domingo, 28 de fevereiro de 2010

“Transfiguração, um dos momentos mais sublimes de Jesus.”



Este acontecimento, a transfiguração de Jesus, é narrado nos três Evangelhos Sinóticos. Vários elementos do Batismo de Jesus são retomados nesta narrativa. Jesus é proclamado “Filho amado”.
À primeira vista, a transfiguração foi um meio usado por Jesus para persuadir os apóstolos a crer e confiar Nele, confirmando-os na fé. Não parece ter muito a ver com nossa vida quotidiana. Os apóstolos conviveram com Jesus, mas a rotina da vida os impedia de ver em profundidade a pessoa Dele. Mas, naquele momento, tudo se revelou a eles.
O Evangelho é também um livro de profecia para nós. Estamos ali previstos e descritos. Mas, como os apóstolos, estamos habituados à nossa vida diária, à sucessão de episódios, à rotina de nossa fé, às nossas orações, a uma existência sem emoção e sem vida com Deus.
Por isso precisamos de oração e serenidade para ver em profundidade. Somos responsáveis pelas nossas transfigurações. Toda pessoa é uma expressão concreta do amor e do coração de Deus. Toda criatura humana é filha de Deus, e para todos Cristo é a luz que ilumina cada coração humano.

Fontes:
Agenda Bíblica 2010 – Domingo da Transfiguração do Senhor, 28/02/10.
http://www.cartage.org.lb/en/themes/arts/painting/religious-paint/icon-paint/subjects/transfigur/thtran.jpg

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Medjugorje, 25 de Fevereiro de 2010

 “Queridos filhos !
Neste tempo de graças, enquanto a natureza se prepara para oferecer as mais belas cores do ano, eu os convido, filhinhos :
Abram seus corações a Deus, o Criador, a fim de que Ele os transforme os molde à Sua imagem, para que todo o bem, que cochilava nos seus corações, desperte numa vida nova, e num ardente desejo de eternidade.
Obrigada por terem atendido ao meu chamado. ”

Palavra de Ordem
Desejo ardente de eternidade – estas palavras ressoam em nosso íntimo e evocam a nostalgia da Criação que já estaria terminada. A Criação ainda está inacabada, e todas as suas belezas, suas cores, a bondade que cochila no coração do Homem nos recordam que somos criadores com o Criador, que a eternidade começa já neste mundo e que somos convidados a viver, no momento presente, as realidades do mundo que virá, como dizia Santa Teresa: “Eu tenho apenas o hoje.”
Que Maria venha em nosso auxílio, que os Céus nos ajudem para que venha *uma nova Primavera para a Igreja.

Ephraïm

*No hemisfério Norte; no hemisfério Sul, virá o Outono, mas devemos compreender como o renascimento e o florescimento da nossa vida espiritual (N.T.).

Tradução e Adaptação:
Litanie Marie Sorel

Fontes:
E-mail enviado por marie.de.la.paix@wanadoo.fr
http://riodedeus.over-blog.com/article-medjugorje-le-25-fevrier-2010-45717848.html
http://www.mariereine.com/image.php3?id=903

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Eucaristia



A palavra Eucaristia vem do grego e significa “ação de graças”: louvor, ação de graças oferecida a Deus. Os cristãos, particularmente, designam através desta palavra a ação de graças feita por Jesus no momento da Santa Ceia, última refeição do Senhor com Seus discípulos. Os cristãos se reúnem para celebrar Jesus morto e ressuscitado, para associar à Sua vida nova todos aqueles que Dele comungam na fé.
A Eucaristia é o terceiro Sacramento de iniciação cristã, e o único realizado pelo próprio Jesus, que a instituiu durante a Ceia. Este gesto é especialmente comemorado na celebração da Quinta-feira Santa, quando Cristo Se oferece a Seu Pai.
A Eucaristia reestrutura a vida cristã, é uma referência, é o “respirar” na vida espiritual. É uma atualização da Páscoa e não a sua repetição, nem meramente uma simples lembrança. A Eucaristia, ou a Missa, é uma recordação (o reviver) da Última Ceia, da morte e da ressurreição de Jesus Cristo.
A Eucaristia é “fonte e ápice de toda vida cristã” (LG 11). “Os outros Sacramentos, bem como todos os ministérios eclesiais e as tarefas apostólicas, estão todos ligados à Eucaristia e a ela estão submetidos. Pois a santa Eucaristia contém todo o tesouro espiritual da Igreja, quer dizer, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (PO 5).
 “A Eucaristia simboliza e concretiza a comunhão de vida com Deus e a unidade do Seu povo, pelas quais a Igreja pode ser ela mesma. Na Eucaristia está o ápice da ação pela qual, em Cristo, Deus santifica o mundo, e do culto que no Divino Espírito Santo, os homens rendem a Cristo e, através Dele, ao Pai” (CdR, instr.) “Eucharisticum mysterium”
Enfim, pela celebração eucarística nós já nos unimos à liturgia celestial e nos antecipamos à vida eterna, quando Deus será tudo em todos (cf. I Co 15, 28). Assim, a Eucaristia é o resumo e a súmula da nossa fé: “Nossa maneira de pensar está em conformidade com a Eucaristia, e a Eucaristia, por sua vez, confirma nossa maneira de pensar” (Santo Irineu, hær. 4, 18, 5).

