apresentados pelo imperador, que ordenava a destruição das imagens. O soberano ficou furiosíssimo ao saber que alguém se opusera à sua autoridade. Damasco ficava fora do império, não podendo ele, portanto, mandar prender São João Damasceno. Decidiu então vingar-se.
Como o erro é irmão da mentira, o imperador recorreu a uma falsificação: pagou a um falsificador para imitar a letra do santo numa carta a ele dirigida. Essa falsa missiva mencionava os pontos fracos da defesa das muralhas de Damasco, acrescentando estar oferecendo essa informação ao imperador para ajudá-lo a capturar a cidade. Depois disso, o soberano bizantino conseguiu um modo de fazer a carta chegar às mãos do califa de Damasco.
Indignado ao tomar conhecimento do conteúdo da missiva, o califa recusou-se a crer na inocência de São João Damasceno. Não só demitiu-o do conselho, mas ainda ordenou que fosse decepada a mão que tinha escrito a carta, e que essa mão fosse ostentada num local bem visível da cidade, para que todos tomassem conhecimento do que ocorria com os traidores, mesmo que fossem íntimos do califa. Alguns dias depois, ordenou que devolvessem a mão para São João, a fim de que ele se lembrasse sempre da traição que cometera.
São João Damasceno pediu insistentemente à Santíssima Virgem que lhe devolvesse o uso de sua mão, pois sabia ser sua vocação escrever vigorosamente em defesa da Igreja católica. Adormeceu, e ao acordar ouviu uma voz feminina que lhe dizia: “Estás curado, podes voltar a utilizar tua mão!”. Percebeu então que Nossa Senhora o tinha sanado, e novamente podia usar as duas mãos.
Origem das “três mãos”
“Igreja da Bem-aventurada Virgem das Três Mãos. Ela é a protetora do inocente que foi condenado injustamente, e contra o qual um pecado foi cometido. Você pode relatar seu problema e colocar a carta nesta abertura. Um sacerdote vai rezar para que seu problema seja solucionado”.
Como bem se pode supor, a notícia correu pela cidade. Quando tomou dela conhecimento, o califa ordenou que levassem São João à sua presença. Ao verificar que de fato voltara-lhe a mão, entendeu que fora enganado, e ofereceu ao santo retornar ao seu antigo posto de conselheiro. Mas São João tinha outros planos muito mais altos, e decidiu tornar-se monge no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Antes de partir, vendeu todos os seus bens, e com eles comprou prata, com a qual mandou esculpir a mão em posição de súplica e agradecimento. Colocou-a na parte inferior de um ícone da Santa Virgem, que ele venerava, o qual passou desde então a ser conhecido como Virgem das Três Mãos.
Conhecendo a história da imagem, bem como das perseguições sofridas pelos católicos ucranianos, é fácil entender o motivo de sua igreja ter como padroeira a Virgem Santíssima com essa invocação. Ela simboliza perfeitamente não só a injustiça e a violência sofridas, mas também o triunfo inesperado e glorioso. É especialmente tocante o fato de aqueles católicos, tão injustamente perseguidos, desejarem rezar por todos os que se encontram na mesma situação. Pois hoje em dia, quando estadeiam impunemente tantos vícios na sociedade, não é de admirar que se acumulem as injustiças.
Não estou me referindo aos exageros apregoados como injustiças por demagogos da esquerda, mas sim aos abusos e violências sofridos por pessoas inocentes dos crimes a elas atribuídos. Pior ainda, muitas vezes os crimes de que são acusadas constituem na verdade atos heróicos. Por exemplo, pessoas acusadas de obstrução da justiça, quando sua intenção é evitar um aborto, ou seja, um assassinato. Ou então, pais de família que desejam evitar a perversão de seus filhos, e são caluniados e acusados como tiranos.
Muitas vezes não estará a nosso alcance evitar tais perseguições injustas e até violentas. Mas sempre é possível agir como nossos irmãos ucranianos e rezar à Virgem das Três Mãos, para que proteja quem foi injustamente acusado e faça um dia resplandecer — até por meio de um milagre, se for necessário — a inocência caluniada e vilipendiada."

Fontes:
Catolicismo.
http://portalcot.com/reporter/nossa-senhora-das-tres-maos-2/
http://portalcot.com/reporter/wp-content/uploads/2010/01/tres-maos-nossa-senhora.jpg