Tradução e Adaptação :
Litanie Marie Sorel

Fontes :
Catéchisme de l’Eglise catholique – Site du Vatican
http://lorguesparoisse.wordpress.com/2009/11/08/eucharistie/
         http://haute-ajoie.isuisse.com/eucharistie.jpg

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O que é um Altar?

Altar em calcário branco de uma igreja em estilo românico, construída por monges Cistercienses 
no início da Idade Média, em Avenas, vilarejo próximo a Lyon, França.

A palavra latina altare, que significa « altar », vem da raiz altus, que quer dizer « elevado ». Originalmente, o altar é o lugar elevado que faz a união entre Deus e o mundo. As montanhas e as colinas são, por isso, os lugares privilegiados onde se constroem edifícios sagrados; Deus desce e o homem sobe: “Inclinai, Senhor, os vossos céus e descei, tocai as montanhas para que se abrasem” (Sl 143, 5).
Algumas vezes, também, uma pedra caída do céu – um meteorito ou um aerólito – está na origem de algum culto local (é o caso de da Pedra Negra, em Meca). Mesmo que um altar possa ainda designar o todo de um lugar de culto – os Orientais guardaram este costume –, ele acabou se tornando o centro desse lugar: a mesa onde se oferece a Deus o Seu alimento. Colocar alimentos nesta mesa de pedra significa colocá-los nas mãos de Deus; cozinhá-los significa enviá-los ao céu, para que Deus sinta seus perfumes agradáveis (cf. Gn 8, 21). Mesa onde as oferendas “passam” para o domínio do Sagrado, do Divino. O altar “participa” da santidade de Deus; é por isso que ele não é acessível a todos: somente os sacerdotes, habitualmente, podem se aproximar dele (cf. Ex 29) com gestos de veneração, como por exemplo, beijá-lo ao iniciar a liturgia da Missa.

Mesa do holocausto onde a vítima parte, através da fumaça, rumo a Deus, o altar é também a mesa onde Deus e a comunidade dos fiéis partilham os alimentos, em sinal de comunhão. O alimento vindo de Deus Lhe é restituído, e a parte que retorna ao homem (ou que permanece) é plenamente reconhecida como sagrada. Deus e o homem comungam da mesma vida: são convivas. Quando da conclusão da Aliança no Monte Sinai, uma parte do sangue das vítimas sacrificadas é derramada sobre o altar, que representa Yahvé, e a outra parte é derramada sobre o povo. Graças ao sacrifício, Deus e o homem tornam-se consangüíneos (cf. Ex 24). Na nova Aliança, Cristo é ao mesmo tempo altar, enquanto Deus; vítima; e sacerdote, enquanto homem. Como diz o quinto Prefácio Pascal: “Quando Ele entrega Seu Corpo sobre a Cruz, todos os sacrifícios da antiga Aliança são concluídos; e quando Ele Se oferece pela nossa salvação, Ele é ao mesmo tempo o altar, o sacerdote e a vítima.”

Quando um altar é consagrado, o sacerdote faz cinco cruzes com o Santo Óleo, como unção (uma no centro do altar e as outras em cada um dos quatro cantos). Este gesto transforma uma simples pedra um símbolo de Cristo, que o Pai ungiu com o Espírito Santo. O altar também é incensado pelo sacerdote, simbolizando o sacrifício de Cristo, que Se ofereceu a Seu Pai em sacrifício de agradável odor (Ef 5, 2), bem como as orações dos fiéis, inspiradas pelo Espírito Santo. As toalhas utilizadas sobre o altar manifestam que ele é a mesa da Ceia Eucarística, onde Deus e o homem comungam, não mais no sangue das vítimas animais, mas no Sangue do Verbo encarnado, morto e ressuscitado.
A luz das velas que cercam o altar evoca Cristo que é “luz das nações” (Lc 2, 32). Sob a mesa do altar, coloca-se, no sepulcro que lhes é preparado, as relíquias dos santos (quando há): isso significa a manifestação da unidade do sacrifício oferecido pela Cabeça e pelos membros do Corpo místico. Nas nossas igrejas, o altar onde se renova o único sacrifício da nova Aliança, é o centro de convergência de todo o edifício. Para melhor manifestar sua dignidade intrínseca, recomenda-se não deixar a reserva Eucarística sobre ele. Além das atitudes de adoração que se deve fazer ao Santíssimo Sacramento (genuflexão), o altar, mais do que a cruz, deve receber os mesmos gestos de veneração dos fiéis (inclinação).
O beijo dado no altar pelo sacerdote, no decorrer da missa, é uma marca de veneração e de comunhão. O altar, o sacerdote e a Eucaristia são, em níveis diferentes e complementares, os símbolos de Cristo. Apenas são consagrados os altares fixos. Um altar móvel é abençoado pelo bispo ou pelo sacerdote responsável pela paróquia em que se encontra; não se coloca sob ele as relíquias dos santos.

Tradução e Adaptação:
Litanie Marie Sorel

Fontes : :
http://www.liturgiecatholique.fr/Qu-est-ce-qu-un-autel.html
http://commune.avenas.free.fr/img/autel_01.jpg

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

“Jesus perdoa e salva por intermédio dos homens.”

(Cátedra de São Pedro, Festa - Ev.: Mateus 16, 13-19)
Os cristãos podem ver no comportamento passado de Jesus, como nos é transmitido no Evangelho, o Seu modo atual de agir na Igreja. A presença salvífica do Ressuscitado na Igreja não se revela no exterior das pessoas, mas nos sinais que Ele mesmo deixou. É por meio de homens, na comunidade, que Jesus continua a perdoar e a salvar.
No Evangelho, Pedro participa do mesmo poder de Cristo, que, por Seu intermédio, quer continuar com Sua presença visível. No entanto, é preciso desenvolver uma verdadeira educação para a fé, para que não haja dúvida da eficácia e da presença do Ressuscitado.
Como a pessoa de Jesus Se encontra na origem do grupo dos discípulos, constituídos em “família de Deus”, assim Sua presença de Ressuscitado atua na Igreja como comunhão de irmãos que têm o único e mesmo Pai.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZBOvLFz03d7SjfDKBXhrG2bqBxEd_fvxwPIel9iU6AG6RupidzXjE4TB0PLvM6wGU9ol0ZA4nyK1FgP_VweLRLGE03GtiF9nL6-q3XEwCPoVNTRHe-ggSZrWsyoQ5AQrdp8mWyVMgtVwD/s1600-h/Cattedra_di_San_Pietro_Apostolo.jpg

“O Reino de Deus está aqui.”


O primeiro Domingo da Quaresma começa com um chamado à conversão. Isso significa que devemos nos esvaziar das falsas riquezas e valores, que podemos “crescer” de acordo com os verdadeiros valores cristãos. A conversão não é apenas desembaraçar-se dos pecados, dos vícios e de todas as formas de egoísmo; converter-se é ficar cheio de esperança e de amor por Deus, com senso de justiça, compaixão e generosidade.
Jesus foi tentado de fato. Suas tentações se resumiam à insidiosa tentativa de fazê-Lo infiel à missão que o Pai Lhe confiara.
O povo de Israel não suportava as tentações e as provações no deserto. Esquecendo-se rapidamente do Deus pascal, o Deus libertador da escravidão, sucumbiu à idolatria. Jesus, ao contrário, vence as tentações. E não Se serve de Suas prerrogativas especiais, mas se submete à vontade do Pai: desempenha Sua missão na pobreza, na humildade, no sofrimento, nas recusas e contestações de muitos.
Também nós somos submetidos às tentações de infidelidade à missão que nos foi confiada como seres humanos e como batizados. Estamos ameaçados de nos acomodarmos aos princípios deste mundo, a seus valores materiais, à segurança que nos proporciona o dinheiro, à satisfação que nos dá o poder, descuidando dos valores do Reino que são a verdade, a justiça, o amor e a paz.

Fontes:
Diário Bíblico 2010, Ed. Ave-Maria.
http://ultimeavis.over-blog.com/categorie-10921550.html

O Senhorio de Cristo

A liturgia de hoje nos leva ao deserto com Jesus. É significativo notar que, logo depois do Batismo nas águas do (Rio) Jordão, Jesus é conduzido pelo Espírito às areias do deserto, para ser tentado pelo demônio. Lá, sem que suspeitasse, Satanás vai experimentar sua mais monumental e notável derrota quando Jesus, fiel e obediente ao Pai, demonstra verdadeiramente que é o Filho Bem Amado a quem devemos escutar.
Já foi dito que a maior vitória de Satanás é fazer-nos crer que ele não existe. Que o demônio existe e que é mais do que um simples princípio ou a soma do mal humano, é verdade de fé: basta ver a realidade do mal que tantas vezes nos deixa perplexos. É o mistério da iniqüidade: um mal que não se explica unicamente a partir do homem, mas que o precede, como vemos no Livro do Gênesis: no relato do pecado original é a serpente que toma a iniciativa de tentar os nossos primeiros pais.
Com isso, não afirmamos que Deus e o demônio sejam dois princípios paralelos e eternos que se contrapõem, como afirmam as religiões dualistas. Nada disso! Satanás é um ser criado por Deus e que, como toda criatura, só existe por livre deliberação de Deus, o Criador. Optando pela desobediência, escolheu o caminho errado que o levou a ser a mais infeliz das criaturas por si mesmo, do que ser a mais feliz unicamente por Deus.
Evidentemente, não se trata de reincidir em erros do passado quando os povos viam em tudo a presença do demônio, confundindo desde fenômenos naturais e distúrbios psíquicos e emocionais com ações demoníacas. Isso daria lugar a uma crença que enalteceria a sua ação, gerando um culto do medo tantas vezes propagado por certas pregações de certas seitas religiosas, que acabam por se transformar em exaltação indevida a Satanás. Como diz Santo Agostinho, “o demônio é como um cão acorrentado que urra e faz muito barulho, mas que só pode morder aquele que dele se aproxima”.
Com esta reflexão, a liturgia quaresmal quer, desde já, nos levar ao coração da Vigília de Páscoa quando, diante da pia batismal, renovaremos nossa escolha pelo Reino de Deus, renunciando a Satanás e a seu reino da iniqüidade. Por isso, desde já, neste primeiro Domingo da Quaresma, a Igreja nos exorta a uma opção radical pelo senhorio de Cristo. Ele, que é o centro do relato evangélico de hoje, deve ser o centro de toda a nossa vida. Sua Palavra é a nossa arma na libertação de todo o mal.
Que a Eucaristia, a “Arma das armas”, nos ajude nesta peregrinação quaresmal rumo à Páscoa do Senhor Jesus.

Fontes:
Folheto "A Missa", 21/02/10, 1º Domingo da Quaresma.
http://www.ictusvoyages.com/share/pack/imagespro/1951/maroc%20randonnee%20trekking%20desert%20retraite%20spirituelle.jpg

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

“A penitência cristã.”


Essa temática do jejum é narrada pelos três primeiros Evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas, que são os Sinóticos.
A penitência cristã, em si mesma, não tem grande valor. Ela só o adquire na medida em que expressa uma conversão do egoísmo à imitação do amor pela salvação, como fez Jesus.
No Evangelho de hoje, devemos atentar para o fato de que não somos aqueles que “inventamos” os atos de penitência; foi Jesus quem nos chamou para eles.
O sentido do jejum de que fala o texto é, acima de tudo, uma renúncia aos velhos conceitos, às velhas mentalidades de vida que impedem a libertação daquilo que não nos faz ver Deus.
A resposta de Jesus aos discípulos de João dá para entender que o tempo inaugurado por Ele é um tempo de alegria. Sua presença dá sentido ao momento que os discípulos estão vivendo. A salvação é oferecida como dom aos homens.
A frase que aparece no final do texto: “Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então eles jejuarão” tem como finalidade distinguir entre o tempo da presença de Jesus e o tempo sucessivo à Sua morte.

Fonte:
Diário Bíblico 2010 – Ed. Ave-Maria.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O que é a Quarta-feira de Cinzas?


A Quaresma - Jovens Vaudois Católicos
17 de fevereiro de 2010

O que é a Quarta-feira de Cinzas? Uma celebração como qualquer outra? Por que uma quarta-feira? Qual é a simbologia das cinzas?
A Quarta-feira de Cinzas marca o início oficial da Quaresma e do Tempo Pascal. Esta celebração pode cair em qualquer quarta-feira entre os dias 4 de fevereiro e 10 de março, em função da data da Páscoa.

As Cinzas

As cinzas que provêm dos ramos do ano anterior, queimados para a ocasião, são colocadas na fronte dos fiéis. Este costume de cobrir a cabeça com cinzas – e, originalmente, de se vestir com um saco – é uma prática penitencial muito antiga, que remonta ao povo hebreu (Jn 3,5-9 ; Jr 6,26 ; 25, 34 ; Mt 11,21).

Do início do cristianismo ao Século VII

Nos primórdios do cristianismo, este rito das cinzas não era diretamente associado ao início da Quaresma. Por volta do ano 300, ele foi adotado por algumas Igrejas locais e integrado ao rito de excomunhão temporária ou de expulsão de malfeitores da comunidade, ou seja, pessoas que eram culpadas de pecados ou escândalos “maiores”, como apostasia, heresia, assassinato e adultério, considerados como pecados “capitais”.
Por volta do Século VII, este hábito deu lugar, em determinadas Igrejas, ao rito público da Quarta-feira de Cinzas. Primeiro, os fiéis confessavam seus pecados em particular. Depois, eles eram apresentados ao bispo e apresentados publicamente como penitentes. Eles deviam, então, se preparar para receber a absolvição dada na Quinta-feira Santa. Depois da imposição das mãos e das cinzas, eles eram afastados da comunidade, como Adão e Eva haviam sido expulsos do Paraíso. Logicamente, lhes era lembrado que a morte é a conseqüência do pecado: “Tu és pó, e ao pó retornarás” (Gn 3, 19). Os penitentes viviam separados de suas famílias e do resto da comunidade cristã durante os quarenta dias da Quaresma (daí a expressão “quarentena”).
O “saco” que eles haviam vestido e as cinzas com as quais estavam cobertos faziam com que fossem reconhecidos nas assembléias ou, mais freqüentemente, nas portas das igrejas. Esta prática penitencial implicava geralmente em se abster de carne, de álcool e de banho. Era-lhes igualmente proibido cortar os cabelos, barbear-se, ter relações sexuais e trabalhar. Segundo as dioceses, algumas penitências duravam vários anos, ou mesmo a vida inteira.

 

Na Idade Média

Durante a Idade Média, a dimensão pessoal do pecado, torna-se mais visada que seu caráter público. Conseqüentemente, as tradições associadas à Quarta-feira de Cinzas passaram a ser aplicadas a todos os adultos das paróquias, mas de uma forma adaptada. No Século IX, as práticas em uso eram muito semelhantes às que conhecemos hoje. Há alguns anos, existe uma alternativa à fórmula tradicional para a imposição das cinzas, evidenciando um aspecto mais positivo da Quaresma: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).
Nas Igrejas da Bretanha insular e da Irlanda, uma nova modalidade penitencial se desenvolveu entre os Séculos VI e VIII, sob a influência dos monges celtas. Tratava-se de uma forma de penitência pessoal e privada para os pecados menos graves que os supra-citados. Esta prática, mais que um rito da Quarta-feira de Cinzas, iria contribuir para a evolução das diferentes modalidades do Sacramento da Reconciliação (Confissão).

Hoje em dia
Como todas as festas do ano no calendário cristão, a Quarta-feira de Cinzas ocorre tendo como referência a Festa das festas: a Páscoa, quando celebramos a morte e a ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Páscoa é uma festa tão importante que é celebrada durante cinqüenta dias (Pentecostes) e precedida por um tempo de preparação de quarenta dias (Quaresma). Esta preparação é um tempo de caminhada espiritual, inteiramente orientada para a Páscoa, destinada aos que se preparam para serem batizados na Vigília Pascal, bem como a todos os fiéis. É um tempo marcado pelo jejum (ou privação de algo que se gosta muito), pela oração e pela partilha (caridade, solidariedade), não somente como práticas a serem observadas o mais discretamente possível, como o próprio Cristo nos diz em Mateus 6,16-18:Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.” Isto torna a caminhada espiritual mais legítima. A duração de quarenta dias está relacionada aos quarenta dias que Jesus passou no deserto, precedendo Sua vida pública, que por sua vez se relacionam simbolicamente aos quarenta anos da travessia dos Hebreus pelo deserto, antes de entrarem na Terra Prometida.
Para vivermos os quarenta dias de jejum e privação – exceto os domingos, que são sempre dias de festa e de ressurreição, mesmo no Tempo da Quaresma – que o início desta foi instituído para uma quarta-feira. As cinzas evocam a fragilidade humana (cf. Gênesis 3, 19: “Lembra-te que és pó...”), e o pecado (cf. Sabedoria 15, 10; Ezequiel 28, 18; Malaquias 3, 21) e seu arrependimento (cf. Judite 4, 11-15; Ezequiel 27, 30). Para os cristãos, a imposição das cinzas é, antes de tudo, um rito penitencial cujo significado está presente na frase que o sacerdote pronuncia fazendo o sinal da cruz na fronte dos fiéis: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15).

Fontes:
Guide des traditions et coutumes catholiques, pp 138-140
http://www.pasaj.ch/qu-est-ce-que-le-mercredi-des-cendres-article982.html

domingo, 14 de fevereiro de 2010

O segredo de ser feliz


Nosso domingo é marcado com um dos textos mais impressionantes da fé cristã: as bem-aventuranças que São Lucas, ao contrário de São Mateus que o chama de Sermão da Montanha, denomina de Sermão da Planície.
Enquanto Mateus escreve para judeus convertidos – mostrando Jesus como um novo Moisés a anunciar da montanha, como um mestre de Israel, a Constituição do novo povo de Deus –, Lucas, o cantor da misericórdia, escreve para os pagãos convertidos, põe-se no lugar dos ouvintes vendo Jesus como um Deus bondoso, que se coloca ao lado dos pecadores.
Muito já se falou das bem-aventuranças. Mahatma Gandhi ficou maravilhado com Jesus ao ouvir esta que é uma das páginas mais belas do Evangelho. Hoje, no entanto, gostaríamos de meditar sobre o contraponto das bem-aventuranças. Quando o Senhor diz: “Ai de vós...” Mais do que uma maldição, esta palavra exprime a compaixão de Jesus: Ai de vós, que vos apegais aos bens que passam, em detrimento dos que não passam, que se preocupam mais com os interesses passageiros, que invertem a escala de valores, esquecendo-se de tudo e de todos, entrando no caminho do egoísmo, escravizados à própria riqueza, colecionando aduladores e interesseiros ou subservientes, sem a certeza de terem amigos e companheiros. Coitados de vós, diria Jesus, que enveredais pelo egoísmo, que vos fechais à fraternidade e à solidariedade, e que buscando o próprio interesse, já não conheceis mais a alegria de servir, doar-se, e da gratuidade do amor desinteressado.
O Evangelho de hoje é um convite a revermos nossas escalas de valores, não permitindo que a riqueza, o orgulho, a vaidade, a avareza, a inveja, o desânimo se instalem em nosso coração, tornando-nos escravos de um dono que não nos conduz à felicidade.
Que a oração da Missa de hoje nos sirva de inspiração para a nossa vida: “Ó Deus, que prometestes habitar nossos corações sinceros e retos, dai-nos, por Vossa graça, viver de tal modo que possais habitar em nós.”


Fonte:
Folheto “A Missa”14/02/10, 6º Domingo do Tempo Comum.

Encontros II

"Foram, sobretudo, filósofos judeus como Martin Buber e Franz Rosenzweig que refletiram sobre o mistério do encontro. Para Martin Buber, é o encontro com outro ser humano e o encontro com Deus o pressuposto essencial para o indivíduo encontrar-se, para que possa descobrir sua própria identidade. Sua frase mais célebre é esta: 'Torno-me eu no tu' (Ich werde am Du)."


Fonte:
Anselm Grün, ABC da Arte de Viver – Despertar o Encontro, Ed. Vozes, pgs. 17-18.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Encontros I

“Por causa do encontro com o Anjo, Maria se põe a caminho de sua prima Isabel (Lc 1, 39s). Ela agora se torna o próprio anjo que desperta nova vida em Isabel. Lucas mostra, num lindo quadro, o que pode provocar em nós um encontro bem-sucedido. No ventre de Isabel ‘a criança pulou’: Isabel revive, ela sente a si mesma, ela sente o novo, o autêntico, o espontâneo. No encontro com outra pessoa entro em contato com meu verdadeiro ser, com a imagem única e genuína que Deus fez de mim para  Ele.”


Fonte:
Anselm Grün, ABC da Arte de Viver – Despertar o Encontro, Ed. Vozes, pgs. 17-18.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Avance para as águas mais profundas e lance as redes

O Mar da Galiléia é um lago de água doce, medindo cerca de 12 km de extensão e 6 km de largura, situando-se a 200 m abaixo do nível do mar, tendo 60 m de profundidade. A pesca é a principal atividade local. Esse mar é cercado por altas colinas. A grande diferença entre a atmosfera perto da água e a do alto acaba gerando violentas tempestades, narradas no Livro dos Números 34, 11, onde o Mar é chamado de Kinnéreth (do hebraico “Kinnor”, harpa pequena). O Novo Testamento menciona os lagos de Genesaré e de Tiberíades, bem como o Mar da Galiléia. As pregações de Jesus ocorrem às margens desses lagos.
Segundo Mateus, Marcos e Lucas, Jesus chamou Seus primeiros discípulos convidando-os a largar seus barcos de pesca no Mar da Galiléia. Este curso d’água era uma fronteira natural entre o lado judeu, a Oeste, e o dos Gentios, a Leste. Jesus cruza inúmeras vezes o Mar da Galiléia, segundo o Evangelho de Marcos. Essas travessias fazem deste Mar uma ponte entre os Judeus e os Gentios, graças às pregações e às curas realizadas por Jesus.
No Novo Testamento, o mar representa o momento da conversão. No mar, nada acontece de maneira normal, mas sempre abruptamente, de modo maravilhoso ou muito difícil. Os milagres mais espetaculares de Jesus ocorrem no Mar da Galiléia. Marcos 4, 35 nos conta a passagem em que Jesus acalma a tempestade e as fortes ondas que ameaçavam a vida dos discípulos. Em Marcos 6, 45, Jesus caminha sobre as águas deste lago e se revela como “Aquele que É”. Em João 21, podemos ler a emocionante cena do almoço logo após a ressurreição, quando Jesus confia a Pedro o Seu rebanho, após este discípulo fazer sua profissão de fé.  

Jesus é aceito por Simão Pedro e seus companheiros
O Evangelho do 5º Domingo do Tempo Comum (Lc 5, 1-11), que também é citado também em Marcos 1,16-20, narra o fato ocorrido no mar; Marcos o situa imediatamente após a aparição de Jesus na Galiléia. Lucas utiliza este exemplo da aceitação de Jesus por Simão Pedro para “combater” a rejeição vivida pouco antes por parte dos habitantes de sua aldeia natal. Por causa dos inúmeros incidentes relativos ao poder e à autoridade de Jesus, já relatados na sua narrativa, Lucas cria um contexto plausível para que Simão Pedro e seus companheiros aceitem Jesus. Observa-se uma semelhança entre a pesca surpreendente, relatada em Lucas 4 e 5, e a aparição de Jesus após a ressurreição, em João 21, 1-11.
 O Evangelho do 5º Domingo do Tempo Comum (Lc 5, 1-11), que também é citado em Marcos 1,16-20, narra o fato ocorrido no mar; Marcos o situa imediatamente após a aparição de Jesus na Galiléia. Lucas utiliza este exemplo da aceitação de Jesus por Simão Pedro para “combater” a rejeição vivida pouco antes por parte dos habitantes de sua aldeia natal. Por causa dos inúmeros incidentes relativos ao poder e à autoridade de Jesus, já relatados na sua narrativa, Lucas cria um contexto plausível para que Simão Pedro e seus companheiros aceitem Jesus. Observa-se uma semelhança entre a pesca surpreendente, relatada em Lucas 4 e 5, e a aparição de Jesus após a ressurreição, em João 21, 1-11.
O texto de Lucas contém pistas indicativas de que o contexto pós-ressurreição (da pesca milagrosa) é original: em Lucas 4, 8, Simão Pedro se dirige a Jesus chamando-O de Senhor, título que Lhe foi atribuído após a Sua ressurreição – ver Lucas 24, 34; Atos 2, 36 (...). Segundo Lucas, o acontecimento prefigura a liderança de Pedro em Lucas e Atos (Lc 6, 14; 9, 20; 22,31-32 ; 24,34 ; At 1,15 ; 2,14-40; 10,11-18; 15,7-12) e simboliza o futuro sucesso de Pedro como “pescador de homens” (confirmado em Atos 2, 41).

Avance para as águas mais profundas
Na cena do Evangelho do 5º Domingo do Tempo Comum, Jesus ensina às margens do Mar da Galiléia, e a multidão se comprime para ouvi-Lo. Jesus avista a barca de Simão e entra nela, pedindo-lhe que se afaste um pouco da margem a fim de poder pregar. Ao terminar Sua pregação, Ele diz a Simão para avançar rumo às águas mais profundas e lançar suas redes. Simão é cauteloso: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos!...” (Lc 5, 5a), palavras cansadas de um veterano que sabe como o mar pode decepcionar. Mas há algo nesse Galileu que nos leva a obedecê-Lo. Então, Simão joga as suas redes.
A despeito da decepção com o árduo trabalho daquela noite, a vontade que Simão teve de seguir a sugestão de Jesus, lançar as redes em águas profundas, prepara o milagre que está para acontecer. Simão se deixa conduzir pelo grande poder de Jesus, e esta experiência se torna a base de uma promessa que lhe é feita. Mesmo se Simão, consciente de seu pecado e indigno de se associar a uma pessoa como Jesus, se deixa cair de joelhos (ante o Senhor) sendo, portanto, tranqüilizado por Jesus, que lhe promete: ele Simão Pedro, desempenhara o papel de reunir os seres humanos no Reino que Jesus veio estabelecer. E ele fará isso como um pescador que ajunta os peixes na sua rede.
O que se segue é a “pesca milagrosa” – um grande cardume, lotando as redes e a barca até a sua capacidade máxima. Pedro cai de joelhos em adoração diante deste personagem misterioso: “Afasta-Te de mim, ó Senhor, pois eu sou um homem pecador. Se Tu soubesses a quem Te diriges! Minha mente é estúpida e o meu coração, fraco. Sou um fardo para meus companheiros e um fiasco para os comerciantes. Afasta-Te de mim, pecador que sou!” Mas Jesus tranqüiliza o discípulo apavorado: “Não temas, Simão, doravante serão homens que tu pescarás.”
É mais ou menos como se Jesus dissesse ao desencorajado pescador Galileu: “Eu não te abandonarei. Eu sei quem tu és. Eu conheço o teu passado, que não tem importância alguma para Mim. Eu preciso das tuas mãos, dos teus pés, do teu coração e de toda a tua vida. Há esperança para ti! Eu lancei minhas redes no mar, e tu és o meu melhor ‘peixe’. Veja como a rede está rompida e a barca começa a afundar. Tu trabalhaste e lutaste durante anos a fio, sem esperança. Agora, venha trabalhar Comigo. Eu te ensinarei a caminhar sobre as águas, a lançar uma rede de luz nas águas sobre os abismos. Não temas, pois Eu estou contigo.”

Um irresistível chamado a uma vida nova
Nos trechos de Marcos 1, 16-20 e Mateus 4, 18-22, os pescadores que seguem Jesus deixam suas redes e seu pai; em Lucas, eles deixam tudo (ver também: Lc 5,28; 12,33; 14,33; 18,32), o que representa uma indicação do tema abrangido por este Evangelista: abandonar completamente os bens materiais. O fato de ser discípulo representa um chamado poderoso, irresistível, a uma vida nova: um chamado fora do comum, das frustrações, das necessidades novas. Jesus mesmo vai chamar Seus discípulos a serem “pescadores de homens”, a se engajarem no combate nas águas turbulentas do mar que é, ao mesmo tempo, fonte do seu bem-estar e do seu alimento, e um mistério, uma ameaça  e um caos, esse mar que pode tirar-lhes a vida e que também pode alimentá-los.
Jesus subiu na barca de Pedro para ensinar à multidão; e da barca de Pedro, a Igreja, Ele continua a ensinar ao mundo inteiro. Em determinados momentos da história da Igreja, e talvez da nossa própria história, pode parecer que a luz do Espírito Santo se apagou e que Jesus não está mais conosco, na nossa barca. Mas sejamos honestos: precisamos perceber que a chama do Espírito Santo nunca se extingue. O Senhor sempre esteve conosco. A Igreja avança, salvando almas e caminhando até o porto final. Neste Reino bendito, para além dos mares desta vida, todas as coisas que ameaçam a vida da Igreja e do mundo um dia desaparecerão definitivamente.
Estamos todos no mesmo barco, juntamente com o Senhor. Podemos confiar no Senhor que nos indica o caminho, que nos conduz ao nosso objetivo e que alimenta as nossas almas durante todo o trajeto. Sem dúvida encontraremos problemas (e muitos), pois haverá dias em que jogaremos nossas redes dia e noite e nada pescaremos.
Nesses momentos, precisaremos escutar o Senhor, como Pedro fez, e jogar nossas redes em águas mais profundas, pois a nossa fé é que será testada, não para ver se nós a professamos ou não, mas para ver se estamos mesmo prontos para fazer qualquer coisa com esta fé, e agir.
Nós não navegamos na Arca de Noé nem no Titanic. Estamos embarcados com Jesus. Lembro-me das palavras do irmão Luis de León, místico espanhol do Século XVI, que escreveu: “Quanto mais navegamos com Deus, mais descobrimos novos mares.” O Senhor jamais abandona aqueles que buscam a Sua misericórdia e o Seu perdão. Ele caminha sobre as águas. Ele acalma as tempestades. Ele conduz a barca em segurança e traz a grande pesca, ou seja, a grande festa aos que são convocados: a festa quotidiana do Seu Corpo e do Seu Sangue, nosso Alimento para a vida eterna.

Questionamentos pessoais
Quais foram os momentos principais da minha própria conversão? Terei ouvido um “chamado” a ser discípulo(a)? Quais as experiências ou as pessoas que, na minha vida, foram instrumentos de Deus para que eu pudesse me aprofundar na fé? Será que eu posso me identificar com os discípulos que estavam em alto mar? É possível ser um(a) discípulo(a) de Jesus, tendo experimentado a fraqueza e o fracasso?

Fonte:
http://www.seletlumieretv.org/blogue/?p=2288